sexta-feira, 11 de maio de 2007

Mais sobre o HPV: os limites da liberdade



O mapa americano ao lado mostra os estados em magenta onde foi aprovada a vacinação obrigatória para o papilomavírus para meninas entre 11 e 12 anos porque isso preveniria câncer de colo uterino. Em marrom, onde a proposta foi recusada e em verde onde há discussão. No momento há somente uma apresentação comercial, o Gardasil da Merck e, em breve haverá o Cervarix da Glaxo Smith Wellcome. Nessa semana, The New England Journal of Medicine - de onde esse mapa foi retirado - está debatendo (clique no título do post) a questão sob o ponto de vista ético, visto que o editorialista aceita a versão técnica do Center of Disease Control favorável à inclusão da vacina no calendário de imunização. Por sinal, decisão facilmente constestável novamente do ponto de vista técnico, vide o editorial - aqui reproduzido - da semana passada em JAMA. O debate que está florescendo nos Estados Unidos é sobre a liberdade dos pais em vacinarem ou não filhos e, principalmente da iniciação sexual. Porém, o mais importante é que ao contrário das reações históricas de todas as sociedades contra vacinas, nesse caso não porque exigir que a aluna confirme estar vacinada para algo que somente é transmitido sexualmente e, cujo impacto em outro indivíduo será remoto.

Explicando melhor com exemplos: (1) ao não vacinar seu filho contra sarampo - fato corriqueiro em famílias progessistas com médicos homeopatas nos anos 80 em São Paulo - esses pais colocaram de fato em risco a vida do filho e de seus colegas, porque o colega vacinado não necessariamente estava imunizado ( eficácia vacinal é de 95%), ou seja há risco de infecção mesmo em quem for vacinado. Por isso torna-se obrigatório reduzir a circulação de vírus na população infantil. Nesse caso, a imposição faz todo sentido, porque a sua liberdade não pode causar mal a terceiros, lembrando Stuart-Mill. (2) não vacinar uma menina para o papilomavírus aos 12 anos, não sigficará nada para a sociedade, para terceiros por vários motivos e, para ela própria. Por vários motivos, cujas variáveis, nem ela, nem os pais, nem niguém consegue estabecer, como ela se manterá virgem ou terá poucos parceiros ou mesmo infectada fará exames citológicos de prevenção ou uma enorme de chances outras. Lembro que o Gardasil cobre 70% dos tipos de papiloma associados ao câncer.

Ou seja há tantos condicionais, que há necessidade de se verificar quais são os grupo de "alta vulnerabilidade" e, aí sim atuar de forma decisiva e, obviamente com a força do estado aplicado a vacina gratuitamente.

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