segunda-feira, 9 de outubro de 2006

O mercado farmacêutico se adapta aos genéricos e co-pagamento.

Causa estranheza ao visitante do país, mais especificamente de São Paulo, o número elevado de farmácias. Sem dúvida temos um número grande que proporciona competição, ao contrário dos Estados Unidos, onde há quase monopólio em algumas cidades. No DCI (07/10/06) revela alguns dados interessantes sob o ponto de vista de um distribuidora de medicamentos, a Panarello: (1) o medicamento genérico já representa 14% das vendas no país e, é responsável pela redução de preço dos medicamentos de marca; (2) as compras do governo aumentaram de 11% para 16% em 2006 do total de medicamentos; (3) três quartos do faturamento das farmácias vem da venda de medicamentos de prescrição; (4) a indústria farmacêutica está negociando diretamente com as grandes redes (11% das vendas dos laboratórios) , aumentando os descontos; (5) os atacadistas (74% das vendas dos laboratórios) estão com dificuldades em repassar descontos para os pequenas e médias farmácias; (6) as distribuidores, entre elas a Panarello, estão investindo na organização dos pequenos e médios para enfrentar a concorrência das redes; (7) o co-pagamento do governo federal já tem impacto no comércio varejista, os pequenos e médios deverão se organizar para aderir ao processo que envolvem investimento em informática.
Comentário: posso ser otimista em demasia, mas assiste-se a um raro acerto entre a eficiência da iniciativa privada e o papel regulador e estimulador do estado. O próximo passo será exigir e controlar as medicações prescritas, a somente - ironia - quem tiver prescrição médica. A política de genéricos (sempre bom lembrar que foi proposta do deputado Eduardo Jorge, então no PT e, aplicada pelo então ministro José Serra) e, agora o fracasso da Farmácia Popular (idéia de Arraes e Chaves), que para manter as aparências evoluiu para o programa excelente de medicamentos a custo baixíssimo para diabetes e hipertensão.

3 comentários:

Anonymous disse...

Prezado Professor,
sou Médico e professor universitário.Sou o oitavo(de dez) filho de Miguel Arraes.Quando o senhor fala do fracasso da farmácia popular,pode até ser verdade na sua implantação,mas não,a meu ver,no seu conceito e na sua implantação quando criada.O Lafepe foi criado em 1963 para regular os preços dos medicamentos,para evitar a especulação do mercado privado.A distribuição de seus medicamentos dava-se através,inicialmente,de uma rede privada de remédios.Cumpriu seu papel.É evidente,que um conceito deve evoluir.No seu texto,o senhor dá a idéia que o governo Arraes estava equivocado em sua política.Permita-me discordar.Era mais uma,entre tantas outras,medidas que tomou ao longo da vida para beneficiar os mais pobres.
Gostaria de esclarecer que meu sobrinho,Eduardo Campos,sequer era nascido.
OBS:Se achar interessante pode postar.Cliquei em anônimo,pela comodidade.
Atenciosamente,
Luiz Arraes

Anonymous disse...

Prezado Professor,
conheço o senhor de nome e admiro seu muito trabalho (tenho,inclusive,um de seus livros).Espero que minha intervenção tenha tido a feição de seu objetivo;a do do debate aberto,honesto.Foi apenas uma pequena observação que me sentir no dever de fazer.
Peço sua compreensão,caso tenha soado diferente.
Com o respeito e o apreço de
Luiz Arraes.

Paulo Lotufo disse...

Esse blog descumpriu um compromisso de fundação: evitar incursões políticas, principalmente as eleitorais. E, pisou na bola, no caso de Miguel Arraes. O sobrenome Campos, de Eduardo, impediu a ligação imediata com seu avô, Miguel, o que fez baixar a guarda das incursões eleitorais indesejáveis nesse blog. Como reparação, a afirmação de que a no MCT de Eduardo Campos foi meritória. Por último, uma reparação a Miguel Arraes: a proposta de 1963 foi muito avançada e,a Farmácia Popular de 2004, muito atrasada porque desconhece tanto a rede de farmácias com muito competição, com a distribuição gratuita nas unidades básicas de saúde. O fato da Farmácia Popular de hoje ter utilizado à quase homônima de 40 anos não a redime de críticas,porém não permite como fiz, creditar a essa iniciativa pioneira, vícios que não teve.