segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Homicídios: Nova Iorque, Rio de Janeiro e São Paulo

Bem, continuando o texto publicado na Folha de S.Paulo, por Alba Zaluar, que afirma que a experiência do criminólogos americanos indica que o homicídio é o indicador de violência menos influenciável pelo policiamento. Ela traz de volta a questão do crack tanto nos EUA como no Brasil como sendo o determinante maior da epidemia de homicídio, uma hipótese muito plausível. Abaixo, o texto

E no Brasil, como estamos? Mal. É verdade que a epidemia de crack também se abateu sobre as cidades do Sudeste, a região mais rica do país, em diferentes momentos e ritmos. No Rio de Janeiro, em 1998 morreram assassinadas 2.406 pessoas, das quais 94% eram homens. Destes, 29% eram brancos, 13% negros e 42% pardos. Em 2005, nos últimos dados disponíveis no Ministério da Saúde, foram 2.044 homicídios, dos quais 95% de homens, 30% brancos, 17% negros e 52% pardos. Uma suada diminuição de 15%. Na taxa de homicídio entre homens de 15 a 39 anos, a queda naquela cidade foi de 20%. No mesmo período, essa taxa de homicídio em São Paulo diminuiu 55%. Em Belo Horizonte, ao contrário, a taxa subiu 230%. Em parte porque as epidemias da cocaína e do crack não foram simultâneas; em parte pelas diferentes estratégias adotadas pelas polícias em cada estado. De todo modo, a queda registrada ainda é muito pouca diante dos extraordinários números de assassinatos nas três cidades mais ricas do país.

Um momento! se, em Nova Iorque a queda foi de 81% de 1990 até 18/11/2007, não é justo afirmar que a queda do Rio de Janeiro de 15% é "suada" entre 1998 e 2005. Simplesmente, não dá para comparar. O mesmo vale para o que ocorre em São Paulo. A queda de 55% em sete anos é muito expressiva, talvez superior ao observado em Nova Iorque.

Outro comentário: a autora reconhece que diferenças entre as três cidades brasileiras (SamPa, Rio, BH) deve-se também a "diferentes estratégias adotadas pelas polícias em cada estado", ou seja o policiamento conta.
Uma picuinha, pela primeira vez na grande imprensa há informação do aumento dos homicídios em BH, que já mostrei superaram as taxas do Rio de Janeiro em 2005. A aliança tucano-petista mineira ignora o problema.
Finalmente, encerrando meus comentários. Os cientistas sociais precisam acreditar que polícia pode e deve ser forma de administração da democracia e, não um "aparato repressivo da burguesia" como gostam de repetir frases dos surrados (e, mal traduzidos) textos do final do século XIX.

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