terça-feira, 29 de agosto de 2006

Vacina para HPV/câncer do colo do útero e a "inverse care law".

Jornais divulgam o lançamento da vacina para o papilomavírus no mercado indicado para mulheres entre 12 e 26 anos sem atividade sexual para prevenir a infecção pelo vírus e, consequentemente reduzir o risco de câncer de colo uterino. A vacina é administrada em três doses com imunidade por cinco anos. O custo será de R$120,00 por dose, "proibitivo" na rede pública conforme declara o Secretário de Vigilância à Saúde do Ministério. A vacina será acessível somente a quem puder pagar e, quem o fizer receberá um recibo no valor da vacina e, ela própria ou o responsável poderá abater o valor total (R$360,00) no imposto de renda. Aliás, há uma contradição no preço ou na moeda utilizada pela Merck Sharp Dohme do Brasil, o informativo The Nation´s Health da American Public Health Association fala em US$360, o preço das três doses nos Estados Unidos.

Comentário: o câncer de colo uterino é das doenças mais associadas às pobreza e deprivação social. Julian Tudor Hart desenvolveu a "inverse care law' que ganhou o apelido de lei de Tudor Hart. Com certeza, estamos mais uma vez comprovando o epidemiologista galês, ainda vivo e, repetindo a sua mesma assertiva há mais de 30 anos.

"The availability of good medical care tends to vary inversely with the need for it in the population served. This ... operates more completely where medical care is most exposed to market forces, and less so where such exposure is reduced. The market distribution of medical care is a primitive and historically outdated social form, and any return to it would further exaggerate the maldistribution of medical resources."
Hart JT. The inverse care law. Lancet 1971; i: 405-412.

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