sábado, 17 de outubro de 2009

Uma experiência interessante.

Interessante foi a palavra mais utilizada nesse blogue para valorizar notícias.
Mas, desde 01 de maio esse blogue não foi atualizado e, provavelmente não será nos próximos meses até que se consiga criar uma nova estrutura que garanta ao mesmo tempo amplitude e profundidade dos temas abordados.
O blogue tinha uma audiência entre 200-300 internautas por dia, pouco se comparado a outros, mas atingia exatamente o público a que se destinava: imprensa, formadores de opinião e acadêmicos.
Parei o blogue porque:
(1) falta de tempo:
porque não assumir que esse é o nosso maior problema e deixar de culpar tudo e a todos?
(2) controle de qualidade deficiente:
Erros de digitação e de concordância que me irritavam.
mas, principalmente a insatisfação em não conseguir conferir a fundo várias informações veiculadas;
(3) contradição entre a atividade acadêmica e a liberdade de expressão:
Parece uma bobagem imensa a frase acima, mas estar na Universidade, no meio científico implica controlar-se o tempo inteiro, limitar sua expressão ao mínimo para evitar revides contundentes.
Sempre tentei ser o mais transparente possível nas relações com a indústria e governo, mas como ser "independente" com tantos compromissos assumidos - de forma legal e legítima - tanto com o poder público como com empresas?
A proposta que lanço a quem se interessar é criar uma página eletrônica com conteúdo jornalístico acompanhado de blogues com diversidade de opiniões, onde o Blog do Paulo Lotufo, poderá retomar suas atividades.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O caso Vioxx e autores fantasmas: quase dez anos de história

O caso Vioxx já deu muito o que falar. Um medicamento excelente para uso por curto período, o rofecoxib, foi empurrado goela abaixo para uso crônico pelo fabricante. No Brasil, Vioxx pela Merck-Sharp Dohme. O artigo inicial publicado em novembro de 2000 chamado VIGOR mostrava a que o rofecoxib e, um medicamento tradicional, naproxeno eram tão efetivos quanto no tratamento da artrite reumatóide. Mas, os efeitos gastrointestinais eram raros no grupo que usou o rofecoxib. Inicou-se a febre Vioxx..
Menos de um ano após a publicação, uma revisão dos próprios dados do VIGOR e de outros dois menores apontava o risco maior de infarto do miocárdio.
A empresa abafou o fato de acordo com a capacidade de reação de cada comunidade acadêmica.
Para isso publicou um artigo na revista Circulation contradizendo a análise que apontava risco.
Hoje, publica-se extensa reportagem - impossível de reproduzir aqui - sobre o processo de montagem do artigo e, da escolha de um professor da Tufs University que seria um autor fantasma. O link da reportagem é http://www.theheart.org/article/965721.do#bib_3

terça-feira, 28 de abril de 2009

O governo do Irã é mais do que está na imprensa

Entidades médicas e ONG de ação contra a aids bem que poderiam enviar uma moção ao presidende do Irã na visita que fará ao país.
Treating AIDS is NOT a Crime
Drs. Kamiar and Arash Alaei are well-known Iranian HIV/AIDS physicians who have made breakthroughs in harm reduction and stood up for the health and human rights of the people of Iran. Instead of being rewarded for their groundbreaking work, they’ve been thrown into prison in Iran—and they need your help.
The Alaeis were tried on charges of with communicating with an enemy government in late 2008, and in January 2009 were sentenced to 3 years (Kamiar) and 6 years (Arash) in Tehran’s notorious Evin prison. Their crime: practicing good medicine and sharing public health knowledge with colleagues across the globe—including in the US.
Their arrest robs the world of two great physicians and has a chilling effect on public health dialogue and diplomacy worldwide.
Help free the Alaeis: Take action on May 12, the Global Day of Action fo

terça-feira, 21 de abril de 2009

The Economist: Health Care and Technology

The Economist nessa edição (18 a 24 de abril) traz um encarte com 14 páginas sobre o tema Assistência Médica e Tecnologia. Não traz muita novidade. Mas, o enfoque dessa revista, maior ou menor, acaba pautando o restante da imprensa e, mesmo os setores acadêmicos e industriais da saúde em todo o mundo.
Aproveitando o ensejo, a capa de The Economist mostra o virtual presidente eleito da África do Sul: Jacob Zuma. Quem será o seu ministro da saúde? Há possibilidade da "doutora beterraba "voltar? Ativistas da aids estão temerosos.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Um excelente texto, mas com uma citação errada.

Naomar de Almeida Filho expressou ontem na Folha de S.Paulo a angústia e o sufocamento existente entre aqueles que desejam que o Estado brasileiro e, principalmente a Universidade cumpra a sua missão. Um crítica de conteúdo ao "controlismo" atual que impede qualquer inovação.
Distribui o texto a vários amigos, um deles respondeu que concordava com o texto, já tinha lido pela manhã no jornal. No entanto, ele informou que a citação a um "intelectual paulista" como crítico áspero da autonomia universitária tal como feita por Naomar foi equivocada. Fui conferir agora, o meu amigo estava certo.
O intelectual em questão é Roberto Romano.
Bem, o Brasil tem poucas inteligências, duas delas atendem pelos nomes de Naomar de Almeida Filho e Roberto Romano.
Por favor, não se deixem levar por mal entendidos.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Sol faz bem à saúde!

Novamente, a crimininalização do Astro-Rei. O VIGITEL não precisava entrar nessa fria...oops! Já mostrei que americanos já abandonam a fobia ao sol. Mas, ainda morremos de doença cardiovascular, cânceres de próstata e de cólon, de fraturas mas pálidos. Abaixo, reportagem da Folha de S.Paulo.

Os brasileiros passaram a se proteger menos do sol, mostra pesquisa do Ministério da Saúde, divulgada ontem. O índice de proteção contra radiação ultravioleta no país caiu de 53,3% para 43,9% de 2007 para 2008.Para medir a taxa de proteção, os pesquisadores levaram em conta a resposta dos entrevistados à seguinte pergunta: "Quando fica exposto ao sol, por mais de 30 minutos, seja andando na rua, seja no trabalho, seja no lazer, costuma usar alguma proteção?"O estudo considerou como proteção eficaz contra raios ultravioleta "o uso de filtro solar e/ou chapéu/sombrinhas e roupas adequadas".Um dos principais erros dos brasileiros está em achar que proteção solar se resume ao uso do filtro em forma de creme, diz Marcus Maia, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e coordenador da última campanha contra câncer de pele da Sociedade Brasileira de Dermatologia."Camiseta de trama mais grossa e cor escura, chapéu e sombrinha é muito interessante e é uma solução para a população", diz o médico.CapitaisEntre as capitais, a que apresentou melhor resultado em relação à taxa de proteção foi Florianópolis.A cidade de São Paulo apareceu em penúltimo lugar no ranking, só perdendo para o Rio de Janeiro. De acordo com a dermatologista Flávia Addor, há uma cultura de tomar sol e de bronzeamento em cidades como Rio que é preocupante. "Os critérios têm que ser vistos com atenção. É preciso tomar menos sol e ter atitude de proteção. O ideal é passar o protetor sempre que sair de casa, ainda mais em cidades ensolaradas."O filtro solar deve ser aplicado em partes expostas ao sol, na proporção de 2 ml para cada centímetro cúbico, o que equivale a cerca de 40 ml de produto em todo o corpo para uma pessoa de 70 kg.O câncer de pele é o tipo de tumor mais incidente no Brasil e está diretamente relacionado à exposição ao sol. Para 2009, o Instituto Nacional de Câncer estima 62.090 novos casos em mulheres e 58.840 em homens.A pesquisa do Ministério da Saúde também revelou que as mulheres se protegem mais do que os homens -52,5% das entrevistadas disseram usar protetor solar e/ou chapéu/sombrinha contra 33,8% deles.Ontem, ao apresentar os resultados da pesquisa, o ministro José Gomes Temporão (Saúde) aconselhou os homens "a ouvirem as mulheres". "Eu diria aos homens o seguinte: escutem as mulheres, copiem as mulheres", afirmou. "Os homens fumam mais, bebem mais, comem alimentação com mais gordura, fazem menos atividade física", completou.A Folha publicou reportagem na última segunda-feira mostrando outros dados do mesmo estudo relativos aos hábitos e à saúde do brasileiro.A pesquisa Vigitel 2008 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) foi realizada por amostragem com cerca de 54 mil pessoas, nas capitais e no Distrito Federal, entre junho e dezembro do ano passado. As entrevistas foram feitas por telefone, sistema parecido com o adotado nos Estados Unidos.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Inédito: Sindicato de trabalhadores defende a saúde de seus associados e, não o interesse dos patrões.

Sindicato contraria setor de bares e restaurantes e apoia lei antifumo de Serra
colaboração para a Folha Online
Os membros da Sinthoresp (sindicato de trabalhadores no setor de bares e restaurantes de São Paulo) comemoraram nesta terça-feira a aprovação na Assembleia Legislativa de São Paulo da lei antifumo proposta pelo governador José Serra (PSDB). Em reunião na tarde de hoje com diretores, a entidade contrariou a maioria dos representantes do setor e decidiu apoiar a lei.
A entidade justifica o apoio com a preocupação sobre a saúde tanto de quem fuma quanto dos fumantes passivos. Por meio de sua assessoria, o presidente do sindicato, Francisco Calasans, afirma que "é preciso respeitar trabalhos científicos da medicina que comprovam o mal que o fumo faz".

domingo, 29 de março de 2009

War and Medicine

Um livro fascinante da Wellcome Collection publicado pela BlackDog Publishing: War and Medicine. A edição é primorosa.
Traz artigos sobre várias guerras começando na Criméia indo até a Guerra até o Iraque.
Uma síntese da redução da letalidade (proporção de mortes por feridos) das tropas americanas. Variou de 79% na guerra hispano-americana 1898-99 para 11% na guerra do Iraque.

Estadão: leituras de fim de semana.

O Estadão trouxe nesse fim de semana:
1. uma excelente reportagem seguida por entrevista do diretor-presidente da ANVISA sobre o programa de desconto de medicamentos patrocinado pela indústria farmacêutica. Merece destaque;
2. entrevista com o pesquisador Antonio Carlos Camargo, do Instituto Butantan mostrando a dificuldade em transformar a descoberta científica em produto.

Não publico mais comentários anônimos. É constitucional.

Esse blogue é propriedade particular, quem não gostar, não leia, nem divulgue.
Restrijo comentários indevidos e, há um tempo não publico nada anônimo. Liberdade de expressão tal como manifestada na Carta Magna implica identificação.
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO IDOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

sexta-feira, 27 de março de 2009

De novo, a confusão entre internação e incidência de doença

Folha de S.Paulo repercute hoje, mais uma matéria equivocada sobre doença cardiovascular em mulheres. Os dados publicados pelo Hospital Laranjeiras do Rio de Janeiro confunde internações com pessoas internadas. Simplesmente, uma mesma pessoa pode ser internada mais de uma vez pelo mesmo motivo. No caso, pode ser o infarto do miocárdio, depois uma complicação, cirurgia.
Além do viés óbvio que alguns diagnósticos são anotados em preferência a outros pelo fato que a remuneração é maior. Em suma, esquecer.
JULLIANE SILVEIRADA REPORTAGEM LOCAL O número de internações de mulheres por infarto agudo do miocárdio subiu 46% (de 15.672 para 22.910) entre 1997 e 2007, segundo levantamento realizado pelo INC (Instituto Nacional de Cardiologia) nos hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde em todo o país. Os dados foram retirados do Datasus (banco de dados do Ministério da Saúde).De acordo com o trabalho, o tempo de internação é de sete dias, em média, e a taxa de mortalidade em decorrência do ataque cardíaco chega a 16,8%.Segundo dados do Ministério da Saúde, o infarto é a segunda causa de morte entre as brasileiras -a primeira é o AVC (acidente vascular cerebral). (Assinante da Folha, clique aqui)

terça-feira, 24 de março de 2009

Churrasco: nada a declarar

Ontem, nos Archives of Internal Medicine e, não no JAMA foi publicado artigo original mostrando associação entre ingestão de carne vermelha e mortalidade. A associação de um determinado alimento com risco de doença cardiovascular ou câncer necessita ser vista com muito, mas muito cuidado.
Afoitos já tentam desvendar as causas possíveis com ilações sem sentido, para quem não conhece a metodologia complexa de um questionário de frequência alimentar. O Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA) está aplicando essa metodologia em 15 mil pessoas e, poderemos saber o impacto na população brasileira. Não basta considerar somente o consumo de carne, mas o tipo de carne consumida e, como é preparada. Por isso, mais cautela na leitura rápida de artigos de epidemiologia.
Abaixo, matéria da Folha de S.Paulo sobre o tema.

Reduzir carne vermelha diminui mortalidade
Pesquisa publicada no "Jama" acompanhou 500 mil pessoas durante dez anosPara pesquisadores, 11% das mortes em homens e 16% em mulheres poderiam ter sido adiadas com a redução de carne vermelha JULLIANE SILVEIRACLÁUDIA COLLUCCIDA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo divulgado hoje no "Jama" (revista da Associação Médica Americana) aponta relação entre o consumo de carne vermelha e carnes processadas e maior número de mortes por câncer e problemas cardiovasculares. A pesquisa, uma das maiores já realizadas, analisou dados de 500 mil norte-americanos de 50 a 71 anos de idade.Em dez anos de acompanhamento, morreram 47.976 homens e 23.276 mulheres. Para os pesquisadores, 11% das mortes em homens e 16% das mortes em mulheres poderiam ser adiadas se houvesse redução do consumo de carne vermelha para 9 g do produto a cada 1.000 calorias ingeridas -o grupo que mais ingeriu carne vermelha (68 g a cada 1.000 calorias) foi o que apresentou maior incidência de morte.No caso das doenças cardiovasculares, a diminuição dos riscos chegaria a 21% nas mulheres se houvesse redução. "A carne processada tem mais sal e gordura saturada, o que aumenta chances de doenças cardiovasculares", diz Daniel Magnoni, nutrólogo e cardiologista do Hospital do Coração.Para o cardiologista Marcos Knobel, coordenador da unidade coronária do hospital Albert Einstein, além da gordura da carne, o problema é o preparo e os outros alimentos que são somados à refeição. "Se a pessoa come um bife à milanesa ou um bife com ovo frito, já estourou de longe a cota de colesterol."Além disso, ele alerta para os condimentos. "O sal aumenta o risco de hipertensão arterial sistêmica. Se a carne for processada, é pior porque, além do sódio, geralmente tem óleos para a conservação

segunda-feira, 23 de março de 2009

Um comentário sobre o artigo de Ferreira Gullar

1. Ferreira Gullar não acusa o SUS de nada, somente constata má fama. Correto.
2. Descreve paciente com dor há 3 horas sem atendimento. O problema não é do plano, mas do hospital.
3. Toca no ponto mais importante: os idosos. O custo da assistência médica aumenta exponencialmente depois dos 65-70 anos. Esse é um problema que vale para o SUS e os planos de saúde privados e, encontra-se na pauta de todos os países com sistemas organizados e, desorgnizados como os Estados Unidos.
4. Que parte dos planos de saúde são verdadeiras "pirâmides", poucos duvidam. Mas, há possibilidade dos planos serem de fato suplementares ao SUS. Para isso a legislação deveria permitir planos baratos com atendimento ao nível primário e secundário, sem obrigar aos atendimentos dispendiosos em nível terciário como câncer, transplantes e cirurgia cardíaca. Com isso, muitos pacientes sairiam das portas dos pronto-socorros públicos e, o SUS poderia organizar melhor a atenção especializada concentrando-a em poucos e bons hospitais com qualidade melhor e custo menor.

domingo, 22 de março de 2009

Ferreira Gullar e os Planos de Saúde

Na Folha de S.Paulo, um desabafo de Ferreira Gullar sobre os planos de saúde. A íntegra pode ser lida aqui por assinante do jornal. Transcrevo parte abaixo, a qual intenciono discutir nos próximos posts.
Os planos de saúde estão se tornando um problema grave para quem deles depende. A má fama do SUS -que obriga os pacientes a filas intermináveis e esperas frustrantes- faz com que as pessoas todas, com algum recurso, procurem os planos de saúde. Como os planos melhores são caros, surgem planos baratos que são verdadeiras arapucas: você paga a mensalidade, mas, quando procura o médico, descobre que ele já não atende porque o plano não o pagou.Só que os problemas não ficam nisso, pois mesmo os planos mais caros têm se mostrado incapazes de atender seus clientes. É que esses planos aceitam mais clientes do que têm capacidade de atender. Entre os numerosos casos de que tenho conhecimento, o mais recente é o de uma amiga que sofreu fratura no pé, foi para uma casa de saúde e lá ficou durante três horas num corredor, gemendo de dor, sem que fosse atendida. A explicação da funcionária do hospital foi que o traumatologista estava atendendo a outro paciente. Já imaginou se mais alguém torce o pé naquele dia?A situação pior é a dos idosos. Como adoecem com frequência, têm que pagar mensalidades altíssimas. Sei do caso de um senhor que, em pouco mais de um ano, teve sua mensalidade aumentada de R$ 1.200 para R$ 1.800. Queixou-se ao corretor, que lhe disse: "Eles estão aumentando exageradamente a mensalidade dos idosos para expulsá-los do plano". Tem lógica: clientes que adoecem com frequência dão pouco lucro ou, pior, dão prejuízo, e os planos de saúde estão aí para obter lucros. O objetivo principal é ganhar dinheiro, claro. O cliente ideal é o que não adoece. O nome do troço é "plano de saúde", não "plano de doença". O capital governa o capitalista e o resto

sábado, 21 de março de 2009

Índice de massa corpórea e mortalidade

O índice de massa corpórea (IMC) que é calculado dividindo o peso em kilogramas pelo quadrado da altura em metros continua a ser o melhor preditor de mortalidade dentre os indicadores de adiposidade. Abaixo, resumo de artigo publicado no The Lancet com 56 estudos em conjunto e 900 mil participantes.
Body-mass index and cause-specific mortality in 900 000 adults: collaborative analyses of 57 prospective studies
Prospective Studies Collaboration
Background
The main associations of body-mass index (BMI) with overall and cause-specific mortality can best be assessed by long-term prospective follow-up of large numbers of people. The Prospective Studies Collaboration aimed to investigate these associations by sharing data from many studies.
Methods
Collaborative analyses were undertaken of baseline BMI versus mortality in 57 prospective studies with 894 576 participants, mostly in western Europe and North America (61% [n=541 452] male, mean recruitment age 46 [SD 11] years, median recruitment year 1979 [IQR 1975—85], mean BMI 25 [SD 4] kg/m2). The analyses were adjusted for age, sex, smoking status, and study. To limit reverse causality, the first 5 years of follow-up were excluded, leaving 66 552 deaths of known cause during a mean of 8 (SD 6) further years of follow-up (mean age at death 67 [SD 10] years): 30 416 vascular; 2070 diabetic, renal or hepatic; 22 592 neoplastic; 3770 respiratory; 7704 other.
Findings
In both sexes, mortality was lowest at about 22·5—25 kg/m2. Above this range, positive associations were recorded for several specific causes and inverse associations for none, the absolute excess risks for higher BMI and smoking were roughly additive, and each 5 kg/m2 higher BMI was on average associated with about 30% higher overall mortality (hazard ratio per 5 kg/m2 [HR] 1·29 [95% CI 1·27—1·32]): 40% for vascular mortality (HR 1·41 [1·37—1·45]); 60—120% for diabetic, renal, and hepatic mortality (HRs 2·16 [1·89—2·46], 1·59 [1·27—1·99], and 1·82 [1·59—2·09], respectively); 10% for neoplastic mortality (HR 1·10 [1·06—1·15]); and 20% for respiratory and for all other mortality (HRs 1·20 [1·07—1·34] and 1·20 [1·16—1·25], respectively). Below the range 22·5—25 kg/m2, BMI was associated inversely with overall mortality, mainly because of strong inverse associations with respiratory disease and lung cancer. These inverse associations were much stronger for smokers than for non-smokers, despite cigarette consumption per smoker varying little with BMI.
Interpretation
Although other anthropometric measures (eg, waist circumference, waist-to-hip ratio) could well add extra information to BMI, and BMI to them, BMI is in itself a strong predictor of overall mortality both above and below the apparent optimum of about 22·5—25 kg/m2. The progressive excess mortality above this range is due mainly to vascular disease and is probably largely causal. At 30—35 kg/m2, median survival is reduced by 2—4 years; at 40—45 kg/m2, it is reduced by 8—10 years (which is comparable with the effects of smoking). The definite excess mortality below 22·5 kg/m2 is due mainly to smoking-related diseases, and is not fully explained.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Homicídios em queda no Rio

Finalmente, a Secretaria de Estado do Rio de Janeiro assumiu que os homicídios estão com taxas declinantes na cidade.
Esse blogue identificou há quase dois anos essa tendência.

Prevenção do Câncer de Próstata: muitas novidades e a discussão continua.

Imperdível, dois artigos publicados no The New England Journal of Medicine sobre rastreamento para câncer de próstata. Trata-se de dois ensaios clínicos, um americano e outro europeu com delineamento de ensaio clínicos. Os resultados são aparentemriente contraditórios.
O acesso é gratuito em http://www.nejm.org.

De volta da clínica de desintoxicação da blogosfera

Meia quaresma completa, estou saindo da clínica de desintoxicação da blogosfera. Aparentemente, recuperado.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Desânimo com a blogosfera.

A blogosfera que poderia ser local de troca de informação e debate tornou-se um local de embates ideológicos dos mais ridículos. Todo fato é imediatamente atribuído ao seu grupo se, positivo ou ao do adversários, se negativo.
Difícil conviver com um ambiente desses porque, acredito que blogue será rapidamente sinônimo de leviandade. Há uma legião de especialistas que entendem de aviação civil, obras do metro, política do Oriente Médio, situação da Itália nos anos 70, ataques neonazistas na Suíça.
Para mim, nada pior do que os comentários sobre sepse depois de um caso exageradamente divulgado que obrigaram até o Ministro da Saúde se manifestar.
Bem, para continuar na brincadeira, vou parar para assistir a apuração de uma crônica decadência: as das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Que como todos sabem, tal como a USP, o futebol brasileiro e os Estados Unidos, o Carnaval do Rio se desviou dos seus objetivos e se encontra decadente.
Vive la décadence!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Epigenética: Lamarck não merece a fama

Marcelo Coelho na Folha de S.Paulo ressalta que Lamarck não merece a fama que lhe é atribuída em aulas no segundo grau. Com certeza. Anexo, uma revisão atualíssima sobre o tema epigenética: Epigenetics and human disease: translating basic biology into clinical applications.
Rodenhiser D, Mann M.
EpiGenWestern Research Group, Children's Health Research Institute, London, Ont. drodenhi@uwo.ca
Epigenetics refers to the study of heritable changes in gene expression that occur without a change in DNA sequence. Research has shown that epigenetic mechanisms provide an "extra" layer of transcriptional control that regulates how genes are expressed. These mechanisms are critical components in the normal development and growth of cells. Epigenetic abnormalities have been found to be causative factors in cancer, genetic disorders and pediatric syndromes as well as contributing factors in autoimmune diseases and aging. In this review, we examine the basic principles of epigenetic mechanisms and their contribution to human health as well as the clinical consequences of epigenetic errors. In addition, we address the use of epigenetic pathways in new approaches to diagnosis and targeted treatments across the clinical spectrum.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

HU USP: pesquisa e inovação em cicatrização

O Jornal Nacional divulgou a pesquisa do médico Fábio Kamamoto do Hospital Universitário da USP sobre cicatrização. Clique aqui para ver a matéria apresentada por Graziela Azevedo.
Meus cumprimentos a ele, ao seu mentor professor Marcus Castro Ferreira, ao professor da Escola Politécnica, José Carlos de Moraes e a toda equipe de enfermagem do HU.
Mais um exemplo para os especialistas em "decadência da USP" e "falência da saúde pública".

USP desenvolve tratamento barato de cicatrização
Pesquisadores brasileiros desenvolveram um tratamento de custo baixíssimo que pode ajudar milhões de pacientes com dificuldades de cicatrização. Vamos ver na reportagem de Graziela Azevedo. Da escova usada para lavar as mãos é aproveitada a esponja esterilizada. As mangueiras plásticas e a rede de vácuo são as mesmas sobre os leitos de qualquer hospital. Foi com materiais simples que um médico desenvolveu um curativo capaz de mudar a vida dos pacientes. O eletricista Carlos Alberto Oliveira correu o risco de perder a perna depois de um acidente de moto, o corte profundo e infeccionado não cicatrizava. O quadro mudou em sete dias com o uso do novo curativo. “Foi um alívio com certeza, porque eu podia perder minha perna. Graças a esse curativo, eu estou com ela firme e forte para outra”. O médico demonstra como o curativo funciona: feridas provocadas por acidentes, queimaduras ou diabetes são cobertas pelas esponjas e envolvidas com plástico adesivo, um tubo ligado à rede de vácuo faz uma sucção constante. Essa drenagem impede infecções e promove a multiplicação de vasos e a regeneração do tecido. A novidade ajudou o contador João Pinter Neto a se livrar do corte que não fechava depois de uma cirurgia complicada. “Depois de três dias que foi instalado esse sistema, você já percebe a diferença, porque o corte vai se fechando” O curativo a vácuo desenvolvido no hospital da Universidade de São Paulo tem o mesmo resultado do similar importado, usado em hospitais particulares. O que muda, e muito, é o preço, o que faz toda a diferença na hora de tratar quem não pode pagar. De R$ 3 mil a R$ 4 mil por semana, o preço dos curativos cai para cerca de R$ 30. O sistema, aperfeiçoado com ajuda de engenheiros da escola politécnica, foi patenteado e já pode ser usado por qualquer um que precisar. “A idéia é divulgar conhecimento, difundir um tratamento que vai ser mais eficiente, que vai ter um custo mais acessível para todas as pessoas do país inteiro”, declarou o médico Fábio Kamamoto.

Sepse: como a "Agenda Caras" poderá suplantar a "Agenda Científica"

Quando o jogador de futebol Serginho do São Caetano morreu em campo em 2004, na manhã seguinte o lobby dos vendedores desfibriladores para reverter arritmias cardíacas tomou de assalto a imprensa na tentativa de mostrar que uma vida seria salva com esse equipamento. Leis locais foram promulgadas obrigando a compra do equipamento em próprios municipais.
Agora há uma enorme chance de chegar a Brasília, uma proposta fantástica que seria a do SUS disponibilizar vários medicamentos para sepse. Alguns, poderão ter um futuro como a alfadrotrecogina. Mas, a revisão abaixo transcrita mostra a necessidade de novos estudos. O custo de adotar esse medicamento seria de quase um bilhão de reais por ano a mais para o SUS em edição Boletim Brasileiro de Avaliação em Tecnologia de Saúde: alfadrotrecogina para o tratamento da sepse grave.
Nota importante: a unidade de terapia do Hospital Universitário da USP faz parte de estudo multicêntrico testando a alfadrotrecogina patrocinado pela Ely Lilli.
Human recombinant activated protein C for severe sepsis.
Marti-Carvajal A; Salanti G; Cardona A
Human recombinant activated protein C for severe sepsis.
Martí-Carvajal A, Salanti G, Cardona AF.
Universidad de Carabobo, Departamento de Salud Pública, Centro Colaborador Venezolano de la Red Cochrane Iberoamericana, Valencia, Edo. Carabobo, Venezuela, 2001. amarti@uc.edu.ve
BACKGROUND: Sepsis is a common, expensive and frequently fatal condition. There is an urgent need for developing new therapies to further reduce severe sepsis-induced mortality. One of those approaches is the use of human recombinant activated protein C (APC). OBJECTIVES: We assessed the clinical effectiveness of APC for the treatment of patients with severe sepsis or septic shock. SEARCH STRATEGY: We searched the Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (The Cochrane Library 2005, Issue 2); MEDLINE (1966 to 2005); EMBASE (1980 to 2005) and LILACS (1982 to 2005). We contacted researchers and organizations working in the field. We did not have any language restriction. SELECTION CRITERIA: We included randomized controlled trials (RCTs) assessing the effects of APC for severe sepsis in adults and children. We excluded studies on neonates. DATA COLLECTION AND ANALYSIS: We independently performed study selection, quality assessment and data extraction. We estimated relative risks (RR) for dichotomous outcomes. We measured statistical heterogeneity using I-squared (I(2)). We used a random-effects model. MAIN RESULTS: We included four studies involving 4911 participants (4434 adults and 477 paediatric patients). For 28-day mortality, APC did not reduce the risk of death in adult participants with severe sepsis (pooled RR 0.92, 95% confidence interval (CI) 0.72 to 1.18; P = 0.50, I(2) = 72%). The effectiveness of APC did not seem to be associated with the degree of severity of sepsis (two studies): for an APACHE II score less than 25 the RR was 1.04 (95% CI 0.89 to 1.21; P = 0.70), and in participants with an APACHE II score of 25 or more the RR was 0.90 (95% CI 0.54 to 1.49; P = 0.68). APC use was, however, associated with a higher risk of bleeding (RR 1.48 (95% CI 1.07 to 2.06; P = 0.02, I(2) = 8%). Two studies were stopped early because there was little chance of reaching the efficacy endpoint by completion of the trial. AUTHORS' CONCLUSIONS: This updated review found no evidence suggesting that APC should be used for treating patients with severe sepsis or septic shock. Additionally, APC seems to be associated with a higher risk of bleeding. Unless additional RCTs provide evidence of a treatment effect, policy-makers, clinicians and academics should not promote the use of APC.

Um pouco de informação sobre sepse: epidemiologia

Para ajudar encerrar a onda de bobagem deflagrada com a "superbactéria" , que resultou na "saúde pública em versão Caras" e continuou na "infecção midiática" apresento o resumo da epidemiologia da sepse nos Estados Unidos. Notem o tamanho do problema e, principalmente do ponto de vista de custo-efetividade.
Epidemiology of severe sepsis in the United States: analysis of incidence, outcome, and associated costs of care. Angus DC; Linde-Zwirble WT; Lidicker J; Clermont G; Carcillo J; Pinsky MR Crit Care Med 2001 Jul;29(7):1303-10.
OBJECTIVE: To determine the incidence, cost, and outcome of severe sepsis in the United States. DESIGN: Observational cohort study. SETTING: All nonfederal hospitals (n = 847) in seven U.S. states. PATIENTS: All patients (n = 192,980) meeting criteria for severe sepsis based on the International Classification of Diseases, Ninth Revision, Clinical Modification. INTERVENTIONS: None. MEASUREMENTS AND MAIN RESULTS: We linked all 1995 state hospital discharge records (n = 6,621,559) from seven large states with population and hospital data from the U.S. Census, the Centers for Disease Control, the Health Care Financing Administration, and the American Hospital Association. We defined severe sepsis as documented infection and acute organ dysfunction using criteria based on the International Classification of Diseases, Ninth Revision, Clinical Modification. We validated these criteria against prospective clinical and physiologic criteria in a subset of five hospitals. We generated national age- and gender-adjusted estimates of incidence, cost, and outcome. We identified 192,980 cases, yielding national estimates of 751,000 cases (3.0 cases per 1,000 population and 2.26 cases per 100 hospital discharges), of whom 383,000 (51.1%) received intensive care and an additional 130,000 (17.3%) were ventilated in an intermediate care unit or cared for in a coronary care unit. Incidence increased >100-fold with age (0.2/1,000 in children to 26.2/1,000 in those >85 yrs old). Mortality was 28.6%, or 215,000 deaths nationally, and also increased with age, from 10% in children to 38.4% in those >85 yrs old. Women had lower age-specific incidence and mortality, but the difference in mortality was explained by differences in underlying disease and the site of infection. The average costs per case were $22,100, with annual total costs of $16.7 billion nationally. Costs were higher in infants, nonsurvivors, intensive care unit patients, surgical patients, and patients with more organ failure. The incidence was projected to increase by 1.5% per annum. CONCLUSIONS: Severe sepsis is a common, expensive, and frequently fatal condition, with as many deaths annually as those from acute myocardial infarction. It is especially common in the elderly and is likely to increase substantially as the U.S. population ages

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Mais uma vez, a crise e decadência da Universidade de São Paulo

Comentei há seis meses em A decadência continua ... que viva a decadência ! que em 1975 era dado como líquido e certo que os Estados Unidos, o futebol brasileiro, o carnaval carioca e a Universidade de São Paulo já tinham tido seu esplendor. Novamente, a USP comprova a sua decadência.
Pesquisa coloca USP como a 87ª melhor universidade do mundo
Leornado Feder.
A USP foi classificada como a 87ª melhor universidade do mundo pela pesquisa "Webometrics Ranking of World Universities", que é feita por um grupo do CSIC (Conselho Superior de Investigações Científicas), ligado ao Ministério da Educação espanhol.
O instituto monta esse ranking a partir da análise das publicações eletrônicas nos sites das universidades, pois, em sua avaliação, eles refletem sua excelência e seu prestígio acadêmico. O objetivo do levantamento é estimular as universidades que não tem o costume de colocar os conhecimentos produzidos na internet a fazer isso.
A pesquisa considera mais de 16 mil instituições de ensino superior pelo mundo e divulga seus resultados duas vezes por ano, em julho e em janeiro. Clique aqui para conferir o ranking.
As 20 primeiras universidades da classificação do CSIC são norte-americanas --a primeira é o Massachusetts Institute of Technology (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).
Das universidades brasileiras citadas, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) obteve o 159º lugar, a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o 285º, e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o 299º.
Critérios
Para calcular a pontuação da universidade, o instituto faz a média ponderada de quatro critérios baseados no conteúdo dos sites das universidades. A quantidade do material é calculada com instrumentos de busca, Google, Yahoo, Live Search e Exalead.
O critério mais valioso é a visibilidade (50%), medida pelo número de links externos exclusivos recebidos pelo site da universidade.
O segundo de maior peso é o tamanho (20%), medido pelo número de páginas do site da universidade, que indica seu grau da internacionalização.
Outro critério é o número de arquivos (15%) contidos no site da universidade que tenham, na avaliação do instituto, relevância acadêmica e estejam salvos em formato Adobe Acrobat (.pdf), Adobe PostScript (.ps), Microsoft Word (.doc) ou Microsoft Powerpoint (.ppt).
Por último, com peso de 15%, também é considerado o número de documentos, artigos e citações de cada área acadêmica.

Infecção midiática

Hoje, os jornais falam de mais um caso, a de uma nutricionista (qual a importância da profissão???) que se encontra em sepse e teve extremidades amputadas. Com todo o respeito aos doentes e familiares, pergunto: qual a novidade? Na primeira aula que tive sobre o tema (1977) o professor já apresentou os slides de casos semelhantes e, a explicação fisiopatológica. No decorrer da vida profissional observei vários casos de sepse com essa complicação. Mas, repito, porque tanto interesse?
1. falta de notícia no verão, tal como aconteceu com a "epidemia" de febre amarela em 2008;
2. vontade incontida de médicos comentarem caso clínico que desconhecem (e, pior mostrarem ignorância sobre o tema);
3. interesse da Big Pharma, em conseguir que o SUS financie um blockbuster para sepse que até o momento não se comprovou custo-efetivo;.
4.oportunidade de decretar mais uma vez a 'falência da saúde pública", afinal o hospital que a atendeu era estadual;
5. momento de afirmar que mais uma vez houve "erro médico", que a "máfia de branco" etc etc
Aguardo, com ansiedade as novidades no campo médico, como por exemplo: o câncer se espalha à distância ou derrame cerebral pode levar ao coma ou......

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

SUS, Olinda e Ouro Preto

O Fórum Social Mundial da Saúde lançou uma palavra de ordem: SUS, Patrimônio da Humanidade! E, considera que com isso melhorará a vida de todos. Cada um age da forma mais apropriada para alcançar seus objetivos. SUS, Olinda e Ouro Preto não combinam. Nesse blogue se publica com insistência todas as ações positivas da assim chamada "saúde pública" (nome que os detratores aplicam ao SUS) e, principalmente contra os propagadores da "falência da saúde pública". Tudo seria bonito e delicioso, se a vida real fosse um happening como esse, principalmente realizado em Belém do Pará.
Mas, a realidade é diferente. Parte considerável dos presentes nesse evento defendem interesses específicos: de corporações ou de portadores de doenças específicas. Poucos entendem o SUS como um dos maiores exercícios de cidadania vividos nesse país. Quase nenhum dos presentes aceita formas avançadas de gestão e de controle efetivo. Confundem o SUS com a administração direta do Estado.
Em tempo: ao contrário do afirmado na reportagem abaixo da Agência Brasil, a mortalidade infantil apresenta taxas declinantes bem antes de 1988 (Constituição) e 1990 (Lei Orgânica).
Ativistas defendem candidatura do SUS a patrimônio imaterial da humanidade
Amanda CieglinskiEnviada Especial
Belém - Os participantes do Fórum Social Mundial da Saúde (FSMS) vão lançar a candidatura do Sistema Único de Saúde (SUS) a patrimônio imaterial da humanidade. A idéia foi apresentada na manhã de hoje (26), durante ato político que contou com a participação do ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
Ele afirmou que vai garantir apoio político para a idéia, que classificou como inovadora. Segundo ele, essa é a primeira vez que uma política pública será patrimônio da humanidade. “É uma iniciativa dos movimentos populares e acho importante pela abrangência do SUS e pelo fato de que ele atende indistintamente todas as etinas, todas as nacionalidades que vivem no Brasil”, afirmou Temporão.
O FSMS discute desde ontem a implantação de sistemas universais de sáude em todo o mundo. Temporão ressaltou que o Brasil é um exemplo, já que poucos países adotam o sistema de atendimento universal. Ente eles, Inglaterra, Portugal e Canadá.
“Esse modelo ganha cada vez mais importância em um momento de crise econômica como o atual, porque ela vai causar um aumento do desemprego e as pessoas serão atendidas no sistema público. Eu, que sou militante da causa, apóio que o mundo inteiro seja atendido por sistemas universais”, defendeu o ministro.
Temporão afirmou que o SUS ainda tem suas “fragilidades”. “Um exemplo é o subfinanciamento crônico que impede que esse processo de extensão da cobertura se dê com mais qualidade. Outra questão é a gestão: há o desafio permanente de como usar com mais eficiência o recurso.”
Outra novidade apresentada na manhã de hoje durante o Fórum foi o lançamento da I Conferência Mundial dos Sistemas Universais da Saúde, que será realizada no Brasil. Embora a data ainda não tenha sido definida, a previsão é que ocorra entre 2009 e 2010.
A queda na mortalidade infantil, o programa de combate à Aids e o Saúde na Família foram citados pelo ministro como exemplo do saldo positivo do SUS durante seus 20 anos de existência
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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Estamos mal, muito mal

Quando o Ministro da Saúde é instado a responder sobre o caso clínico de uma modelo e, responde é porque estamos mal. Sim, a sociedade brasileira está sem foco. Não sabe o que é prioridade. As verbas de pesquisa foram cortadas em mais um bilhão de reais. Há em cada hospital público no mínimo 15 pessoas com indicação de internação, mas sem vaga. O dengue vem aí, novamente. Mas, o importante é a modelo capixaba. As celebridades dão o tom do país, até mortas. Chegamos à medicina e saúde pública padrão "Caras".
Caso de modelo capixaba foi "extremo", afirma Temporão
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, classificou ontem de "extremo" o caso da modelo capixaba Mariana Bridi, 20, que morreu na madrugada de sábado em Serra (ES) em decorrência de uma infecção urinária que evoluiu para sepse grave (infecção generalizada)."É um caso extremo. Raro, raríssimo", disse. "Eu não entrei em detalhes da análise do caso. Mas, conversando com alguns colegas, especialistas, [eles] ficaram surpresos com a evolução", afirmou o ministro, depois de participar da terceira edição do Fórum Mundial da Saúde, em Belém (PA).O encontro é um dos eventos ligados ao Fórum Social Mundial, que começa hoje na capital do Pará.Para Temporão, a investigação do caso deve ser feita "no âmbito da Secretaria da Saúde" do Espírito Santo.A doença de Mariana evoluiu a partir de uma infecção urinária causada pela bactéria Pseudomonas aeruginosa.Ela ficou cerca de 20 dias internada no hospital estadual Dório Silva. Sua situação se complicou depois que as bactérias atingiram a corrente sanguínea e ela sofreu necrose nos pés e nas mãos, que foram amputados.Partes dos rins e do estômago da modelo também foram retiradas. Por fim, o quadro evoluiu para uma infecção generalizada.Mariana Bridi ficou em quarto lugar no Miss Mundo Brasil, em 2007.(JOÃO CARLOS MAGALHÃES)

domingo, 25 de janeiro de 2009

Um sábado de sol no presídio do Barro Branco em 1978/79

Nos ano de 1978/79, acadêmico de medicina na USP, militante do movimento estudantil, atuava em várias ações do Comitê Brasileiro de Anistia. Uma atividade era visitar os presos políticos no presídio do Barro Branco, zona norte de São Paulo, aos sábados. Lá conheci um preso que foi libertado em 1979 com a Anistia e, continua militando até agora no PT. Em 1966, ele foi falsamente acusado de lançar uma bomba em um aeroporto (nem a então "justiça militar" aceitou a denúncia).
Conversamos um pouco sobre política (nenhuma convergência à época), movimento estudantil (ele não aceitava um congresso da UNE em Salvador, deveria ser em São Paulo) e, chegamos a um único ponto comum: ambos éramos "oriundi". Disse-me ele que o Cônsul da Itália o visitou na prisão logo após sua chegada. O representante consular mostrou que por direito, ele poderia requisitar a cidadania italiana. Esse fato redundaria em um pedido por parte do "governo da Bota" na sua transferência para a Itália. Seria um caso juridicamente confuso, mas que significaria uma reprovação ao governo brasileiro. Ele declinou a proposta porque a sua luta era aqui no Brasil.
Fica o relato, sem o nome, mas que é de fácil identificação para quem é do "meio".
Nosso protagonista poderá ou não confirmar o fato (entendo as conveniências políticas, principalmente as de dentro do PT), mas que aconteceu, aconteceu.
Naquele momento, o Brasile era uma ditadura, que deixou de ser, e a Itália era e continua sendo uma democracia. Apesar de vacilar no golpe da Argentina em 1976, a Itália até hoje persegue os torturadores de ítalo-argentinos da ditadura platina de 1976-83. (fonte: blogue do Nelson Franco Jobim)

O corte na Ciência & Tecnologia passou despercebido

A Folha de S.Paulo nessa semana foi o único órgão de imprensa a noticiar o corte de mais de um bilhão de reais no orçamento de ciência e tecnologia. Hoje, na própria Folha, um artigo dos presidentes da Sociedade Brasileira para o Progesso da Ciência (Raupp) e da Sociedade Brasileira de Física (Chaves).
Congresso penaliza ciência e tecnologia por Marco Antônio Raupp e Alaor Chaves.
Se o Brasil quer manter as esperanças de se tornar mais inovador e competitivo, é imperativo que se reveja o orçamento para C&T. Ao formular Orçamento da União para o ano de 2009, o Congresso Nacional penalizou com especial severidade a área de ciência e tecnologia (C&T). O orçamento do ministério da área (MCT) sofreu corte de R$ 1,12 bilhão, equivalente a 52% do proposto pelo Executivo. A Capes, órgão do Ministério da Educação que cuida da avaliação e do fomento de nossos cursos de pós-graduação -responsável pela maior parte das bolsas desse nível no país-, sofreu cortes próximos de R$ 1 bilhão, quase metade do previsto.
No entanto, o mais importante foi o excelente comentário do ombudsman que pegou o gancho do discurso de Barack Obama sobre a importância da ciência para uma sociedade.
Como o ombusdman é pago para avaliar a Folha, sua crítica foi dirigida ao jornal, mas pode ser estendida a todos nós: acadêmicos, sociedades de cientistas, intelectuais e imprensa que se preocupam mais com fofocas do Congresso (e, da política) do que com fatos que interferem no trabalho de todos nós com impacto para toda a sociedade.
Depois do mal feito... (Carlos Eduardo Lins da Silva) De setembro a dezembro, ela realizou diversas sessões. Só depois que a decisão foi tomada o assunto apareceu aqui. Quando a divulgação da ameaça de corte poderia ter alertado entidades e indivíduos para se mobilizarem a fim de impedi-lo, nada ou quase nada se publicou a respeito.É mais um exemplo de como é ineficaz e burocrática a maneira como o jornal cuida dos assuntos do Congresso Nacional. Não faltam espaço e repórteres para ouvir conversa fiada e reproduzir declarações cínicas que só interessam aos que as fazem.O diz-que-diz inconsequente, as pequenas fofocas, os balões de ensaio de deputados e senadores em busca de cargos e poder, para estes há sempre lugar nestas páginas.Mas colocar alguém para acompanhar sistematicamente o trabalho das comissões, na de Orçamento, por exemplo, e verificar se absurdos como esse corte estão sendo perpetrados contra o interesse público, isso o jornal não faz.
Já comentei o quanto odeio os urubus da imprensa, aqueles que não podem ver um cadáver para

E nos blogues os urubus passeiam a tarde inteira. Entre os girassóis.

Já comentei o quanto odeio os urubus da imprensa, aqueles que não podem ver um cadáver para voar em cima. Falei também daqueles que entendem de tudo e, falam de transponder, grua, grooving com facilidade imensa. Para quem não lembra são referências ao acidente do avião da Gol, do buraco do metro em Pinheiros, São Paulo e do acidente do avião da TAM, respectivamente.
Agora, um caso triste e complicado, ocasionou a morte de uma modelo no Espírito Santo. Esse episódio ganhou manchetes e, pasmem uma lista de comentários em blogues. Em um blogue havia 53 palpites sobre o tema. Inventaram uma tal de "superbactéria", que talvez seja uma "agente sionista ou imperialista". Depois dessa superbactéria "neoliberal" seguia uma enormidade de desinformação.
Por justiça, havia dois correspondentes sensatos conclamando a não se politizar um fato médico.
Continuando com Caetano Veloso em Tropicália
No pulso esquerdo bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração balança a um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Feminicídio a toda!

Hoje, marido matou a mulher em Guarulhos. Há dez dias, o ex-namorado assassinou mulher na Lapa. Há quase dois anos tentei seguir o feminicídio no post Quem Ama, Não Mata, mas não consegui. Com grande chance, os casos de São Paulo têm repercussão, os demais se perdem na imprensa regional. Não há mais tempo para estudos acadêmicos, caso de Segurança Pública e Ministério da Justiça.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Apoio ao Guantanamo Tropical Medicine Institute

Todo blogueiro é um galo que considera a alvorada, mero produto de seu cantar. Não fujo a regra. Saúdo o Presidente Obama pelo fim da prisão instalada na base militar de Guantanamo, tal como "indiquei" a ele em Demitir Jack Bauer, acabar com a tortura. Agora, aproveito para lembrar a proposta do professor Peter Hotez, da Universidade George Washington, a que foi imediatamente apoiada por esse blogue: a de instalar o Guantanamo Tropical Medicine Institute.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Plano de Saúde dos Servidores: Assino embaixo !

"Jamais me conformei com o fato de o governo, instituidor e responsável pelo SUS, pagar planos de saúde para seus funcionários. O pior é que os R$ 48 milhões da Câmara significam 1,2% do que o governo federal gasta com planos de seus funcionários e em mais sete estatais. Quando reitor da Unicamp, e no Hospital Pérola Byington (SP), nos anos 80 e 90, oferecemos o serviço SUS aos funcionários. E deu certo. Além deles, milhares de cidadãos desistiram de seus planos de saúde e foram gratuitamente bem atendidos nesses hospitais. O que acontece na Câmara é apenas uma amostra lamentável dessa política de privatização acrítica e da dicotomia da saúde brasileira: saúde pobre para os pobres e no mercado para quem puder pagar ou tenha padrinho. A maior propaganda dos planos de saúde quem faz é o governo, oferecendo um SUS precário e ainda os financiando."JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI , deputado federal -DEM-SP (Brasília, DF)
Folha de S.Paulo, 14/01/09

"Seria engraçado se os funcionários das empresas particulares de planos de saúde tivessem cobertura de outras empresas, e não de seus empregadores. Ainda mais se o custo maior recaísse sobre o patrão. Servidores públicos, não importa de que poder, jamais poderiam estar cobertos, com custeio do governo, por outra entidade que não fosse o SUS -Sistema Único de Saúde. No governo petista, então, existem motivos até ideológicos para isso. Mas nunca se viu um jornalista do PT escrever algo a respeito." PAULO SERODIO (São Paulo, SP)
Folha de S.Paulo, 15/01/09.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Crianças do Zimbabwe também morrem estupidamente.

Zimbabwe cholera deaths near 2,000 - WHO
HARARE (Reuters) - Zimbabwe's cholera epidemic has killed 1,937 people and a total of 38,334 have contracted the normally preventable disease, the World Health Organisation said on Tuesday.
A cholera update dated Jan. 11 showed an increase of 25 deaths and 541 cases compared to an increase of 12 deaths and 300 cases the previous day.
The epidemic is adding to the humanitarian crisis in the country, where President Robert Mugabe and the opposition are deadlocked over a power-sharing deal and the veteran leader is resisting Western calls to step down.n
The waterborne disease, which causes severe diarrhoea and dehydration, has spread to all of Zimbabwe's 10 provinces because of the collapse of health and sanitation systems. The WHO said 89 percent of the country's 62 districts are affected.
Zimbabwe's government has warned that the epidemic could get worse as the rainy season develops.
The rainy season peaks in January or February and ends in late March. Floods, which can affect Zimbabwe's low-lying areas, may increase the spread of the disease.
Cholera has spread to Zimbabwe's neighbours with at least 13 deaths and 1,419 cases in South Africa. Botswana, Mozambique and Zambia have also reported cholera cases.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Agora, José de Souza Martins

Pouco afeto à ação militante, o professor de sociologia da USP, José de Souza Martins nos brinda com textos complexos toda semana no Estadão (cujo acesso é difícil e, ontem estava com versão eletrônica do caderno Aliás, desatualizada).
Ele comentou a baderna no Ano Novo na Praia Grande e São Vicente, protagonizada por jovens de classe média, sem qualquer motivo aparente. Classificou de niilismo antissocial e, associou a outros fatos como a depredação de escola na zona leste de São Paulo.
Evidentemente, Martins não atende ao interesse da grande platéia da blogosfera.
Quem conseguir o texto na versão eletrônica, por favor, informe o link.

A lição de José de Souza Martins

Nunca recebi tantas correspondências sobre um tema que não é o motivo desse blogue: a milenar questão do Oriente Médio e seus povos. Não sou imune à situação -sempre ruim - das populações civis em guerras e, em períodos de terror franco, como aquelas onde por razão política irlandeses explodiam pubs ingleses e bascos destruiam lojas espanholas. Para ficar em exemplos fora do eixo Israel-Palestina.
O que me incomoda é que há articulistas de sobra para criticar Israel e, faltam críticos do governo da Líbia quando ela aprisionou médico - pasmem, palestino! - e, enfermeiras búlgaras por motivo falso. Somente esse blogue repercutiu as notícias. Foram oito posts. (clique aqui) Por que ninguém falou da Líbia? Por que a Líbia na "geopolítica dos comentaristas brasileiros" é de "esquerda", antiamericana. Por isso, do "nosso" lado.
Na área da saúde deu-se destaque maior à situação do sistema de saúde americano (que esse blogue, não considera nem que seja "sistema") do que à barbárie perpetrada na África do Sul na política de aids. (clique aqui) Por que não se fala da África do Sul? Porque fica "mal falar da política do Congresso Nacional Africano", que derrotou o apartheid.
Governos se movem pela Realpolitik, mas acadêmicos servem para mostrar o diferente, o pouco percebido, no caso a quantidade grande de manifestações antissemitas em blogues brasileiros.
Não falei nada de José de Souza Martins, motivo do título.
Seguirá no próximo.

domingo, 11 de janeiro de 2009

A situação das Universidades Federais

A Folha de S.Paulo publicou reportagem mostrando o novo acordão do Tribunal de Contas da União cujo resultado será somente um: paralisar as pesquisas nas universidades federais. Na página de opinião, o Reitor da Universidade Federal da Bahia, Naomar de Almeida Filho apresenta de forma lúcida, a situação atual das universidades federais e demais organismos que não podem levar adiante sua missão pelas mordaças impostas por órgãos reguladores.
".......No plano administrativo, as universidades federais encontram-se travadas por aparato normativo que compromete tanto a missão acadêmica de formar com qualidade quanto o dever de buscar eficiência e economicidade como instituição pública.Rápidos exemplos triviais. Para atividades de ensino e pesquisa, precisamos de bens de melhor qualidade e serviços mais criativos, pertinentes e competentes, quase nunca baratos.Porém, segundo a lei de licitações, somos obrigados a contratar pelo menor preço.Na UFBA (Universidade Federal da Bahia), seis meses de conta de água bastariam para substituir todo o obsoleto sistema hidráulico dos campi, reduzindo o consumo em até 40%.Não obstante, é proibido mudar rubricas de custeio porque o Orçamento da União é prefixado.Em qualquer caso, inútil economizar, porque todo o montante poupado tem de ser, ao final do exercício, recolhido ao Tesouro Nacional.Diligentemente, órgãos de controle externo nos têm auditado. O TCU (Tribunal de Contas da União), aplicando a lei, tem punido dirigentes universitários por irregularidades supostas em procedimentos que, o mais das vezes, visam a viabilizar a gestão universitária.No plano acadêmico, a universidade se engana, e aparentemente gosta, ao pretender-se autônoma. De fato, longe estamos da mítica autonomia universitária.Submetidos à crescente judicialização da sociedade, concursos docentes, processos seletivos, transferências e matrículas obedecem a leis e regras mais cartoriais que acadêmicas. Projetos pedagógicos seguem, na minúcia, diretrizes curriculares estabelecidas por órgãos externos de regulação, influenciados por interesses corporativos e mercadológicos.Linhas de pesquisa contemplam prioridades definidas por agências de fomento; programas de extensão respondem a demandas ou determinações de organismos governamentais, não-governamentais e empresariais.A autonomia universitária nos é garantida pelo artigo 207 da Constituição Federal. Então, por que não recebemos orçamento global, definido por metas e planos?
(assinante da Folha, clique aqui).
Vários articulistas sensatos alertam para o "socialismo dos tolos", o antissemitismo. Expressão de August Bebel, embora muito a citam como sendo de Karl Marx. Eu, tracei um paralelo com a frase de Bebel e, um artigo publicado por economistas do BNDES, onde insuflavam um "antipaulistismo", que considerei também com um novo "socialismo dos tolos". (ver O socialismo tolo de economistas do BNDES).

Já discuti aqui que há décadas, ouço falar na decadência do futebol brasileiro, do carnaval carioca e da USP. Bem, continuam liderando qualquer indicador que seja criado para medir futebol, carnaval e universidade brasileira.

Um professor argentino sempre me cumprimenta quando o Brasil ganha com o time B, mais uma Copa América. Um amigo meu, fanático salgueirense, reconhece a competência da Beija-Flor e, não desmerece nem a xinga,como fazem outros torcedores fanáticos.

sábado, 10 de janeiro de 2009

O anti-semitismo acabou, agora é o antissemitismo.

Felizmente, o número de educados foi razoável, o suficiente, para permitir que pudessem ser publicados comentários sobre o anti-semitismo, ou melhor o antissemitismo.
Mas, qual o fato discutido? A invasão de Gaza pelo Estado de Israel? A crítica ao ato do Estado de Israel? Não, eu somente alertei que o número de comentários em blogues de jornalistas que se consideram “progressistas”, com conteúdo antissemita era grande na quarta-feira, dia 07 de janeiro. Hoje, 10 de janeiro, abri um blogue famoso e, vi várias barbaridades nos comentários, das quais selecionei a abaixo que segue em negrito, itálico, vermelho e letra menor para que não essa pérola seja confundida com idéia desse blogueiro.

Antonio Lima em 8/janeiro/2009 as 13:17
Talmud Babilônico só o Taalmud, o maior responsável por ISRAEL agir assim, prá se ter uma idéia, diz esse livro das leis júdaico, todo JUDEU É SER HUMANO, todo NÃO JUDEU (GOIN OU GENTÍO) como chamam aos demais povos são animais, nenhum JUDEU pode entrar em casa de GOIN, comer alimentos oferecidos por GOIN, casar-se com alguém GOIN, e em outro capítulo diz esse livro satânico: TODO JUDEU TEM A OBRIGAÇÃO DE MATAR, EXTERMINAR, LIQUIDAR todos os GOINS, ´e baseado nisso os JUDEUS AGIRAM ASSIM NA ALEMANHA DE 1940, E AINDA ESTÃO A AGIR COM OS DEMAIS POVOS, PENSAM ELE QUE SÃO MELHORES QUE OS OUTROS, E SEMPRE SE LEVANTAM CONTRA ALGUÉM, E AGORA SÃO OS PALESTINOS SUAS VITÍMAS, IAM SER OS ALEMÃES E POLONESES, MAS ALGUÉM SE LEVANTOU ANTES.

Que tal? Preciso dar mais exemplos?

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Um recado aos jornalistas e blogueiros que permitem e insuflam o anti-semitismo

Do blogue do professor português Jorge Martins, autor de Portugal e os Judeus sobre pesquisa publicada no AJHG.
A GENÉTICA CONFIRMOU: UM TERÇO DOS PORTUGUESES TEM ASCENDÊNCIA JUDAICA
O American Journal of Human Genetics publicou ontem, dia 4 de Dezembro, véspera do 512º aniversário do Decreto de Expulsão dos Judeus de Portugal (5/12/1496), o estudo “The Genetic Legacy of Religious Diversity and Intolerance: Paternal Lineages of Christians, Jews, and Muslims in the Iberian Peninsula”. As conclusões a que os cientistas chegaram vêm confirmar o que os especialistas em estudos judaicos portugueses têm vindo a sustentar: a população portuguesa tem uma forte componente judaica. Os valores genéticos sefarditas apresentados pelo estudo científico demonstram a incontestável etnicidade judaica na matriz identitária portuguesa. Preservámos a etnicidade judaica (30%) e muçulmana (14%), apesar de quase três séculos de acção criminosa e terrorista da Inquisição.O referido estudo dividiu o país em Norte e Sul, concluindo que 23,6% da população nortenha e 36,3% da população sulista tem ascendência judaica, ou seja, cerca de 30% dos portugueses preservaram as suas raízes sefarditas. Ao contrário de alguma imprensa escreveu (Público, 6/12/2008), não são valores inesperados. E valeria a pena conhecer os valores das Beiras e Trás-os-Montes, particularmente de Belmonte. Seguramente, pela história revelada há um século da existência de um fortíssimo fenómeno criptojudaico nessas regiões, ainda haveria valores mais significativos.

Anti Semitismo toma conta da blogosfera brasileira

Retorno para um novo ano. O blogue terá temática mais restrita a assuntos internacionais.
Mas, antes disso há necessidade em reconhecer a profusão de comentários publicados em vários blogues nacionais cujo conteúdo se resume a anti-semitismo puro, sem tirar nem por.
Com a palavra, Paulo de Tarso Vanucchi, secretário nacional de direitos humanos.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Psoríase e Doença Coronariana

Psoriasis and CAD: New call to recognize link January 5, 2009 Lisa Nainggolan
Notre Dame, IN - A new report is reiterating the increased risk of coronary artery disease (CAD) observed in patients with the inflammatory skin disease psoriasis—particularly those with severe forms—and stressing that patients must be informed of this link and have their cardiovascular risk factors regularly assessed [1]. Dr Vincent E Friedewald (University of Notre Dame, IN) and colleagues—an expert panel of cardiologists, dermatologists, and scientists—have penned an editor's consensus on the subject in the December 15, 2008 issue of the American Journal of Cardiology (AJC).
"This is a particularly interesting and unique document in that it bridges current knowledge from two medical disciplines—dermatology and cardiology—that rarely interrelate. Very, very few cardiologists are aware of the relationship between psoriasis and CAD and certainly very few dermatologists are, either," Friedewald told heartwire. "The most important thing of a practical nature," he says, "is that every patient who has psoriasis, and definitely every person who has severe psoriasis, ought to have their cardiovascular risk factors looked at and treated."
Every patient who has psoriasis . . . ought to have their cardiovascular risk factors looked at and treated.
But part of the problem from the patient's perspective, he says, is: "If you have psoriasis, particularly moderate or severe, you already have a terrible disease that you are coping with, and you are not thinking about your blood pressure or cholesterol, but it needs to be assessed, because [these things] are a big killer. These people need to be treated more aggressively than they are being treated today," he stresses. A paradigm shift
Friedewald, who is an assistant editor at the American Journal of Cardiology, explained that the catalyst for this new report was a case-control study performed using the UK's General Practice Research Database, by Dr Joel M Gelfand (University of Pennsylvania, Philadelphia) and colleagues [2], published in the Journal of the American Medical Association two years ago—as reported by heartwire—that showed that patients with psoriasis have a significantly increased risk of MI independent of traditional CV risk factors.
"Not a lot of people have noticed [the Gelfand study], and the important thing—and what really is new and in a state of real evolution—is the role of inflammation in CAD. Psoriasis is one piece of the puzzle and may hold the key to unlocking a lot of the mysteries about coronary disease," Friedewald remarks.
Psoriasis is one piece of the puzzle, and may hold the key to unlocking a lot of the mysteries about coronary disease.
He says it is becoming increasingly evident that inflammation plays a key role in heart disease, citing the fact that many people who have an MI—by today's standards—don't have elevated cholesterol. Add to this the recent JUPITER results, showing a marked effect of lowering high-sensitivity C-reactive protein (hs-CRP) on the incidence of coronary disease, even in those with low LDL cholesterol, and "we start to see a huge paradigm shift going on here," he says.
He believes that there is interplay between the chronic process of atherogenesis that goes on for years and years and the changing, dynamic risk of coronary events related to inflammation, which alters constantly—for example, risk is higher in the colder winter months.
"We have all of these inflammatory conditions—rheumatoid arthritis (there's no question there is a link between this and CAD), psoriasis, and periodontal disease, and we know that during periods of acute infection—particularly respiratory or renal infections—there is an increased risk for a coronary event, but very few doctors are aware of these relationships."
"This AJC editor's consensus focuses on a large new area of evidence strengthening the connection between inflammatory processes and CAD," he adds.A central repository of data is needed
One of the problems with trying to increase awareness of the link between psoriasis, other inflammatory conditions, and CAD is that "the data come from many sources that cardiologists don't normally read," says Friedewald. "And dermatologists don't normally read the cardiology literature, either. So one of the recommendations we made in this paper was that we need a resource center whereby information on inflammation from all of these different sources is in a central repository so people can access it and see what's going on."
We need a resource center whereby information on inflammation from all of these different sources is in a central repository.
As cardiologists, he adds, "we have a responsibility to educate our peers and others, to say, 'Look, these patients with psoriasis and other inflammatory diseases are at increased risk and need to be treated more aggressively.' "
But this is not happening, he says. "The challenge for dermatologists is that they say they don't have time—in the US, dermatologists generally allocate only five minutes each to a patient—but as a bare minimum they should have a brochure in their waiting room to inform patients that if they have psoriasis they may be at increased risk for coronary disease."
"Ideally, psoriasis patients should be referred to a family practitioner or primary-care doctor to have a proper cardiovascular risk evaluation performed, with a minimum assessment of hs-CRP, a lipid panel, and blood-pressure measurements," he says.
Dermatologist Gelfand, a coauthor on this new editor's consensus, agrees. "Based on the evolving science, we recommend that patients with moderate to severe psoriasis be educated about the association of psoriasis and cardiovascular disease and that these patients receive appropriate screening and treatment of modifiable cardiovascular risk factors," he says in an AJC statement.
"This [editors'] consensus statement . . . calls for a new standard of care for patients with moderate to severe psoriasis," he concludes.
Sources
Friedewald VE, Cather JC, Gelfand JM, et al. AJC editors' consensus: psoriasis and coronary artery disease. Am J Cardiol 2008; 102:1631-43.
Gelfand JM, Neimann AL, Shin DB, et al. Risk of myocardial infarction in patients with psoriasis. JAMA 2006; 296:1735-1741.