O Estado de S. Paulo publica reportagem de Paulo Moreira Leite sobre os médicos cubanos na Venezuela. Vale a pena ler e guardar. Do ponto de vista estritamente técnico, as melhorias apresentadas são questionáveis, mas não tenho o relato completo para avaliar. Do ponto de vista dos direitos humanos, o texto do artigo de que merece muita reflexão é apresentado logo a seguir apresentado em negrito:
Mais de 80% dos custos da Missão Bairro Adentro, como o programa é chamado, são bancados diretamente pela PDVSA, a estatal de petróleo. Os médicos cubanos recebem salários que são uma miséria em Caracas - mas equivalem a rendimentos polpudos em Havana. Um médico cubano embolsa um modestíssimo salário mínimo mensal em Caracas (pouco mais de US$ 250) e uma ajuda anual de US $ 600 para seus familiares, que permanecem em Cuba. (Na ilha, um ótimo salário fica em torno de US$ 50 por mês). Os rendimentos dos cubanos explicam a rotina de sacrifícios a que são submetidos na Venezuela, onde não têm direito a recusar atendimento mesmo quando devem visitar um doente em casa, de madrugada. Muitos residem em casas coletivas onde se divide o trabalho de lavar roupa, cozinhar e varrer o chão. Nos fins de semana, os cubanos comparecem a cursos de atualização. Só passeiam em grupos, num regime de vigilância permanente que sugere o receio de que possam fugir do esquema e pedir asilo, como faziam tantos esportistas nos tempos da Guerra Fria. Aldo Muñoz, o vice-ministro da Saúde de Cuba, mudou-se para Caracas, onde mantém e dirige uma estrutura paralela que controla todos os profissionais estabelecidos no país, define seus passos, autoriza deslocamentos e define atividades nas horas de folga.
Como se define alguém que ganha menos do que o mercado de trabalho porque a família se encontra em outro país sem poder emigrar com regime de trabalho? Onde estão as ONGs e a Organização Internacional do Trabalho? O link do artigo é
http://txt.estado.com.br/editorias/2007/01/27/int-1.93.9.20070127.7.1.xmlOs médicos cubanos já encantaram aqui vários governantes, municipais, estaduais e federais há mais de uma década. Hoje, estão em baixa, tanto pela reação do Conselho Federal de Medicina como pela eficiência baixa desses médicos. A luta contra a efetivação desses profissionais foi chamada de "corporativista" por várias autoridades contrariadas em poder "controlar" os médicos tal como os venezuelanos fazem. Ainda bem que há corporações funcionando no país.
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