domingo, 17 de setembro de 2006

Neomaltusianos não se emendam: contradição na Folha de S. Paulo

Ontem fiz um comentário sobre o resultado da PNAD mostrando que no Brasil em 2005 chegamos a uma taxa de fecundidade de reposição populacional. Hoje, Folha de S.Paulo (caderno Cotidiano) há um comentário de Gilberto Dimenstein: "...entre as famílias mais ricas e instruída, a taxa de fecundidade é um filho por mulher. Entre as mais pobres e menos instruídas, porém, é de seis filhos por mulher". Continua o neomaltusiano de plantão:"......se disseminassem o planejamento familiar, o combate à miséria seria menos difícil".
Fiquei surpreso porque duas páginas antes no mesmo caderno encontra-se a síntese do livro "A transição da fecundidade no Brasil" de Celso Simões comparando as taxas de fecundidade nos últimos quatro censos (70, 80 ,91, 00) por educação da mãe. Naquelas com escolaridade menor do que 3 anos de estudo a taxa caiu de 7,21 (1970) para 3,46 (2000), redução relativa de 52%; entre as mães com 4 a 7 anos de estudo a taxa caiu de 4,31 (1970) para 2,82 (200), redução relativa de 34,6% e, finalmente para mães com mais de 8 anos de estudo formal houve redução da taxa de 2,67 (1970) para 1,81 (2000), redução relativa de 39,2%. A diferença entre o número de filhos entre as menos e as mais instruídas caiu de 4,54 (1970) para 1,81 (2000), redução relativa de 60%!!
Ou seja, não adianta, os neomaltusianos não se informam nem no próprio jornal que trabalham. O destaque principal do texto da boa reportagem é a frase do autor do livro, Celso Simões: "mulheres de todos os níveis procuraram reduzir o número de filhos. Isso fez com que o país fizesse uma transição demográfica que, em países europeus, levou mais de 100 anos."

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