terça-feira, 15 de agosto de 2006

Gazeta Mercantil (15/08): A crise dos planos de saúde

Um relato bem feito do Anuário dos Custos de Planos de Sáude, da Strategy Consultoria e Assessoria:
(1) nos últimos três anos, o setor de planos de saúde perdeu 3% de rentabilidade devido ao aumento das despesas de 19,5% com custos médicos e crescimento das receitas em apenas 16,5%;
(2) sinistralidade (custo médico dividido pela receita) passou de 79,8% da receita em 2003, para 81,9% em 2005;
(3) em 2002, apenas 3,5% do Produto Interno Bruto foi voltado para a saúde. "Na Europa, esse número foi de 6,6%".
(4) "na contramão, o que foi sinônimo de crise para uns, virou oportunidades para outros. Nasceram as empresas focadas em planos para classe C/D com tarifas reduzidas, em torno de R$ 50. "O consumidor classe C é bom pagador. A inadimplência das empresas não passa de 8%", "São mais de 40 milhões de consumidores preparados para entrar neste mercado, desde que as parcelas sejam adequadas à sua renda".
(5) no entanto, uma empresa de saúde do Rio de Janeiro realizou pesquisa para identificar as prioridades da classe C. "Celulares, câmeras digitais e computadores estão entre os primeiros colocados":
(6) Outro instrumento para garantir a rentabilidade são os investimentos em medicina preventiva. "A prevenção virou instrumento de marketing de muitos planos de saúde", diz Raquel da Strategy. "Mas, na prática, a maioria não sabe usá-lo com eficiência", afirma. A idéia seria identificar quais os fatores que atingem com maior intensidade os resultados financeiros como também as necessidades humanas.
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)(Regiane de Oliveira)

Comentário: o setor privado tem deficiências gerenciais muito semelhantes às do setor público. O seu sucesso aparente é mais decorrente de clientela com menor carga de doenças do que pela qualidade de gerenciamento de seus serviços. Mesmo assim, encontram-se em dificuldade. Para exemplificar, os planos de saúde não cobrem cirurgias de esterilização masculina e feminina cujo custo é baixo e, "previniria" gastos futuros com gravidez e novos dependentes. Não há saída para o setor privado a não ser a parceria com o a universidade para educação continuada dos seus profissionais, contratos de complementaridade com o setor público e acordo político perene com as entidades médicas.

2 comentários:

Paulo Lotufo disse...

Arlindo de Almeida, presidente da ABRAMBE, envia hoje (17/08/06) carta à GM reafirmando que os programas de medicina preventive são fundamentais para redução de custos e, que 40 programas já existem em empresas. Afirma também:” a medicina curativa como é praticada, tornará fatalmente inviável qualquer sistema, público ou privado, sobretudo pelo problema de custos não só no Brasil como em outros países. O investimento principal deveria objetivar qualidade de vida, através de hábitos saudáveis.

Paulo Lotufo disse...

Estadão (23/08/2006)
Planos de saúde partem para a prevenção
60% na redução de internações pela Omint depois dos programas de prevenção.
Amil: 40% na redução de procura a pronto-socorros depois de programas específicos.