quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Como criar e manter um país injusto.

A leitura de jornal nessa quinta-feira, 30/11/06 revela a conjuntura na área da sáude:
Gazeta Mercantil: a secretaria do Planejamento reduzirá o orçamento para a saúde em 2007 embutindo como gasto em saúde, a famosa "bolsa-família" ou mudando a forma de reajuste prevista na emenda constitucional #29 (EC-29).
Folha de S. Paulo: "A resposta brasileira à aids, resultado de decisão política, do ativismo comunitário e do investimento de recursos, é a prova maior de que o SUS pode dar certo. Com apenas 150 dólares per capita ao ano, o sistema público opera verdadeiro milagre, ao manter 500 mil profissionais e 6.500 hospitais; financiar 1 milhão de internações por mês e dar assistência aos portadores do HIV, aos renais crônicos, aos pacientes com câncer; ao realizar a imensa maioria das cirurgias cardíacas, das internações psiquiátricas, dos transplantes e todo o sistema de urgência e emergência, além da vigilância e da prevenção em saúde". artigo de Caio Rosenthal e Mario Scheffer.

comentário: a redução de custos do governo federal tão em voga em período pós-eleitoral tem como alvo, entre outros, a assistência médica. Eduardo Jorge, um dos mais ferrenhos defensores do SUS e, salvo engano, redator da PEC que originou a EC-29, foi um dos primeiros a mostrar que os atuais detentores do poder político federal, tinham (e, continuam a ter) pouca solidariedade com o restante da população. Afinal, eles utilizaram sempre serviços médicos muito bem financiados, com o dos bancos estaduais, Banco do Brasil e outras estatais. De certa forma, o mesmo valeu para trabalhadores de setores dinâmicos da economia, como o automobilístico, com planos de saúde próprios ou convênios médicos. Também, se beneficiaram no setor público: a memória de ex-residente do Hospital das Clínicas nos anos anos 80 é suficiente para não esquecer o tratamento diferenciado recebido por familiar de líder sindical.

Sabin Institute: simpósio sobre vacinação

Recebi telefonema de Ciro de Quadros, presidente do Sabin Institute, questionando a informação que a instituição que dirige faz lobby para venda de vacinas. Apesar da minha formação católica, não tenho objeção ao comércio ao lucro e, fazer lobby é uma atividade regulamentada em vários países e, melhor ser explícito do que camuflado como no Brasil.
Ele questionou informação de que não haverá brasileiros no simpósio sobre vacinação pneumocócica em São Paulo, citando vários nomes presentes. Por fim, questionou outro post desse blog sobre a vacina para ancilostomíase.
Não redijo esse blog para ofender ninguém. Se falar em lobby e incentivo a venda for assim entendido, retiro minhas palavras. Quanto ao simpósio, ótimo ver brasileiros participando, somente questiono, se essa atividade é uma prioridade do Ministério da Saúde e Secretarias estaduais. Por fim, quanto à vacina para ancilostomíase estou aguardo os dados do Instituto Rene Rachou/FIOCRUZ para continuar meus comentários.
Por fim, recomendo a quem interessar a participar do simpósio cujo programa pode ser lido em
http://www.pneumococcalsymposium2006.com.br/agenda.php

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Conflito de interesse, comissões de ética em pesquisa e a opinião de pacientes

The New England Journal of Medicine publica dois artigos sobre conflito de interesse entre médicos e a indústria farmacêutica. Um deles mostra que há ligações em quantidade e qualidade excessiva entre participantes de comissões de ética em pesquisa e indústria farmacêutica. Outro artigo divulga pesquisa da opinião de pacientes com câncer sobre a ligação de médicos e indústria. Mostrou que os pacientes não se importam se o médico está recebendo algum tipo de remuneração da indústria para prescrever medicamento antineoplásico. Os dos artigos e, um editorial podem ser acessados em http://www.nejm.org

Pfizer corta 20% sales rep

The Wall Street Journal informa que a maior empresa farmacêutica do mundo, a Pfizer cortará 20% dos propagandistas, os famosos sales rep, que mereceriam um estudo antropológico de suas atividades mundo afora.
Calcula-se economia de 400 milhões de dólares!!
A interpretação seria que a empresa está empregando funcionários em número maior do que o necessário para o portfólio dela. Minha impressão é que trata-se de mais uma profissão que está encolhendo. O acesso das empresas farmacêuticas é cada vez mais dirigido a pacientes do que médicos e, o contato da empresa com médicos ocorre cada vez mais por meios eletrônicos.

Wal-Mart & Intel: capitalismo americano não confia na própria indústria da saúde.

Simplesmente surpreendente a notícia do The Wall Street Journal: empresas dinâmicas e lucrativas resolveram se unir para gerenciar a assistência médica. Segundo, o presidente da Intel: "francamente, não acredito que a indústria da saúde é capaz de se modificar".
Aparentemente essa ação assusta médicos e hospitais, porém de certa forma obriga que o paciente exerça papel mais ativo na atenção médica.
Segue o texto na íntegra.
Big Employers PlanElectronic Health Records
By GARY MCWILLIAMSNovember 29, 2006; Page B1
Several big employers are about to deliver an electronic jolt to the U.S. health-care system.
Next week,
Intel Corp., Wal-Mart Stores Inc., British Petroleum and others will disclose a plan to provide digital health records to their employees and to store them in a multimillion-dollar-data warehouse linking hospitals, doctors and pharmacies. Their goal: to cut costs by having consumers coordinate their own health care among doctors and hospitals.
Craig R. Barrett, Intel's chairman, calls portable electronic records "the building-block to modify the U.S. health industry" into a more responsive and cost-conscious system. "I frankly don't think that the industry is capable of modifying itself," he says.
Next week, the companies will announce their collaboration on a records standard to kick-start the plan. Later, about 10 employers are expected to chip in $1.5 million each to construct a data warehouse to store and update the e-records. Once in place, the combination would allow consumers and insurers to evaluate price and performance data from millions of employees. Eliminating duplicate tests and erroneous or lost information would also slash administrative overhead, which is estimated to account for 40% of medical costs. And electronic prescriptions alone could help prevent the 98,000 serious illnesses or deaths that result annually from prescription mistakes.
Doctors could also use the records to measure which treatments worked best for chronically ill groups of patients. In addition, once their records are online, employees could order prescriptions and calculate their out-of-pocket medical costs using software that understands their health plans.
Patient medical records -- often hand-written -- are currently strewn among doctors' offices and hospitals. Computerizing them has long been supported by hospital and doctors' groups, but has foundered on technical and cost grounds. Now, only about 10% of U.S. doctors have a completely electronic record-keeping system.
Coalition members believe that giving consumers control over their own records would help get around the technical and cost issues. But the idea of portable medical records and a massive repository still faces hurdles. Privacy advocates worry that digital records will be misused by employers and insurers to deny jobs or health-care coverage. The watchdog group Patient Privacy Rights Foundation urges employees to shun the approach until there are adequate protections. "The system is leaking information," says Chairwoman Deborah C. Peel, a practicing psychiatrist. "Once out there, it's like a Paris Hilton sex video. It's [there] for the millennium."
The coalition expects to apply a combination of market pressure and incentives to get doctors and hospitals on board. The employers will insist that health-care providers adopt electronic records and prescribing as a condition of future business. Retailer Wal-Mart will apply its purchasing power to get bar codes on products intended for hospitals and clinics. All expect employees to pick doctors willing to use and update their records, though employee compliance is voluntary. According to the companies, the records will be the property of the employees, and the data will be mined by insurers and others only after the patients' identity is stripped off.
"We're trying to bring all the right people to the table and show them what can be done," says Linda M. Dillman, the Wal-Mart executive vice president in charge of the company's budding health-care initiative. A late comer to the health-care debate, Wal-Mart has been criticized for its employee health plans, and it has sought out allies among medical societies and health-care advocates.
Intel and Wal-Mart came together on the initiative last summer at the suggestion of the Centers for Disease Control and Prevention. Each had been meeting separately with the federal agency to discuss its efforts. Wal-Mart's Ms. Dillman describes the linkup as a bit of unexpected luck. "There is only so much you can do internally. To make a difference, you have to reach outside your own four walls," she says.
Both companies' businesses could benefit from the initiative's success. Intel sells chips that power prescription-writing hand-held PCs as well as giant file servers. Wal-Mart, the third-largest pharmacy chain, will soon have 60 "miniclinics" dispensing basic health-care services, and it is rapidly expanding the business.
Wal-Mart and Intel also share a common enemy: benefit costs. Intel figures its health-care spending will be as much as a fifth of its research and development costs by 2009. Wal-Mart says the costs for its 1.3 million U.S. employees, if unchecked, will climb $1 billion annually for the next five years.
While health care in the U.S. has remained paper-based and fragmented. Danish hospitals, pharmacies and general practitioners communicate via a secure, government-supplied network. Danes can go online to book medical appointments, renew prescriptions, view diagnoses and query their doctors.
At the heart of the Intel-Wal-Mart approach is the belief that if price and quality measures apply market pressures, technology can duplicate the integration that government-run health-care systems like the Danish one achieve. The final pieces to the puzzle -- pricing and performance information -- only recently started appearing online. The government posts pricing information using the fees charged to Medicaid. Groups including Hospital Quality Alliance, Ambulatory Quality Alliance and the Wisconsin Collaborative for Healthcare Quality rate hospitals and doctor groups on quality.
"The evidence is beginning to show that what gets measured and reported publicly gets improved faster," says Christopher Queram, president of Wisconsin Collaborative for Healthcare Quality, which began rating southeast Wisconsin hospitals and doctors in 2003.
"If this works, for the first time people and companies will be able to get a sense of how their doctors are doing so they can steer to or from them," says Sheldon Greenfield, director of the health-policy research center at the University of California, Irvine. Costs will fall when consumers can see "other doctors are achieving the same outcomes at lower cost. That's going to eventually affect us," he says.
Suitable quality measures for certain illnesses, such as depression and heart disease, aren't currently available, says Dr. Greenfield. But in other areas, such as diabetes, there are widely accepted ways to measure quality -- and match it to pricing.
The Intel-Wal-Mart plan to offer employees medical records and automatically update those records with hospital, doctor and pharmacy detail "is very ambitious," says Dr. Greenfield, an adviser to Care Focused Procurement LLC., a nonprofit putting together an HMO claims database. "We love the patient as the agent."
"It has always seemed unusual to me that the medical record is seen as the property of the medical system," adds Donald Berwick, chief executive of the Institute for Health Care Improvement, Cambridge, Mass. Tests are duplicated and information lost in the handoff between physicians or clinics. "The best integrator in the end is the patient," Dr. Berwick says.
Write to Gary McWilliams at
gary.mcwilliams@wsj.com

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Câncer de Próstata: uma interpretação diferente, sem alarmes.

O Instituto Nacional do Câncer divulgou os novos dados sobre a mortalidade por câncer no país, na verdade dados do sistema de informação de mortalidade do Datasus. Os jornais de São Paulo deram destaque diferentes. Para a Folha de S. Paulo, o importante foi a queda das taxas de mortalidade por câncer de estômago. Para O Estado de S. Paulo foi o aumento da mortalidade por câncer de próstata.
As notificações de morte por neoplasia maligna de próstata quase dobraram entre 1979 e 2004. As razões são várias:
(1) houve melhora na notificação em geral, com número menor de mortes sem diagnóstico;
(2) o envelhecimento da população propicia o aumento da incidência e, consequentemente mortalidade por cânceres, como o de próstata;
(3) a mortalidade cardiovascular diminuiu, aumentando a probabilidade de morte por outras causas, como os cânceres;
(4) o surgimento de um marcador diagnóstico para o câncer prostático, o PSA, que possibilitou que novos fossem diagnosticados;
(5) o aumento do diagnóstico do câncer de próstata aumenta a proporção de casos que morrem com câncer, mas não de câncer.
(6) esse é um viés de informação da notificação médica em vário países, o de privilegiar o câncer prevalente e, não a causa básica, na maioria das vezes cardiovascular.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Bill Gates, filantropia e prioridades em saúde

Época (27/11/06) apresenta entrevista com Bill Gates, da Microsoft, sobre a atividade de filantropia de sua fundação que terá fundo de US$3 bilhões em 2008. Fundações estrangeiras estimularam atividades na área da saúde no Brasil, como a Rockefeller que financiou a construção do prédio da Faculdade de Medicina da USP. Outras como Ford, Kellogs, Ludwig, Wellcome também atuaram e, ainda atuam trazendo recursos para pesquisas e atividades assistenciais em áreas diversas da saúde pública e da medicina. O objetivo de Bill Gates é financiar o tratamento e prevenção das assim chamadas "doenças neglicenciadas", como aids, tuberculose e malária, entre outras. Muitos brasileiros entendem que a proposta de Bill Gates é extremamente adequada à nossa realidade. Discordo.
Assumir a proposta de Gates implica negar as transformações radicais na relação urbano-rural e na dinâmica demográfica das últimas décadas. O Brasil do "Jeca Tatú" e de "Lampião" é hoje uma caricatura. Somos mais a "Cidade de Deus", um país, onde os problemas urbanos se avolumam em progressão geométrica com impacto em indicadores de saúde como doenças cardiovasculares, doenças mentais e violência.
Há dois anos escrevi editorial sobre doenças neglicenciadas, onde insistia que a doença cerebrovascular por apresentar taxas elevadas no Brasil, representava um exemplo de "negligenciamento" mais moderno. Isso porque a hipertensão arterial, causa principal da doença cerebrovascular, não era considerada como ação prioritária em saúde pública e, o tratamento dos casos agudos da doença cerebrovascular é muito ruim.
Os pronto-socorros de qualquer cidade do país estão lotados de pacientes de meia-idade e idosos com doença cerebrovascular, insuficiência cardíaca, insuficiência arterial periférica, doença pulmonar obstrutiva crônica, traumas de todos os tipos. Entre as crianças há novos vírus como o sincicial respiratório e o metapneumovírus que causam mais internações que todas as negligenciadas somadas.
Bill Gates poderá ajudar as atividades de saúde pública, ou se mal orientado, poderá atrapalhar criando programas que não representam prioridade de ação de saúde pública.

Lavoisier Popular: exames baratos em São Paulo

O Jornal da Tarde (26/11/06) destaca o programa de exames baratos do laboratório Lavoisier. Um glicemia sairá de R$28,00 por R$4,00. Um ultra-som obstétrico custará R$38,00 nesse programa contra R$170,00 nos demais centros diagnósticos.
O preço menor da glicemia se justifica porque quantidade maior de exames implica redução de custo unitário em equipamentos com capacidade ociosa. Mesmo para exame dependente de médico, como o ultra-som, o valor cobrado é semelhante ao recebido de planos de sáude porque há vantagens adicionais como pagamento à vista, ausência de glosa e redução de gastos administrativos para cobrança.
Nada contra essa proposta, muito pelo contrário. Trata-se de medida arrojada que pode alcançar um público que tem dificuldade de acesso aos laboratórios públicos., não somente pela restrição de agendamento como também pela distância e custo de transporte para a realização do exame.

domingo, 26 de novembro de 2006

China impede reunião de hemofílicos

A Reuters noticia que a polícia chinesa proibiu uma conferência de ativistas hemofílicos denominada "Blood safety, AIDS and Human Rights", organizada pelo Beijing Aizhixing Institute of Health Education.
O governo chines, tal como em todas ditaduras, tem verdadeiro horror em reconhecer problemas na saúde pública, porque contradizem a imagem oficial de "higiene social". A epidemia de aids ainda é tabu na China. No entanto, a representante chinesa, Margaret Chan foi eleita para ser a nova diretora da Organização Mundial da Saúde, com o voto brasileiro e, apoio da burocracia da organização.

sábado, 25 de novembro de 2006

A "falência" da saúde pública e os dois casos de sarampo no sertão baiano.

A imprensa anunciou com um certo estardalhaço dois casos de sarampo em cidade há mais de 400 km de Salvador. Trata-se de um um escândalo bom, afinal já estamos nos indignando com dois casos de sarampo em localidade pobre e distante de um grande centro. Há 20 anos, o sarampo grassava nas principais cidades, hoje, encontra-se controlado no país inteiro.
Esse é mais um dos fatos que o pregoeiros da "falência da saúde pública" desconversam, porque não admitem as melhorias introduzidas no país que atingem a toda a população. Há assuntos que não merecem destaque porque vão contra as bases da "falência da saúde pública" como a redução (1) da mortalidade cardiovascular; (2)dos homicídios em São Paulo; (3) da prevalência do tabagismo; (4) da incidência das doenças imunepreviníveis como o sarampo.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

The Lancet: Pena de morte na Líbia para enfermeiras búlgaras e médico palestino.

Nature publicou o abaixo-assinado de cientistas exigindo um julgamento justo para os profissionais (cinco enfermeiras búlgaras, entre elas Valentina Siropulo na foto e um médico palestino) acusados pelo governo líbio de contaminarem crianças com o HIV em um hospital. Agora, The Lancet em editorial transcrito abaixo critica o governo líbio. No Brasil, silêncio. Um bom momento para um abaixo-assinado.
Leia a história completa na página do Human Rights Watch em
http://hrw.org/english/docs/2005/11/14/libya12013.htm onde há afirmação de que as confissões entre aspas foram obtidas - surpresa - sob tortura!
Free the Benghazi Six
Their names are largely unknown, and their case has received far too little attention from the international and their own professional communities. Since 1999, five Bulgarian nurses—Valya Chervenyashka, Snezana Dimitrova, Nasya Nenova, Valentina Siropulo, Kristiana Valceva—and a Palestinian doctor, Ashraf Ahmad Jum'a, have been the victims of a miscarriage of justice in Libya. In that year, these six, who had been working since 1998 at al-Fatih Children's Hospital in Benghazi, were arrested and charged with deliberately infecting more than 400 children with HIV, and causing at least 40 deaths.
They were denied legal representation until arriving in court for trial. In prison, according to human rights organisations, they confessed to the charges, after being tortured with electric shocks to their thumbs, tongues, breasts, and genitals; beaten with cables and sticks; menaced by police dogs; deprived of sleep, and raped. Some of the world's leading experts in HIV, including Luc Montagnier, the co-discoverer of HIV as the cause of AIDS, testified, on the basis of case records and genomic analyses done in Europe, that some of the children had been infected before the workers' arrival at the hospital. The HIV infections, the experts concluded, were caused by poor sanitary practices. But this scientific evidence was ultimately thrown out, and in 2004, the six were sentenced to death by firing squad. Nine Libyan health-care workers who were also charged in the case were acquitted. The six foreigners have been on death row ever since. The case was overturned by the Libyan Supreme Court, and a retrial granted. A verdict is expected on Dec 19.
The Lancet unreservedly denounces this miscarriage of justice. A great deal is at stake here, including Libya's political and diplomatic future. Libya must acknowledge that this case has no legal foundation, and then move to correct the conditions that created the whole sorry situation in the first place. Reforming its broken health-care system and ultimately improving the health of its children and indeed all of its citizens, must begin with saving these six lives.
The Lancet

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Big Pharma: termo pejorativo?

Leitores do blog questionaram o uso e abuso do termo Big Pharma, como se fosse mais uma forma de demonização do capitalismo por esquerdistas ou por ongueiros anti-globalização. Nada disso, o termo é largamente utilizado em vários jornais e revistas, como por exemplo, The Financial Times.

Big Pharma on a mission to woo Democrats
By Stephanie Kirchgaessner in Washington
Published: November 19 2006 20:05 Last updated: November 19 2006 20:05
The pharmaceutical industry was in the enviable position two years ago of having the right friends in the right places in Washington.
Billy Tauzin, the Republican lawmaker, and Thomas Scully, who ran Medicare during President George W. Bush’s first term, were leaving their respective posts to lobby for the drugs industry after securing the addition of a pharma-friendly prescription drug subsidy in the federal healthcare programme for the elderly

Advergaming: a obesidade infantil

A indústria de alimentos está jogando com seus filhos? A pergunta foi feita por Patrícia Salber na página do Medscape (http://www.medscape.com) a partir de pesquisa feita pela Kaiser Family Foundation, "It's Child's Play: Advergaming and the Online Marketing of Food to Children. Advergaming são as mensagens de marcas em videogames online. Os advergaming promovem alimentos com densidade energética alta tal como cereais, biscoitos e lanches. Segundo ela, a indústria de alimentos está investindo milhões de dólares porque houve 12,2 milhões de visitas em três meses por crianças entre 2 a 11 anos nos advergaming Web sites. O estudo completo pode ser lido gratuitamente no site abaixo.
Moore ES. It's child's play: advergaming and the online marketing of food to children. A Kaiser Family Foundation Report. Menlo Park, California: Kaiser Family Foundation; July 2006. Available at: http://www.kff.org/entmedia/upload/7536.pdf Accessed August 23, 2006

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

30 de setembro: o dia da infâmia da segurança medicamentosa

Jerry Avorn na edição de hoje (22/11/06) do The New England Journal of Medicine afirma que essa data deverá sempre ser comemorada com um conferência sobre riscos de medicamentos. Afinal, em 2004, a Merck Sharp & Dohme retirou o Vioxx do mercado e, em 2006, o caso Transylol foi revelado pela imprensa. No mesmo número do NEJM, William Hyatt analisa o caso Trasylol com críticas ao FDA. Ambos os textos -relativamente simples e acessíveis a leigos - podem ser lidos gratuitamente em http://www.nejm.org.
O BLOG noticiou e explicou o caso Trasylol, justamente no dia 30 de setembro (releiam abaixo)
Bayer nega informação ao FDA: o caso Trasylol
Como apresentado no post anterior, parece que o FDA está menos submisso aos interesses das indústrias farmacêuticas. Ontem (29/09/06), a agência denunciou a Bayer de não informar sobre estudo de segurança do medicamento Trasylol (aprotinina) em reunião realizada há uma semana para verificar a segurança do medicamento. A história é interessante. O tratamento do infarto do miocárdio implica em uso de trombolíticos e antiagregantes plaquetários, porém quando há indicação de cirurgia cardíaca há necessidade de ministrar um anti-fibrinolítico para evitar sangramentos. Há três medicamentos no mercado mundial, o ácido epsilon aminocaproico, o ácido tranexamico e a aprotinina. Os dois primeiros são análogos da lisina e a última substância um inibidor da protease com ações semelhantes e, preços bem distintos, inclusive no mercado brasileiro. O Trasylol é exclusividade Bayer. Em janeiro de 2006, The New England Journal of Medicine publicou estudo observacional comparando os três medicamentos com um grupo controle que mostrava risco maior de insuficiência renal, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral. Depois dessa publicação, o impacto foi grande e, obviamente a tentativa em desacreditar os autores foi grande, porém o FDA foi obrigado a fazer um painel a respeito do problema Trasylor que terminou com conclusão favorável ao uso do medicamento. Porém, ontem se revelou que a Bayer ocultou resultado em 65 mil pacientes, aparentemente com resultados apontando para risco maior para quem recebeu a medicação.
O texto básico - um estudo observacional - pode ser lido na íntegra na página
http://www.nejm.org para leitores cadastrados gratuitamente. Mangano DT et al The Risk Associated with Aprotinin in Cardiac Surgery. N Engl J Med 2006;354:353-65.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Ortotanásia: a imprensa faz um bom papel

Observei com atenção a repercussão da decisão do Conselho Federal de Medicina sobre a ortotanásia. Algumas conclusões:
1. a imprensa saiu-se bem com reportagens boas e, articulistas argutos que perceberam a diferença entre eutanásia e a morte. O comentário mais contundente foi em O Globo (21/11/06) de Rosiska Darcy de Oliveira. Quase impossível acessar a versão eletrônica do jornal, o email da autora apresentado no artigo é rosiska.darcy@uol.com.br.
2. a manifestação da Igreja Católica foi vista como estranha para quem não a conhece. Simples, a doutrina católica não admite que se mate (como nos casos polêmicos na qual ela se envolve, como o aborto e a pena de morte) mas aceita que se morra. O título do artigo de Rosiska diz tudo "Quando sai o médico e, entra o padre".
3. a inevitabilidade da morte foi difundida de forma ampla após essa resolução e, esse fato é importante para reverter a idéia e a proposição de que a medicina alcançou ou alcançará a vida eterna. O impacto nos custos hospitalares poderá ocorrer com a redução de internações desnecessárias em terapia intensiva.

Indústria farmacêutica nos EUA faz acordo sobre propaganda na TV

Nos Estados Unidos, ao contrário da maioria dos países é permitida a propaganda de remédios na televisão e na mídia impressa há aproximadamente 15 anos. Várias vezes há equívocos sérios no que é veiculado, motivando a intervenção do Food and Drug Administration, que por sua vez não tem recursos suficiente para analisar todas as propagandas. Um acordo foi estabelecido entre as indústrias e o FDA para que haja pagamento para análise das propagandas em troca de um aumento na velocidade processual de novos fármacos.
A propaganda de remédios na televisão é um erro, mesmo em país onde há necessidade de receita médica para a compra. Ela induz um consumo inadequado e indesejado e, expõe os médicos a pressões por parte dos pacientes, introduzindo um aspecto ruim na relação médico-paciente. Além disso, ela consome uma quantidade enorme de recursos que poderiam estar sendo repassados aos consumidores.

A maioria democrata e os genéricos.

A relação entre o Partido Republicano e a Big Pharma sempre foi evidente e escancarada. Agora, com a maioria democrata controlando entre outros postos, a comissão de saúde da Câmara (House) preve-se um estímulo maior ao uso de genéricos e maior financiamento para a divisão do Food and Drug Administration que aprova os novos genéricos. Além disso há possibilidade que a lei dos genéricos de 1984 seja emendada ou substituída por outra que permita ao FDA autorizar os genéricos de produtos biotecnológicos. Informação do The Wall Street Journal (21/11/06)

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

O socialismo tolo de economistas do BNDES.

Auguste Bebel (1840-1913) foi líder da social-democracia alemã no século XIX, companheiro de Marx e Engels e, autor de uma frase histórica que costuma ser creditado aos outros dois mais famosos: "o anti-semitismo é o socialismo dos tolos". Hoje (20/11/06), na Folha de S. Paulo, três economistas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, jovens ainda para cometer tolices, afirmam entre outras coisas que "...os resultados deletérios não atingem só o Nordeste. A concentração populacional em São Paulo torna a cidade ingovernável. O desemprego favorece a violência. O preconceito é reforçado: boa parte da elite paulistana acredita que tais problemas são causados pelos nordestinos. " Eles lançaram o manifesto do "antipaulistismo". Discutir política fiscal desigual é uma coisa, acusação de preconceito é outra bem distinta. Calma lá! São Paulo é uma cidade inclusiva, ou menos exclusiva que as demais capitais. Há 120 anos, ela praticamente não existia, italianos, portugueses, japoneses, árabes, alemães a construíram na primeira metade do século, depois brasileiros de outras regiões continuaram a tarefa junto com judeus, coreanos, italianos do pós-guerra. Hoje, uma comunidade boliviana se insere cada vez mais no cotidiano de parte da cidade.
Essa nova modalidade de atuação pública de criar polêmica, conseguir platéia e, depois montar uma ONG com verbas públicas já tem sido aplicado em outros setores, como meio ambiente, questão racial, agora, talvez haja interesse na questão regional, visto que a concorrência nas demais áreas é grande. O problema maior é que os três signatários são empregados de empresa pública que decide investimentos no país.
Voltando a Bebel, o "antipaulistismo é o socialismo dos tolos".

Esquenta a briga pelos genéricos a $4 nos EUA

A rede Target que possui mais de 1200 lojas nos Estados Unidos decidiu entrar na briga direta contra o Wal Mart que está vendendo medicamentos genéricos para um mês por 4 dólares. A Wal Mart tinha começado na Flórida e, depois em outros estados. A Target está presente em 47 estados americanos. Espera-se que a CVS e Walgreen´s outras duas redes importantes farmacêuticas também entrem em processo semelhante de vendas.

Genética e Ambiente: acesso livre na web

Genes, Behavior, and the Social Environment: Moving Beyond the Nature/Nurture Debate.
The National Institutes of Health (NIH), Office of Behavioral and Social Sciences Research National Human Genome Research Instituteand the National Institute of General Medical Sciences, 2006Committee on Assessing Interactions Among Social, Behavioral, and Genetic Factors in Health, Lyla M. Hernandez and Dan G. Blazer, Editors
Acesso online em : http://www.nap.edu/catalog/11693.html

As part of a strategy to determine how best to integrate research priorities to include an increased focus on the impact on health of interactions among social, behavioral, and genetic factors, the National Institutes of Health (NIH), Office of Behavioral and Social Sciences Research, in conjunction with the National Human Genome Research Institute and the National Institute of General Medical Sciences, requested that the Institute of Medicine undertake a study to examine the state of the science on gene-environment interactions that affect human health, with a focus on the social environment…..”

Table of Contents
Summary
1 Introduction
2 The Impact of Social and Cultural Environment on Health
3 Genetics and Health
4 Genetic, Environmental, and Personality Determinants of Health Risk Behaviors
5 Sex/Gender, Race/Ethnicity, and Health
6 Embedded Relationships Among Social, Behavioral, and Genetic Factors
7 Animal Models
8 Study Design and Analysis for Assessment of Interactions
9 Infrastructure
10 Ethical, Legal, and Social Implications
11 Conclusion
Appendix A Methodology: Data Collection and Analysis
Appendix B Recommendation from the National Academy of Sciences Report
Appendix C Social Environmental and Genetic Influences on Obesity and Obesity-Promoting Behaviors
Appendix D The Interaction of Social, Behavioral, and Genetic Factors in Sickle-Cell Disease
Appendix E Modern Epidemiologic Approaches to Interaction: Applications to the Study of Genetic Interactions

sábado, 18 de novembro de 2006

As formas de morrer durante a história: agora, anorexia.




As três revistas semanais apresentam a mesma capa com a modelo que morreu vítima de anorexia. Nesse sábado (18/11/06), outro caso fatal foi noticiado em aluna do curso de moda no interior de São Paulo. As explicações foram várias, muito se falou em serotonina e seus derivados, outros na ganância e, por fim uma solução: as agências de modelo irão pedir atestado médico!
Para a epidemiologia e para os estudiosos da história das doenças não há novidade na cadeia causal básica. Cada momento da história, o homem cria e inventa novas formas de viver, de se reproduzir e de morrer. Quando os primeiros Homo sapiens vagavam pelo planeta, viviam catando e coletando alimentos e morriam de causas acidentais e, de fome quando não encontravam nada para se alimentar. Depois, quando domesticaram animais passaram a sofrer de infecções transmitidas por bois, porcos, aves e cavalos que eram fundamentais para a sobrevivência, mas eram e são portadores de vírus e bactérias que causam doença no homem. Recentemente, o surgimento do carro, da automação e da revolução agrícola contemporânea deixou a fome como marca do passado (ou da desigualdade cruel do presente) porém trouxe a epidemia da obesidade e do diabetes.
No caso das três capas, a idealização do ideal de beleza que é veiculado em capas de revistas femininas e de notícias (como a três acima) estimulou um padrão de comportamento em cujo extremo há casos letais. Um teste interessante será conferir na coleção dessas revistas quantas vezes houve destaque para "moda", "luxo", "padrão de beleza", "anti-evelhecimento".

Kerry, Itamar e os remédios.

Na edição de 17/11/06 do The Wall Street Journal há duas notícias sobre medicamentos: uma que a campanha de verdas da Wal Mart de genéricos as 4 dólares, testada na Flórida desde setembro foi espalhada para 31 estados devido ao sucesso obtido. Outra noticia foi a respeito da disputa entre Teva e Ranbaxy, de Israel e India, respectivamente, com o FDA sobre o período de exclusividade do genérico da simvastatina. Um tribunal federal apoiou a ação das duas empresas, com tem ocorrido sistematicamente quando o assunto é "medicamento genérico vs medicamento de marca."

Há dez anos quando estava em Boston, terra de John Kerry e, a lembrança de Itamar Franco reclamando contra os preços de remédios era fresca, fez surgir uma idéia: Itamar seria eleito senador em Massachusetts ser lançasse a proposta do genérico e remédios baratos. Tudo isso porque os idosos e, não idosos, reclamavam muito do preço dos remédios. Agora, penso, se o candidato democrata, o senador John Kerry, tivesse se inspirado em Itamar, talvez o resultado fosse outro.

Alimentos e elixires da Amazônia: um despacho estranho da Reuters

A Reuters lançou um press-release pouco informativo, mas cheio de dicas sobre as benesses de produtos acadêmicos a partir de um relatório da Mintel, que não foi achado na página eletrônica da empresa. Quem souber mais sobre o tema, que se manifeste.
LONDON (Reuters) - Amazonian superfoods and anti-ageing elixirs are likely to set the trend on supermarket shelves next year, a report said on Thursday. Exotic drinks and beauty products based on indigenous resources from the Amazon and personal grooming items for older men are among the top 10 growth areas predicted by trendspotters at Mintel.
Many of the forecast trends are based on growing consumer calls for ethical and environmentally friendly products. "Consumers all round the world are being asked to take a stand and make fundamental changes to their lifestyle, for the sake of the planet's future," said Mintel's David Jago.
The survey said beauty products containing Amazonian botanicals believed to have strong health benefits have already caught on in France and are likely to feed into the fashion for food and cosmetics using natural ingredients in the UK.
Male baby boomers, now reaching retirement age, are seen as a new growth market for the beauty industry.
Teenagers are another key target because of the potential to cultivate brand loyalty that lasted into adulthood.
Packaging is also a strong theme, with manufacturers expected to use more biodegradable or refillable packets.
Mintel forecast consumer concern about the world's natural resources and how their goods are made would continue to push ethical labelling like Fairtrade into the mainstream.
"This will also help to highlight local and seasonal products, symbolizing a return to fresher ingredients that have more of a community-orientated tie," it said

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Violência boa é que aumenta, declínio não interessa

Leio na página eletrônica de O Estado de S. Paulo, o texto reproduzido abaixo da Organización de Estados Iberoamericanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI) que informa que houve aumento dos homicídios entre 1994 e 2004. Sim, é verdade, mas essa tendência agora é declinante, como o próprio relatório apresenta. O autor comete uma impropriedade ao afirmar que a queda foi por causa da campanha do desarmamento. Não há explicação única tanto para o aumento como para a redução das taxas de mortalidade. O autor trabalhou com dados secundários, disponíveis a qualquer pesquisador no ótimo banco de dados do Datasus, por isso suas conclusões merecem críticas. Seria melhor enfocar a questão da violência nas escolas, onde a OEI tem tradição.
Já critiquei que a redução das taxas de homicídios são escondidas nas páginas internas, tanto de O Estadao de S. Paulo como na Folha de S.Paulo. Essa semana, Veja Sao Paulo deu capa sobre o assunto mostrando a queda relevante. Mas, amanhã essa "nova" pesquisa será destaque em toda a imprensa. Aguardem!
Homicídio entre jovens aumentou 64,2% de 1994 a 2004
Relatório aponta alta taxa de mortalidade de jovens por causas violentas
Ligia Formenti
BRASÍLIA - Relatório preparado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI) traduzem em números a tragédia crescente a que a sociedade brasileira passou a conviver: a alta taxa de mortalidade de jovens por causas violentas, principalmente homicídios. Entre 1994 e 2004, o número de homicídio subiu 48,8%, quando se avalia o total da população. Entre os jovens, esse ritmo foi bem mais acentuado, com crescimento de 64,2%.
O estudo mostra que houve uma pequena redução no ritmo de crescimento de homicídios entre 2003 e 2004, atribuído à Campanha de Desarmamento. O autor do trabalho, Julio Jacobo Waiselfisz, no entanto, adverte que tal redução dificilmente irá se manter, caso campanhas semelhantes ou outras políticas não sejam adotadas. Entre 2003 e 2004, a taxa geral de homicídos caiu 5,2%. "Foi um número expressivo, sobretudo quando levamos em conta o fato de o índice quebrar uma tendência de crescimento, que vinha se acentuando até 2003", diz.

Previdência privada acoplada a seguro-saúde: uma boa saída para o problema do idoso.

O Globo revela (16/11/06) revela que há estudos em fase final para vincular a previdência privada complementar ao seguro-saúde já em 2007. Com isso, o idoso após aposentadoria poderia ter cobertura para assistência médica junto com o pecúlio/renda mensal da previdência contratada, além daquela do INSS. A Associação Nacional de Previdência Privada articula com o governo algum tipo de isenção de impostos, que segundo eles, seria uma forma de reduzir a pressão dos idosos, após aposentadoria, nos hospitais vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Seria uma solução para uma parcela que consegue pagar a previdência privada, mas quando privada do seguro-saúde se desvia para o serviço público com maior força de pressão do que os usuários do SUS.
Esse tema é da maior importância para o Sistema Único de Saúde e, mereceria a máxima prioridade do Excelentíssimo Senhor Presidente da República e de toda a sua equipe ministerial. Porém, quem faz lobby para os idosos? Agora, pressão para os "filhos pródigos" é que não falta, principalmente na imprensa e, na bancada governista.

Lula e o filho pródigo

Depois do Sermão da Montanha, a parábola do filho pródigo, minha grande divergência com o Evangelho. Será minha manifestação sobre o tema que ocupa manchetes e noticiários nos últimos dias.

Disse Jesus: Um homem tinha dois filhos. O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte do patrimônio que me toca. O pai então repartiu entre eles os haveres. Poucos dias depois ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou sua herança vivendo dissolutamente. Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome: e ele começou a passar penúria. Foi pôr-se a serviço de um dos senhores daquela região, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Entrando então em si e refletiu: <>. Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu, e, movido pela misericórdia, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. O filho lhe disse então: <>. Mas o pai disse aos servos: <>. E começaram a festa...

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Pós infarto do miocárdio: angioplastia e stent iguais ao tratamento clínico

Na fase aguda do infarto do miocárdio há vantagem na desobstrução das artérias coronárias com angioplastia e, talvez com stents. O raciocínio se estendeu para aqueles pacientes com atendimento depois 12 horas. Ontem, na American Heart Journal foi apresentado estudo com 2166 pacientes com oclusão total da artéria relacionado ao infarto com de 3 a 28 dias pós-infarto. Depois de 4 anos de comparação de angioplastia/stent versus tratamento clínico, os resultados mostraram que a taxa de novo infarto, morte, aparecimento de insuficiência cardíaca foram iguais nos dois grupos. O texto completo pode ser lido na página do The New England Journal of Medicine: http://www.nejm.org.
Esse resultado é mais um tranco na indústria do stent, Johnson & Johnson e Boston Scientific, mas pode significar um apoio maior a quem produz medicamentos para redução de colesterol, de pressão arterial e, adesão plaquetária.
A responsabilidade de médicos e farmacêuticos aumenta e, a necessidade de centros especializados de cardiologia se reduz no contexto da prevenção secundária do infarto do miocárdio. Mesma qualidade, a menor preço para a sociedade.

Ainda, o resultado a eleição americana e a Big Pharma

The Wall Street Journal (15/11/06) traduz (abaixo) em número os efeitos a mudança no Congresso americano. Informa também que as mudanças nas posições de direção irão aumentar nessas empresas. Para quem não está seguindo a questão Big Pharma, o Medicare (atendimento da idosos) financiado pelo governo americano não pode negociar para baixo o preço dos remédios. Uma versão ianque da nossa falecida CIPA dos anos 80 (comissão interministerial de preço) que sempre deixava o preço mínimo ao gosto da empresa, criando verbo "cipar".
Outro aspecto não dito na reportagem é que os interesses da Big Pharma passaram a ser do Estado americano, perdendo somente para o da já famosa indústria do petróleo. O Brasil sofreu vários ataques por causa da política de genéricos e, principalmente na atenção medicamentosa à aids.
Since Election Day, drug stocks have gotten clobbered. Pfizer, Wyeth, Eli Lilly and Novartis have tumbled 5% or more; GlaxoSmithKline, Merck and Johnson & Johnson are down 4% or more; and Bristol-Myers Squibb is down 3.5%.. Add it up, and you've got nearly $50 billion in market value wiped out by Democratic victories. That's the price big pharma is paying for a badly bungled political strategy. For years, the industry operated on the assumption it could get what it wanted out of Washington. Then, when the going got tough, it doubled down on Republicans and ignored a groundswell of public anger over high drug prices.

terça-feira, 14 de novembro de 2006

O prolongamento da vida e o Sermão da Montanha

Da coluna de Jânio de Freitas (Folha de S. Paulo 14/11/06) sobre a decisão do Conselho Federal de Medicina, da omissão do Ministério da Sáude e, da oposição de alguns setores da OAB sobre o prolongamento de medidas artificiais para prolongar a vida, sem outro objetivo, se não de prolongar artificialmente a vida:

Seja o que digam as leis atuais e representantes desta ou daquela seção da OAB, e seja o que o governo decida ou nem decida, uma certeza se tem desde sempre: a medicina não inclui, entre suas finalidades, os sofrimentos inúteis. Quem deseje preservá-los, deve inscrevê-los sob outro nome que não o de medicina.

Aproveito para comprar uma salutar "briga" com amigos médicos e advogados ao mesmo tempo: há compatibilidade entre ser médico e advogado? Lembro o Sermão da Montanha, onde há algo como "não servirá a dois senhores ao mesmo tempo" .

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Decisão inédita da Justiça impede extensão de patente no Brasil

A Folha de S. Paulo (13/11/06) informa que a juíza federal Márcia Nunes de Barros do Rio de Janeiro não acatou a solicitação da Sanofi-Synthelabo em estender até 2013 a patente de Plavix (comercializado pela Sanofi-Aventis e, também pela Bristol-Myers Squibb como Iscover) tal como entendeu a justiça francesa. A juíza brasileira seguiu o interesse público e, também o decidido pela justiça americana que permitiu a importação do genérico do Plavix/Iscover, clopidogrel fabricado no Canadá. A patente do Plavix expirará no Brasil em março de 2007.
Uma saída para os dois laboratórios que comercializam o clopidogrel será lançar o genérico rapidamente, ao mesmo tempo solicitar que o Ministério da Saúde, o inclúa na fórmula de co-pagamento ("Farmácia Popular").

domingo, 12 de novembro de 2006

Idosos e Planos de Saúde: qual a saída?

Leitores e amigos do blog reclamam das notícias sobre seguradoras que planos individuais. Somente ressalto o que ocorre e, destaco duas características: primeiro, as seguradoras estão mais responsáveis do ponto de vista fiscal, afinal em lugar nenhum do mundo, apólices eram negociadas na frente de hospitais; segundo, a situação dos idosos e desempregados que outrora tinham planos individuais ou empresariais, piora dia a dia, porque não há opção, a não ser disputar e entrar nos hospitais públicos. Como essa fração da população costuma ter mais influência, especulo que ela estará ou já está "expulsando" o setor menos reinvidicativo da sociedade que sempre teve com única escolha, os hospitais públicos.
Esse tema é deveria interessar
(1) aos sindicatos de trabalhadores: nos dissídios com empresas que patrocinam planos empresariais de saúde lutar por estender os planos aos aposentados da categoria, incluir ascendentes, por exemplo;
(2) empresas de medicina de grupo: negociar planos com franquia para consulta e exames mais simples, mas garantir internação e cirurgia;
(3) farmácias: estender o sistema de contrapagamento para idosos;
(4) laboratórios privados: fornecer exames a preço da tabela SUS a idosos;

O caso torcetrapib: A Pfizer punida pela American Heart Association

A American Heart Association inicia nessa semana a principal jornada de cardiologia, esse ano em Orlando na Flórida. A Pfizer foi proibida pela organização em apresentar os dados sobre o torcetrapib, substância que eleva a fração HDL do colesterol, porque há 10 dias liberou para a imprensa informações relativa ao efeito indesejado na pressão arterial no uso do medicamento. A associação está no direito dela, qualquer pessoa que apresente trabalho em congresso sabe porque assina o compromisso em não divulgar a informação previamente. A desculpa da empresa - o alto interesse do tema - não justifica o ocorrido. O importante é que pela primeira ( ou talvez segunda ou terceira, mas nunca pela quarta vez), uma associação de especialista bate de frente com um representante da Big Pharma, no caso o maior deles.

sábado, 11 de novembro de 2006

Decisão do CFM: um aspecto não comentado.

O Conselho Federal de Medicina aprovou resolução que pacientes sem qualquer possibilidade de tratamento tivessem tratamento paliativo e, aqueles com morte cerebral parem de receber qualquer suporte de manutenção respiratória e cardiovascular. Melhor para a família e, principalmente para outras pacientes - aqueles com prognóstico positivo - aguardando vaga em terapia intensiva em macas de pronto-socorro que terão um possibilidade maior de internação.

Voto estranho do Brasil na OMS

Apesar de votação secreta, a escolha do secretário geral da Organização Mundial de Saúde teve um voto a descoberto: a do Brasil segundo Jamil Chade, no Estado de S.Paulo (09/11/06). O Brasil votou no candidato da China, que venceu Júlio Frenk, ministro da saúde do México, que ao que parece (vide post anterior com texto do The Lancet) honrou sua biografia e fez uma gestão boa no país latino-americano. Estranho, muito estranho. Será que foi mais uma boa idéia do Itamarati? Vamos, aguardar a palavra do Ministro da Saúde que esteve presente em Genebra para votar.

Vitória dos democratas nos EUA afeta Bolsa européia.

Em despachos de agências internacionais há a notícia da queda das ações da GlaxoSmithKline e AstraZeneca devido à possibilidade de restrição às atividades dessas empresas européias nos Estados Unidos após a vitória do Partido Democrata. Segundo Job Curtis da Henderson Global Investors de Londres: "haverá um clima menos propício a essas corporações".

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Bradesco Seguros: planos individuais encolhem.

Valor Econômico (07/11/06) informa que a Bradesco Seguros representou um terço dos ganhos do Bradesco no terceiro trimestre do ano. O setor saúde está lucrativo devido "fim da venda de planos individuais e controle de custo do plano empresarial. Hoje, 22% da carteira é de plano individual, contra 50% há dez anos."
Comprova-se que os planos individuais ficarão cada vez mais restritos com a saída do Bradesco e, com a venda da carteira individual da Porto Seguro para a Amil.

Eleiçõs legislativas americanas: impacto no complexo médico-industrial.

Muitos brasileiros pensam que o Estado americano é gerido tal como o brasileiro e, outros da América Latina, desde o palácio presidencial. O Presidente americano tem enormes poderes na política externa, mas na definição de prioridades interna, os Estados Unidos são uma república parlamentarista. O Presidente da Câmara, denominado speaker, é quase um primeiro-ministro que não opina sobre política externa, porém as principais leis e, o orçamento dependem muito dele e da maioria na Câmara. Desde 1994, o comando do legislativo é do Partido Republicano. Segundo Marcia Angell, ex-editora do The New England Journal of Medicine, em entrevista na Globo News para Lucas Mendes (junho/06), o domínio da Big Pharma sobre os parlamentares republicanos é total. No momento, perdem somente para o lobby petrolífero.
O enfraquecimento do Food and Drug Administration foi um dos objetivos alcançados pelo Big Pharma. Outro foi empurrar a lei de patentes goela abaixo de países endivididados nos anos 90. Uma das leis mais curiosas aprovadas por proposição da maioria republicana foi que o Medicare, órgão do governo que paga o atendimento ao idoso, não pode fazer licitação concorrencial para compras de medicamentos!!! . Obviamente, como já aqui apresentado, a Big Pharma é o maior financiador do Partido Republicano.
Vamos ver os resultados e, as consequencias de um provável vitória do Partido Democrata. Sob alguns aspectos, essas eleições definem mais o rumo do complexo médico-industrial no Brasil do que a de 01 de outubro. Ser patriota, não elimina o pragmatismo.

domingo, 5 de novembro de 2006

Crianças americanas, filhas de imigrantes ilegais foram afastadas do Medicaid

Medicaid Wants Citizenship Proof for Infant Care. Esse foi o título do texto do The New York Times (03/11/06) onde cidadãos americanos, isto é crianças nascidas no território americano de imigrantes ilegais somente poderão ter acesso aos recursos do Medicaid (para famílias pobres) se, os pais não se identificarem e, mostrarem os documentos legais da criança, mostrando que são cidadãos americanos. Isso depois, da revogação de uma lei federal de 1984 que permitia atendimento a todas as crianças até um ano de idade.
Os imigrantes ilegais não tem acesso ao Medicaid, exceto para emergência e gestação. Filhos nascidos de mães atendidas no parto no Medicaid eram imediatamente matriculados nos programas de puericultura. Agora, há necessidade da certidão de nascimento, cuja expedição demora de acordo com o Estado e cidade de nascimento. Segundo, Marilyn E. Wilson, do Tennessee Medicaid : “The federal government told us we have no latitude. All states must change their policies and practices. We will not be able to cover any services for the newborn until a Medicaid application is filed. That could be days, weeks or months after the child is born.”
Dos quatro milhões de nascimento, um terço é coberto pelo Medicaid. O número de mães que são imigrantes ilegais não é conhecido.
Desnecessário, comentar o ocorrido. Espera-se mudanças, após as eleições legislativas da próxima terça-feira, quando os democratas, talvez consigam maioria no Congresso.

Líbia e aids: médico e enfermeiros condenados.

Nature apresenta no seu website (http://www.nature.com) uma petição de cientistas de todo o mundo solicitando um julgamento justo para cinco enfermeiros búlgaros e um médico palestino acusados de terem contaminado 426 crianças em um hospital de Bengazi, em 1998. Eles se encontram presos desde então e, foram sentenciados a morte em 2004 e, agora encontram-se em novo julgamento. Em, 2003, uma comissão independente européia, concluiu que a culpa era das péssimas condições de higiene do hospital, que reutiliza(va) as seringas.

Ditaduras destetam manchar a sua imagem com doenças: em 1974, o Brasil escondeu a meningite, recentemente, a China se omitiu em relação à SARS. Outras ditaduras apresentam indicadores de saúde sempre positivos , eu reservo o direito de duvidar. Onde não há imprensa livre, ministério público atuante e, judiciário autônomo, dados demográfico-sanitários são suspeitos de manipulação. Por isso, nesse caso manifestos tem importância, merecem ser lidos e, divulgados.

Abaixo, a carta aberta ao ditador da Líbia, Coronel Muhamar Khadaffi
Dear Colonel Muammar al-Gaddafi:
We, Nobel Laureates in the sciences, are gravely concerned about the ongoing trial of five Bulgarian nurses, Valya Chervenyashka, Snezhana Dimitrova, Nasya Nenova, Valentina Siropulo, Kristiana Valcheva, and a Palestinian doctor, Ashraf Ahmad Jum'a, in Tripoli. The six face death-penalty charges of deliberately infecting 426 children with HIV at al-Fateh Children's Hospital in Benghazi in 1998. Strong scientific evidence is needed to establish the cause of this infection. However, independent science-based evidence from international experts has so far not been permitted in court.
Libya is currently making efforts to join the community of peaceful nations by renouncing weapons of mass destruction and adhering to international standards regarding the rule of law. This trial is another opportunity for Libya to demonstrate its commitment to recognized values and norms. But so far Libya has failed to follow the norms of international justice in the case of the charged medical workers.
We appreciate the agony and the sadness of the parents of these children and we sympathize with the difficult situation of the Libyan authorities in trying to deal with this matter. However, we feel that if justice is to be served it is essential that the defence should be permitted to present its case.
Among the disallowed scientific evidence is a 2003 report, which Libya requested, and which was provided by Luc Montagnier, a co-discoverer of the virus that causes AIDS, and Italian microbiologist Vittorio Colizzi. The report concluded that the infection at the hospital resulted from poor hygiene and reuse of syringes, and also that the infections began before the arrival of the nurses and doctor in 1998.
On 29 August 2006, a Libyan prosecutor reiterated the call for the six to be given the death penalty. The next, and probably last, court hearing is scheduled for the 4 November, with a verdict expected shortly thereafter. A miscarriage of justice will take place without proper consideration of scientific evidence. We urge the appropriate authorities to take the necessary steps to permit such evidence to be used in this case.
To uphold justice, and ensure a fair trial, we affirm the need for:
Defence lawyers to have the right to call and examine witnesses on the health workers' behalf under the same conditions as witnesses called against them, and
The appropriate authorities to call upon internationally recognized experts in AIDS research to examine and testify on the evidence as to the cause of the HIV infections in the children.
Yours sincerely,Richard J. Roberts and 113 fellow Nobel Laureates

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

A Pfizer em sinuca de bico: o caso do torcetrapib

Em 1990, The New England Journal of Medicine publicou o artigo “Increased high-density lipoprotein levels caused by a common cholesteryl-ester transfer protein gene mutation”. Posteriormente, várias empresas, entre elas a Pfizer tentaram chegar `a molécula que poderia inibir a cholesteryl-ester transfer protein, ou seja mimetizar a mutação em japoneses. O resultado foi o torcetrapib. No entanto, esse novo fármaco aumentou a fração HDL do colesterol, mas teve pouca ação na redução do LDL-colesterol. A proposta da Pfizer foi associar a já consagrada atorvastatina (Lipitor) com o torcetrapib em uma ação mais de mercado do que realmente farmacológica. O Lipitor perderá a patente sendo a medicação que mais vende no mundo, 12 bilhões de dólares em 2005. No The Wall Street Journal informa que a Pfizer está patrocinando vários estudos no valor total de 800 milhões de dólares para testar o torcetrapib, porém a própria empresa está noticiando que esse fármaco aumenta a pressão arterial sistólica em 4 mm de mercúrio. Um aumento pequeno para um indivíduo, mas que tem impacto em tratamentos de massa. Um dos estudos em via de publicação compara os aspectos ultrassonográficos de pacientes em uso de atorvastatina/torcetrapib em comparação a somente atorvastatina. O resultado somente terá importância se revelar que a regressão da aterosclerose for a mesma nos dois braços. No caso de resultado favorável à combinação será necessário um longo e grande ensaio clínico para verificar desfechos finais como morte, infarto do miocárdio, doença cerebrovascular e outros eventos cardiovasculares. Tudo isso se o comitês de ética aprovarem o início dos estudos. Para quem nos dias de hoje, duvida da imprensa, um prato cheio: uma revista semanal há seis meses, já glorificou o torcetrapib como uma “solução” para as doenças cardiovasculares.

IBGE (Assistência Médico Sanitária): número de leitos alto ou baixo?

O IBGE publicou mais uma pesquisa de assistência médico-sanitária (AMS) com inúmeros dados distribuídos em 164 páginas que podem ser arquivadas diretamente de http://www.ibge.gov.br . Lerei com atenção todo o texto, mas agora comento a repercussão na imprensa sobre a informação mais destacada: diminui o número de leitos, mas aumentou a ocupação deles. Bom ou Mal? Houve especulação e excesso de verbos no condicional. Ficarei feliz quando um pesquisador quando questionado responder: Não Sei! O motivo:
As pesquisas do IBGE são caras e difíceis de serem executadas e, somente esse órgão tem estrutura para fazer um retrato do país. Mesmo com essa qualidade elas não permitem inferências causais, pelo motivo simples que não foram delineadas para atingir esse objetivo. O IBGE sofre com a manipulação política, tal como já ocorreu no estudo da PNAD sobre estado nutricional e padrão dietético. Quem quiser, ao menos aparentar seriedade precisa ler o texto e, depois comentar e, apresentar suas conclusões como meras especulações.
No caso da região metropolitana de São Paulo, mais especificamente a Zona Oeste da Capital, posso afirmar que é preciso expandir o número de leitos de adultos e, manter o número atual dos destinados a crianças e gestantes. O Hospital Universitário da USP é quase a única referência pública na região com 265 leitos (há também um hospital municipal com 70 leitos, dos quais 70% de maternidade) com a ocupação adequada em torno de 80% dos leitos e, um programa de atendimento domiciliário com 100 pacientes. O HU foi escolhido em edital público para dirigir uma pesquisa de políticas públicas financiada pelo Ministério da Saúde e FAPESP, para estudar e atuar nas assim chamadas "internações evitáveis". O projeto está na fase inicial de implantação junto a três unidades do programa saúde da família. Essa pesquisa e, outras poderão indicar se há excesso de internações ou falta de leitos, mas com certeza não haverá uma resposta para o país como um todo.

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Planos de saúde individuais encolhem

A Gazeta Mercantil (31/10/06) apresenta os dados da consultoria Towers Perrin sobre a assim chamada “saúde suplementar” que atende “36 milhões” (sic, porque nunca vi a estimativa publicada de forma rigorosa desse número). (1) os planos de saúde corporativo representam 68% dos planos, se considerarmos somente os planos novos depois da lei 9658/98, os planos coletivos chegam a 76% do universo de vidas cobertas; (2) a inflação anual brasileira nos custos da “saúde suplementar” é de 12%; (3) a divisão do mercado por categorias de prestadores é a seguinte: planos de saúde =49%; medicina de grupo = 21%; autogestão = 18%; cooperativas = 12%; (4) os executivos principais das empresas ainda não participam nem interferem nas decisões relativas aos planos de saúde.
Comentário: os planos individuais tendem a ser parte residual do sistema privado de assistência médica, tal como ocorre em todos os países. A existência desses planos foi reflexo mais uma deficiência do sistema, do que uma qualidade. Em parte, a presença da inflação e, a tradicional incompetência brasileira em calcular custo permitiu que esses planos sobrevivessem. A explicação é simples: a adesão individual é quase sempre de risco. Há 20 anos observei em um hospital privado de São Paulo, o sucesso do corretor vendendo planos de seguro de saúde para quem tinha acabado de sair do hospital e, passar no caixa.

Bolsa de Estudos em Harvard: Lemann Fellowships em Saúde Pública.

Uma boa e rara notícia: um brasileiro, Jorge Paulo Lemann que enriqueceu com a Mesbla, Brahma, Ambev e Lojas Americanas e do banco Garantia está dispondo parte do seu dinheiro com brasileiros que sejam aceitos na pós-graduação na Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard em Boston, Estados Unidos. Lemann poderia estar gastando seu dinheiro em Las Vegas, mas preferiu colaborar uma das mais fantásticas instituições de ensino, onde você pode almoçar rodeado pela humanidade, tamanha a diversidade do alunado da escola de saúde pública. Aguardamos outras propostas concorrentes ao Lemann Fellowships. Abaixo, a apresentação e forma de contato.
The Lemann Fellowships give Brazilians who work or aspire to work as professionals in public health, public policy or education the opportunity for advanced study and training through a degree program at Harvard University so as to help build a stronger, more effective public sector in Brazil. Dates and Deadlines: For information on HSPH application deadlines, please visit: http://www.hsph.harvard.edu/admissions. Lemann Fellowships are awarded on an annual basis after admissions decisions are made. Recipients must re-apply for additional funding after their first year.
Contact Information:
Committee on General Scholarships
Harvard University
1430 Massachusetts Avenue, 6th floor
Cambridge, MA 02138
Tel. +1 (617) 496-9367
Fax: +1 (617) 496-4545
e-mail:
cgs@fas.harvard.eduhttp://www.scholarship.harvard.edu