segunda-feira, 12 de novembro de 2007

A desfibrilação e a proposta de Mário Henrique Simonsen sobre obras públicas.

O lobby para compra de desfibriladores está a toda na imprensa. Capa de Época no fim de semana. Hoje, a Folha de S.Paulo adere com novas "denúncias" que locais públicos não têm o equipamento. O alvo são sempre órgãos públicos ou empresas estatais. Para quem não está atento, a argumentação é a seguinte:
(1) uma pessoa (você) poderá ter um infarto do miocárdio com arritmia grave que poderá ser revertida com o choque do equipamento (desfibrilador); (2) como nunca sabemos onde pode acontecer, vamos convencer vereadores e deputados, a criarem leis que obriguem que todos os locais e estabelecimentos com muito público comprem o equipamento e, com isso você estará seguro"
Por último, há uma informação falsa, como no caso de hoje, a de que três pessoas poderiam ter sido salvas se houvesse o equipamento no local público. Falsa, porque a reversão da arritmia não significará necessariamente melhoria do prognóstico.
Vamos, agora por partes:
(1) equipamentos não salvam ninguém; salvamento necessita de pessoal habilitado para tal;
(2) locais de grande aglomeração necessitam sempre de vigilância e policiamento; essas são as pessoas treinadas para o atendimento básico, o qual poderá se incluir a desfibrilação;
(3) fundamental é ter uma rede de retaguarda após o atendimento básico;
Sobre o tema há muita discussão, mas o melhor texto é o livro "Sudden Death and the Myth of CPR" (Morte Súbita e o Mito da Ressuscitação Cárdio-Pulmonar) de Stefan Timmermans, Temple University Press, 1999. O autor estudou o atendimento hospitalar.
Bem, e Mário Henrique Simonsen?

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