sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Uma leitura dinâmica dos jornais: a terapêutica sob ameaça.

Poucos são aqueles que ainda repetem o ditado creditado a Oliver Wendel-Holmes de que se todos os medicamentos fossem jogados ao mar, seria ótimo aos homens e, péssimo aos peixes. Aproveito para parabenizar o laboratório que reintroduziou a fenazopiridina, o melhor analgésico para cistite que existe e, que tinha sido retirado do mercado por razões não divulgadas.
Mas, a leitura de hoje, 18 de agosto de 2006 traz notícias interessantes. A principal foi publicada em O Estado de S. Paulo, onde há o relato e comprovação da prescrição de medicamentos dirigidos por dois laboratórios farmacêuticos. O Conselho Regional de Medicina condenou e, prometeu agir rigorosamente em situações concretas. Os dois laboratórios citados não se defenderam. Vamos esperar, visto que a Interfarma (associação dos laboratórios) está elaborando o seu código de ética.
No Jornal da Tarde há uma notícia também desagradável: a venda de remédios fracionados não decola. O ideal é que o paciente compre unicamente a quantidade necessário ao tratamento. Por exemplo, se o tratamento for 14 comprimidos e, a caixa tiver 20 sobrarão 6, mas na dose fracionada são vendidos somente as 14 unidades necessárias. Grandes redes ainda não aderiram a esse esquema que representa redução de custo para o paciente, porém obrigará que os farmacêuticos atuem no dia a dia. Talvez, seja mais barato deixar o balconista entregar a caixa com comprimidos a mais.
Na Folha de S. Paulo há a informação do Congresso Internacional de Aids, em Toronto, Canadá sobre o acesso restrito aos medicamentos anti-retrovirais no mundo. No mundo o acesso é de 25%, na América Latina, 75% (no Brasil, calculo 100%) e, na África, 10%. Bem, a África está sendo dizimada, mas consegue pouco destaque na mídia e, nenhuma ação concreta. Arrisco uma proposta, não deveríamos "adotar" a África portuguesa? Não seria uma reparação justa??
Para terminar uma notícia sem explicação: a quebra da patente do Viagra (Pfizer) a pedido da Lilly (jornais poderiam informar melhor) e, duas outras interessantes:
Na Gazeta Mercantil, a condenação da Merck Sharp Dohme a indenizar em 50 milhões de dólares a família de um policial do FBI no caso do anti-inflamatório Vioxx. Um dos maiores vexames das empresas farmacêuticas e do FDA.
No Valor Econômico, o financiamento do BNDES para a fusão da Aché e Biossintética. Será a maior empresa nacional e, espera-se que ela se guie pelos interesses na resolução dos problemas epidemiológicos do país e, não assuma a política dominante de "empurrar" remédios caros e de pouca utilidade.

Um comentário:

Anonymous disse...

Paulo Lotufo
Como explicar o processo para derrubar a patente do Viagra por parte de um laboratório concorrente?