Como é muito chique fazer apologia do crime, estou aderindo ao discurso da classe média culpada sei-lá-do-que de solidariedade a criminosos. Bem, explicando melhor e, retirando o sarcasmo da frase anterior, o fato de gangues estarem falsificando receituários e carimbos de médicos para vender benzodiazepínicos já é um avanço. Como? Primeiro, que não há mais jeitinho nas farmácias. Segundo, médicos estão recusando à chantagem corriqueira de vizinhos, parentes, professores de inglês, treinadores de academia, pais de amigos dos filhos que pedem, solicitam, ameaçam por um receitinha de Lexotan ou outros benzodiapínicos. Já tratei disso em Doutor, não colabore com o tráfico de drogas. Abaixo, reportagem do Jornal da Tarde.
MP denuncia tráfico de receitas
Esquema funciona livremente na Praça da Sé
Felipe Grandin e Fernanda Aranda
O Ministério Público (MP) vai investigar o tráfico de receitas médicas que acontece livremente no Centro da Capital. O esquema foi denunciado na quarta-feira pelo Jornal da Tarde. A reportagem comprou quatro receituários e com um deles adquiriu um medicamento tarja preta, de uso controlado, em uma farmácia. A oferta é tão grande que há até concorrência: o preço das receitas varia de R$ 20 a R$ 70.O remédio e os receituários adquiridos pelo JT foram entregues ao MP, que encaminhou o material à polícia e determinou a abertura de um inquérito para apurar o crime. Cópias da denúncia foram enviadas ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), para apurar a eventual irregularidade na conduta dos médicos, e à Vigilância Sanitária, que investigará se houve conivência ou falha na fiscalização.O promotor Eronides dos Santos, que formalizou a denúncia, diz achar difícil, no entanto, que esses profissionais estejam envolvidos no crime. 'Temos que investigar, mas muito provavelmente não houve participação de médicos e agentes públicos', disse. O presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), Henrique Gonçalves, concorda: 'Invariavelmente os médicos não conhecem quem cometeu o crime.'Segundo o promotor, o importante será a investigação policial, pois tudo indica que os receituários foram roubados ou falsificados. 'Pela investigação podemos chegar a quem cometeu o furto ou à gráfica que fez a falsificação. Pode ser até uma quadrilha organizada', afirma Santos.Na quarta-feira, três homens foram presos pela Polícia Militar depois do esquema ser denunciado pelo JT. O plaqueiro Oliveira Ferreira, de 73 anos, Roberto Joaquim da Silva, de 58, conhecido como Macumba, e Luis Carlos do Nascimento, 46, o Cabeção, foram autuados em flagrante por falsificação de documento público, exercício ilegal da medicina e por fornecer remédio em desacordo com a receita. Junto com eles, foram apreendidas 40 receitas e atestados médicos, 15 cartelas de medicamentos controlados e um carimbo com nome de médico.A porta de entrada do tráfico de receituários são os 'homens-placa' que anunciam atestados médicos na Praça da Sé. Os plaqueiros levam os compradores até os traficantes, que fornecem as receitas ou os próprios remédios controlados. Durante a reportagem, foi oferecido até um serviço de delivery, em que o medicamento é entregue na casa do 'cliente'.
Esquema funciona livremente na Praça da Sé
Felipe Grandin e Fernanda Aranda
O Ministério Público (MP) vai investigar o tráfico de receitas médicas que acontece livremente no Centro da Capital. O esquema foi denunciado na quarta-feira pelo Jornal da Tarde. A reportagem comprou quatro receituários e com um deles adquiriu um medicamento tarja preta, de uso controlado, em uma farmácia. A oferta é tão grande que há até concorrência: o preço das receitas varia de R$ 20 a R$ 70.O remédio e os receituários adquiridos pelo JT foram entregues ao MP, que encaminhou o material à polícia e determinou a abertura de um inquérito para apurar o crime. Cópias da denúncia foram enviadas ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), para apurar a eventual irregularidade na conduta dos médicos, e à Vigilância Sanitária, que investigará se houve conivência ou falha na fiscalização.O promotor Eronides dos Santos, que formalizou a denúncia, diz achar difícil, no entanto, que esses profissionais estejam envolvidos no crime. 'Temos que investigar, mas muito provavelmente não houve participação de médicos e agentes públicos', disse. O presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), Henrique Gonçalves, concorda: 'Invariavelmente os médicos não conhecem quem cometeu o crime.'Segundo o promotor, o importante será a investigação policial, pois tudo indica que os receituários foram roubados ou falsificados. 'Pela investigação podemos chegar a quem cometeu o furto ou à gráfica que fez a falsificação. Pode ser até uma quadrilha organizada', afirma Santos.Na quarta-feira, três homens foram presos pela Polícia Militar depois do esquema ser denunciado pelo JT. O plaqueiro Oliveira Ferreira, de 73 anos, Roberto Joaquim da Silva, de 58, conhecido como Macumba, e Luis Carlos do Nascimento, 46, o Cabeção, foram autuados em flagrante por falsificação de documento público, exercício ilegal da medicina e por fornecer remédio em desacordo com a receita. Junto com eles, foram apreendidas 40 receitas e atestados médicos, 15 cartelas de medicamentos controlados e um carimbo com nome de médico.A porta de entrada do tráfico de receituários são os 'homens-placa' que anunciam atestados médicos na Praça da Sé. Os plaqueiros levam os compradores até os traficantes, que fornecem as receitas ou os próprios remédios controlados. Durante a reportagem, foi oferecido até um serviço de delivery, em que o medicamento é entregue na casa do 'cliente'.
CarimbosOntem, o JT mostrou também que qualquer um pode fazer o carimbo de médico e falsificar as receitas de medicamentos controlados. A reportagem encomendou por fax dois modelos com nome fictício e CRM inativo em lojas diferentes do Centro. Não foi preciso apresentar nenhum documento. Os carimbos com o nome de Alberto Caeiro,uma das identidades usadas pelo poeta português Fernando Pessoa, ficaram prontos no mesmo dia, ao custo de R$ 6 e R$ 15,90
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