Em 1990, The New England Journal of Medicine publicou o artigo “Increased high-density lipoprotein levels caused by a common cholesteryl-ester transfer protein gene mutation”. Posteriormente, várias empresas, entre elas a Pfizer tentaram chegar `a molécula que poderia inibir a cholesteryl-ester transfer protein, ou seja mimetizar a mutação em japoneses. O resultado foi o torcetrapib. No entanto, esse novo fármaco aumentou a fração HDL do colesterol, mas teve pouca ação na redução do LDL-colesterol. A proposta da Pfizer foi associar a já consagrada atorvastatina (Lipitor) com o torcetrapib em uma ação mais de mercado do que realmente farmacológica. O Lipitor perderá a patente sendo a medicação que mais vende no mundo, 12 bilhões de dólares em 2005. No The Wall Street Journal informa que a Pfizer está patrocinando vários estudos no valor total de 800 milhões de dólares para testar o torcetrapib, porém a própria empresa está noticiando que esse fármaco aumenta a pressão arterial sistólica em 4 mm de mercúrio. Um aumento pequeno para um indivíduo, mas que tem impacto em tratamentos de massa. Um dos estudos em via de publicação compara os aspectos ultrassonográficos de pacientes em uso de atorvastatina/torcetrapib em comparação a somente atorvastatina. O resultado somente terá importância se revelar que a regressão da aterosclerose for a mesma nos dois braços. No caso de resultado favorável à combinação será necessário um longo e grande ensaio clínico para verificar desfechos finais como morte, infarto do miocárdio, doença cerebrovascular e outros eventos cardiovasculares. Tudo isso se o comitês de ética aprovarem o início dos estudos. Para quem nos dias de hoje, duvida da imprensa, um prato cheio: uma revista semanal há seis meses, já glorificou o torcetrapib como uma “solução” para as doenças cardiovasculares.
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