The Lancet publica edição dedicada à doença pulmonar obstrutiva crônica, DPOC, uma situação clínica crítica que provoca muitas internações e, um pouco menos de mortes do que as doenças cardiovasculares e o cânceres. A prevalência é elevada, quase 10% da população. A determinação da doença pelo tabagismo é direta. Destaco o exemplo da China onde há um número expressivo de mortes por DPOC em fumantes passivos. Nesse mesmo país, relata outra reportagem da revista, as autoridades econômicas são contra qualquer tipo de controle do tabagismo. Conhecemos esse argumento há décadas no Brasil, até que um dos seus propositores morreu precocemente de câncer de pulmão.
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
Etnia e mortalidade infantil em Pelotas, RS.
No American Journal of Public Health artigo de Alicia Matijasevich da Universidade Federal de Pelotas mostrando as diferenças na mortalidade infantil de acordo as raças na cidade de Pelotas. Artigo completo solicitar para amatija@yahoo.com
Abstract
Objectives. We analyzed trends in mortality among infants born to White and to Black or mixed-race women in 3 population-based cohorts representing all births in 1982, 1993, and 2004 in Pelotas, southern Brazil.
Methods. Births were assessed during daily visits to all maternity hospitals. Maternal skin color was classified by the interviewers as White or Black or multiracial. We used logistic regression to adjust for socioeconomic, demographic, and health services variables.
Results. The mortality rate among infants born to White mothers declined from 30.4 per 1000 live births in 1982 to 13.9 per 1000 in 2004, compared with 53.8 per 1000 to 30.4 per 1000 among those born to Black and mixed-race mothers. Differences for neonatal mortality were even more marked, with reductions of 47% and 11% for infants born to White and Black or mixed-race women, respectively. Adjusted analyses showed that ethnic group differences in neonatal and infant mortality were partly explained by differences in poverty and prenatal care. Conclusions. Over a 22-year period, improvements in health indicators were greater for infants born to White women than for other infants. The widening racial gap requires special attention from policymakers
Abstract
Objectives. We analyzed trends in mortality among infants born to White and to Black or mixed-race women in 3 population-based cohorts representing all births in 1982, 1993, and 2004 in Pelotas, southern Brazil.
Methods. Births were assessed during daily visits to all maternity hospitals. Maternal skin color was classified by the interviewers as White or Black or multiracial. We used logistic regression to adjust for socioeconomic, demographic, and health services variables.
Results. The mortality rate among infants born to White mothers declined from 30.4 per 1000 live births in 1982 to 13.9 per 1000 in 2004, compared with 53.8 per 1000 to 30.4 per 1000 among those born to Black and mixed-race mothers. Differences for neonatal mortality were even more marked, with reductions of 47% and 11% for infants born to White and Black or mixed-race women, respectively. Adjusted analyses showed that ethnic group differences in neonatal and infant mortality were partly explained by differences in poverty and prenatal care. Conclusions. Over a 22-year period, improvements in health indicators were greater for infants born to White women than for other infants. The widening racial gap requires special attention from policymakers
Obesidade, uma característica associada à pobreza
Mais um artigo com dados das ótimas pesquisas do IBGE e Ministério da Sáude há 30 anos. Trata-se de publicação no American Journal of Public Health do professor Carlos Augusto Monteiro da Faculdade de Saúde Pública da USP. Artigo completo pode ser solicitado a carlosam@usp.br
Objectives. We sought to update income-specific secular trends in obesity in Brazil to assess the hypothesis that the disease burden is shifting toward the poor.
Methods. We compared overall and income-specific obesity prevalence rates estimated for Brazilian men and women from national surveys conducted in 1975, 1989, and 2003. We calculated age-adjusted prevalence ratios to assess time trends.
Results. In the first 14-year period examined (1975–1989), obesity rates among men and women increased by 92% and 63%, respectively, and increases were relatively higher among individuals in lower income groups. In the second 14-year period (1989–2003), there were further increases in obesity among men, and again increases were larger among the poor. In this second period, the obesity rate remained virtually stable in the overall female population, but it increased by 26% among women in the 2 lower income quintiles and decreased by 10% among women in the 3 higher income quintiles.
Conclusions. We uncovered, for the first time in a developing country, solid national-level evidence that the burden of obesity is shifting toward the poor.
Methods. We compared overall and income-specific obesity prevalence rates estimated for Brazilian men and women from national surveys conducted in 1975, 1989, and 2003. We calculated age-adjusted prevalence ratios to assess time trends.
Results. In the first 14-year period examined (1975–1989), obesity rates among men and women increased by 92% and 63%, respectively, and increases were relatively higher among individuals in lower income groups. In the second 14-year period (1989–2003), there were further increases in obesity among men, and again increases were larger among the poor. In this second period, the obesity rate remained virtually stable in the overall female population, but it increased by 26% among women in the 2 lower income quintiles and decreased by 10% among women in the 3 higher income quintiles.
Conclusions. We uncovered, for the first time in a developing country, solid national-level evidence that the burden of obesity is shifting toward the poor.
terça-feira, 28 de agosto de 2007
Assista o Simpósio sobre Inovação em Saúde na USP
Ao vivo, acesse http://iptv.usp.br.
Hoje, das 08 às 18 horas muito debate sobre Inovação em Saúde na Universidade de São Paulo.
Hoje, das 08 às 18 horas muito debate sobre Inovação em Saúde na Universidade de São Paulo.
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Cooperativas médicas, porque não? Outros profissionais, melhor não.
Comento reportagem da Folha de S. Paulo sobre a crise da assistência médica no Nordeste.
Crise na saúde revela poder das cooperativas
A greve dos médicos em Estados do Nordeste revelou um fenômeno novo no país: governos estaduais e municipais têm se tornado reféns das cooperativas médicas, que funcionam como intermediárias entre as instituições e os profissionais.A avaliação é de pesquisadores e de gestores públicos, que vêem com preocupação o avanço dessa força de trabalho no SUS. Ao menos 20% dos 350 mil médicos brasileiros já estão cooperativados, segundo a federação nacional dessas entidades (Fencom), que reúne 43 cooperativas no país.O poder das cooperativas chegou a um tal nível que Estados como Paraíba, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Espírito Santo dependem delas para compor o quadro de profissionais -sobram vagas nos concursos públicos.A equação é simples: desmotivados pelos baixos salários no SUS, os médicos preferem deixar o serviço público -ou nem ingressar nele- e se associar às cooperativas.
A greve dos médicos em Estados do Nordeste revelou um fenômeno novo no país: governos estaduais e municipais têm se tornado reféns das cooperativas médicas, que funcionam como intermediárias entre as instituições e os profissionais.A avaliação é de pesquisadores e de gestores públicos, que vêem com preocupação o avanço dessa força de trabalho no SUS. Ao menos 20% dos 350 mil médicos brasileiros já estão cooperativados, segundo a federação nacional dessas entidades (Fencom), que reúne 43 cooperativas no país.O poder das cooperativas chegou a um tal nível que Estados como Paraíba, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Espírito Santo dependem delas para compor o quadro de profissionais -sobram vagas nos concursos públicos.A equação é simples: desmotivados pelos baixos salários no SUS, os médicos preferem deixar o serviço público -ou nem ingressar nele- e se associar às cooperativas.
Comento: repetindo o texto, a equação é simples, o médico abandona a perspectiva de estabilidade, aposentadoria integral (ou FGTS, se celetista) por ganhar mais e, com certeza trabalhar mais do que se somente empregado. Qual o mal nisso???
Assim, prestam serviços tanto ao setor suplementar como ao público, chegando a triplicar seus ganhos."Fizemos um grande concurso, mas a gente não consegue contratar os especialistas, eles não participam", diz Anselmo Tose, secretário da Saúde do Espírito Santo.Em Pernambuco, das 142 vagas oferecidas em uma seleção em abril, só 86 foram preenchidas. Dos cerca de cem médicos que pediram demissão neste mês, 13 neurocirurgiões não voltaram ao trabalho e querem formar uma cooperativa, segundo a pasta da Saúde.Na Paraíba, de 70% a 90% dos profissionais mantêm vínculos com cooperativas. No Ceará, a situação é semelhante: cerca de 52% dos profissionais dos hospitais são terceirizados ou ligados a cooperativas."O Estado pode ficar refém das cooperativas", diz João Ananias, secretário da Saúde do Ceará. Para Adelmaro Cavalcanti Júnior, secretário da Saúde do Rio Grande do Norte, em seu Estado o risco já é realidade, com a dependência das cooperativas de especialidades.O secretário da Saúde de Alagoas, André Valente, disse que durante a greve dos médicos, que terminou na quinta-feira, foi cogitada a opção de contratar cooperativas, depois abandonada. "Experiências em outros Estados mostram que não é a melhor alternativa. Elas sabem o poder que têm e podem usar isso contra o Estado."No Espírito Santo, por exemplo, os médicos recebiam no máximo R$ 2.000 mensais no serviço público.Organizados em cooperativas, passaram a ganhar R$ 6.000 pelas mesmas tarefas, segundo José Augusto Ferreira, presidente da Fencom."
Comento: esses secretários acham que o profissional deve se submeter ao salário que eles desejam. Ainda, não captaram as relações trabalhistas, mais simples. Vivem ainda pensando no canavial nordestino. Refém fica a população não assistida quando não se contratam os profissionais que ela necessita.
A cooperativa torna o médico mais forte, dá mais segurança, como estamos vendo no Nordeste. A cooperativa suporta um movimento desse", diz.Lígia Bahia, pesquisadora do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde, afirma que a disseminação das cooperativas fragiliza o sistema público de saúde. "[Elas] Não têm a perspectiva de SUS, de saúde universal.
Comento: quem mais fragiliza o SUS, Lígia são os governadores que desviam verba para almoço a um real, prefeitos que transferem dinheiro para coreto e fonte luminosa e, principalmente o governo federal que contigencia o orçamento aprovado pelo Congresso. Cooperativas não tem perspectiva nenhuma, a não ser remunerar os próprios cooperativados. Da mesma forma, Lígia, sindicatos também não têm a perspectiva do SUS, somente querem ganhar mais e, fazer a população refém com greves repetidas. O atual presidente da Câmara dos Deputados quando presidente do sindicato dos médicos sempre deixou claro que não tinha qualquer compromisso com a assim chamada "saúde pública", somente com os interesses da categoria. Basta ver as greves no governo Erundina em São Paulo.
"O Ministério Público do Trabalho também está preocupado com essa expansão. Por um acordo com a Procuradoria Regional do Trabalho da Paraíba, o Estado e a Prefeitura de João Pessoa não poderão manter contratos com profissionais de saúde por meio de cooperativas a partir de 31 de dezembro."Estava havendo uma manipulação da saúde pública por essas entidades", diz o procurador do Trabalho Eduardo Varandas. Ferreira, da Fencom, discorda. "A cooperativa é um mecanismo de defesa do médico", afirma.
Comento: Se entendi que há "cooperativa" de profissionais não exatamente liberais como enfermeiros, auxiliares de enfermagem, pessoal de apoio e administrativa, concordo com o MPT.Para mim, o cooperativa se aplica a alguns profissionais, em outros, é a chamada precarização da mão de obra.
Por que defendo cooperativa para médicos (estendo a odontólogos, fisioterapeutas, p.ex) e não para enfermeiro, por exemplo? fica para outro post.
O apagão da saúde e o contigenciamento do orçamento do Ministério
A grave crise vivida na assistência médica no Nordeste e restante do país é em grande parte, devido ao contigenciamento do orçamento do Ministério da Saúde e, também pela não regulamentação da emenda constitucional 29. Agora, Lula liberou parte do orçamento do Ministério. O apagão da saúde já foi previsto no blogue. Não resisto ao exercício de auto-citação e, transcrevo o post de 14 de dezembro de 2006, onde já apresentava o "vilão" Paulo Bernardo, ministro do planejamento.
Quando houver, um "apagão" na assistência médica (por exemplo, no atendimento a emergências nos grandes centros) por falta de recursos em hospitais públicos, por favor senhores e senhoras, culpem Luiz Inácio Lula da Silva e Paulo Bernardo. Em tempo, não há sargentos na área da saúde para assumir culpas.
Vejam, matéria do Folha on Liline.
27/08/2007 - 19h06Lula determina liberação de R$ 2 bilhões para a saúde
Tânia Monteirode Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou nesta segunda-feira (27), durante reunião de coordenação política, o descontingenciamento de R$ 2 bilhões para atender a área da saúde.Esses recursos vinham sendo solicitados pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Segundo fontes do governo, o presidente está preocupado com a situação de saúde nos Estados.Ficou acertado que Temporão será convidado a participar da próxima reunião de coordenação política. Na reunião de hoje, ficou definido também que o governo vai dar encaminhamento à discussão da regulamentação da emenda 29, que fixa as porcentuais de aplicação obrigatória em saúde por parte dos Estados e municípios.
Tânia Monteirode Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou nesta segunda-feira (27), durante reunião de coordenação política, o descontingenciamento de R$ 2 bilhões para atender a área da saúde.Esses recursos vinham sendo solicitados pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Segundo fontes do governo, o presidente está preocupado com a situação de saúde nos Estados.Ficou acertado que Temporão será convidado a participar da próxima reunião de coordenação política. Na reunião de hoje, ficou definido também que o governo vai dar encaminhamento à discussão da regulamentação da emenda 29, que fixa as porcentuais de aplicação obrigatória em saúde por parte dos Estados e municípios.
domingo, 26 de agosto de 2007
A pesquisa da Folha de S.Paulo sobre os melhores hospitais
A Folha de S.Paulo publica nesse domingo pesquisa entre médicos sobre os melhores hospitais da cidade de São Paulo em um caderno especial recheado de publicidade dos próprios hospitais e clínicas. Nada contra, desde que não confundissem hospitais fechados com os abertos. A pesquisa permite que a menção ao Hospital das Clínicas seja considerada. Ora, vamos e venhamos. Uma coisa é administrar hospital restrito a uma clientela que paga diretamente ou por meio de seguro-saúde e convênios. Outra coisa é organizar o atendimento "24/7 " para todos em vários níveis de complexidade. Uma coisa é ditar o preço do seu serviço, outro é receber um pacote decidido em Brasília.
Um desafio como dirigente do Hospital Universitário que fiz a um outro de instituição privada fechada: que tal trocarmos de clientela por seis meses para vermos que é mais competente? A resposta: nem por seis minutos!
Outro aspecto importante é ainda a hipervalorização por parte dos entrevistados dos equipamentos de última geração como indicador de qualidade e, prejuízo da valorização da enfermagem, essa sim o fator básico de qualidade hospitalar.
Por último, fica evidente a importância da Faculdade de Medicina da USP na formação dos médicos em todos esses hospitais.
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
A pedidos: greve e demissões
A pedidos: sou contra greve no setor saúde. Quem não estiver contente com o que ganha e como trabalha, pode e deve reinvidicar novas condições de remuneração e de atividade profissional. Se, não atendido, deverá procurar outro lugar, se demitindo. O empregador descobrirá quando não tiver mais a quem contratar que há necessidade de melhores salário e condição de trabalho. O que não pode existir é o "finja que trabalha, que finjo que pago". Agora, advirto que haverá iluminados propondo médicos cubanos ou brasileiros formados em Cuba como solução para a baixa remuneração no Nordeste.
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
A disputa presidencial nos EUA: o financiamento do setor saúde
The New England Journal of Medicine publica artigo excelente (acesso livre) mostrando o financiamento das campanhas presidenciais e, a participação do "setor saúde". Esse artigo enfatiza o que já falava a muito nesse blogue: depois da guerra do Iraque, a assistência médica será o principal tema. E, não menosprezem o ex-governador de Massachusetts, Mitt Rommey que iniciou a cobertura universal naquele estado. Ele é o segundo maior receptor de fundos do setor saúde, a primeira, obviamente é Hillary Clinton. Meu prognóstico é que os dois disputarão a presidência pelos respectivos partidos, fingirão que não há guerra no Iraque e, se mostrarão que são muito mais dedicados à causa da cobertura universal do que o (a) oponente.
Em 2006, os maiores contribuidores eleitorais foram os setores financeiros, bancários e imobiliários. O segundo foi o da saúde, cuja participação foi da Big Pharma, seguido dos hospitais, das associações profissionais e, por último das medicinas de grupo.
quarta-feira, 22 de agosto de 2007
Aniversário do Blog
Completou um ano de idade, o Blog do Paulo Lotufo. Dirigido à elite, ele está sendo lido pela elite, sem qualquer preconceito. Jornalistas e assessores de imprensa representam um proporção generosa dos frequentadores assíduos dessas páginas.
Graças a Roberto Romano, ao blog do Alon e a revista Pesquisa Médica houve saltos no acesso a esse blogue.
O enfoque principal continuará ser a macropolítica da saúde e da educação em mundo globalizado há muito tempo.
No início enveredei um pouco no midia criticism, mas confesso que não é a minha especialidade e, trata-se de tarefa das mais difíceis. Por isso, abandonei o acompanhamento da imprensa, exceto na cobertura da violência, em particular das taxas de homicídio, que considero um dos equívocos mais sérios da cobertura jornalística brasileira.
Outro lado, que evitei foi o passionalismo da blogosfera não entrando em questões político-partidárias. Quem gosta de sangue, terá outros locais para extravasar suas frustações. Por isso, limitei várias manifestações que considerei indevidas.
As questões relacionadas a direitos humanos -enfermeiras búlgaras presas na Líbia - tiveram grande repercussão, bem como o caso Avandia que proporcionou um recorde de acessos e, segundo uma jornalista foi o local onde parte da imprensa da área se atualizou.
Por uma questão de disciplina profissional, estou dedicando meia hora do dia para editar o post do dia. Haverá sempre mais temas para comentar do que tempo para editá-los.
Obesidade infantil nos EUA: pesquisa de opinião
The Wall Street Journal realiza pesquisa de opinião sobre a epidemia de obesidade na infância há três anos. A preocupação com o problema aumentou de 77% em 2005 para 84% agora. A maior responsabilidade é dos pais para 83%, seguido das escolas por 28%, indústria alimentícia com 27% de menções em respostas múltiplas. Aumentou de 65% para 78% a proporção de americanos que concordam muito que as propagandas dirigidas a crianças representam um fator importante na determinação da obesidade. Outros aspectos considerados também relevantes são a péssima dieta e pouca atividade física nas escolas e o excesso de uso de jogos e equipamentos eletrônicos pelas crianças em casa. Três quartos do entrevistados concordam que deve haver limite à publicidade dirigida às crianças e, 90% consideram importante o uso da contra-propaganda, aquela a favor de alimentos pouco calóricos e da atividade física.
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
Vasectomias: a realidade e os planejadores
O Estado de S.Paulo repercute informação do Ministério da Saúde sobre o aumento do número de vasectomias no Brasil. Desculpem, mas não consigo outro termo a não ser: bobagem! A vasectomia foi somente legalizada e, agora contabilizada. Ela é realizada há décadas nos hospitais públicos, pronto-socorros e unidades básicas de saúde por médicos que são procurados por mulheres indicando o marido ou pelo próprio homem pedindo o procedimento. Médicos altruístas em sua grande maioria, operavam código de cirurgia "varicocele". Conheço médico que há vinte anos fazia a cirurgia no plantão do pronto-socorro depois da meio-noite (menor movimento) por quem o procurasse antecipadamente. Não recebia um centavo por fora, a não ser bolos e doces que dividia com os colegas. Outro colega fez tantas vasectomias no serviço público e, gratuitamente em instituição filantrópica, que quando se candidatou a cargo eletivo pensou que se elegeu pelo seu forte discurso ideológico de esquerda, mas descobriu depois que a maioria dos seus eleitores eram pacientes e familiares operados por eles.
Esses fatos mostram a crueldade de todos os encastelados no poder formal e informal contra a contracepcção dos pobres mantiveram anos a fio. Somente agora, há um mínimo de cidadania reprodutiva. Ao contrário de algums médicos que consideram a legislação atual permissiva, eu a considero restritiva, apesar de ser um avanço. Afinal, quem tem 1000 reais para pagar a vasectomia pode realizá-la bons hospitais de São Paulo, sem qualquer discussão prévia. Mas, no serviço público há um enormidade de exigências decorrente da lei vigente.
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
Direitos Reprodutivos: ao vivo no Rio ou pelo Canal Saúde
"Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos:subsídios para as políticas públicas"
Dia: 24 de agosto de 2007 Horário: 14 às 18 horas
Local: UFRJ - Campus da Praia Vermelha no Rio de Janeiro
Av. Pasteur, 250, Urca - CEP: 22290-240 Salão Pedro Calmon
O Seminário tem como objetivo apoiar as políticas públicas e ações em defesa dos direitos sexuais e reprodutivos, contrapondo-se ao fundamentalismo religioso e ao conservadorismo moral que ameaçam as ações do Estado Laico em favor de: a) garantir o planejamento familiar e reprodutivo, não coercitivo, como parte integrante do conjunto de ações de atenção à mulher e ao homem, dentro de uma visão de atendimento global e integral à saúde; b) viabilizar o controle das doenças sexualmente transmissíveis e o controle da epidemia de AIDS; e c) tratar o aborto como uma questão de saúde pública. Princípios estes já definidos na Constituição Brasileira, na Lei do Planejamento Familiar e em Convenções Internacionais, como a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, do Cairo, em 1994 e a IV Conferência Internacional de Mulheres, de Beijing, em 1995, dos quais o Brasil é signatário.
14:00 – 14:30 hs - Mesa de Abertura
Coordenação: José Alberto Magno de Carvalho – ABEP e FACE/CEDEPLAR/UFMG
Instituições: ABRASCO, ABEP, CNPD, ENCE, FIOCRUZ, IE/UFRJ e UNFPA
14:30 – 16:20 hs – Painel
A contribuição acadêmica para as políticas públicas de direitos sexuais e reprodutivos
Coordenação: Elizabeth Meloni Vieira - CNPD/USP
Políticas de Planejamento Reprodutivo no Brasil - Suzana Cavenaghi – ABEP/IBGE
Aborto no Brasil - Débora Diniz - Anis/UnB
A situação da DST/AIDS no Brasil - Francisco Inácio Bastos - FIOCRUZ
Os Direitos Reprodutivos no Brasil – Margareth Arilha - CCR
16:40 – 17:30 hs – Painel
Políticas Públicas de Direitos Sexuais e Reprodutivos
Coordenação: Paulo Buss – Presidente da FIOCRUZ
Ministro da Saúde - José Gomes Temporão
Ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres - Nilcéa Freire
17:30 – 18:00 hs - Encerramento
Assinatura da “Carta do Rio de Janeiro” pelas pessoas e autoridades presentes e
entrega às autoridades
Coordenação: Estela Aquino – ABRASCO/UFBA
Dia: 24 de agosto de 2007 Horário: 14 às 18 horas
Local: UFRJ - Campus da Praia Vermelha no Rio de Janeiro
Av. Pasteur, 250, Urca - CEP: 22290-240 Salão Pedro Calmon
O Seminário tem como objetivo apoiar as políticas públicas e ações em defesa dos direitos sexuais e reprodutivos, contrapondo-se ao fundamentalismo religioso e ao conservadorismo moral que ameaçam as ações do Estado Laico em favor de: a) garantir o planejamento familiar e reprodutivo, não coercitivo, como parte integrante do conjunto de ações de atenção à mulher e ao homem, dentro de uma visão de atendimento global e integral à saúde; b) viabilizar o controle das doenças sexualmente transmissíveis e o controle da epidemia de AIDS; e c) tratar o aborto como uma questão de saúde pública. Princípios estes já definidos na Constituição Brasileira, na Lei do Planejamento Familiar e em Convenções Internacionais, como a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, do Cairo, em 1994 e a IV Conferência Internacional de Mulheres, de Beijing, em 1995, dos quais o Brasil é signatário.
14:00 – 14:30 hs - Mesa de Abertura
Coordenação: José Alberto Magno de Carvalho – ABEP e FACE/CEDEPLAR/UFMG
Instituições: ABRASCO, ABEP, CNPD, ENCE, FIOCRUZ, IE/UFRJ e UNFPA
14:30 – 16:20 hs – Painel
A contribuição acadêmica para as políticas públicas de direitos sexuais e reprodutivos
Coordenação: Elizabeth Meloni Vieira - CNPD/USP
Políticas de Planejamento Reprodutivo no Brasil - Suzana Cavenaghi – ABEP/IBGE
Aborto no Brasil - Débora Diniz - Anis/UnB
A situação da DST/AIDS no Brasil - Francisco Inácio Bastos - FIOCRUZ
Os Direitos Reprodutivos no Brasil – Margareth Arilha - CCR
16:40 – 17:30 hs – Painel
Políticas Públicas de Direitos Sexuais e Reprodutivos
Coordenação: Paulo Buss – Presidente da FIOCRUZ
Ministro da Saúde - José Gomes Temporão
Ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres - Nilcéa Freire
17:30 – 18:00 hs - Encerramento
Assinatura da “Carta do Rio de Janeiro” pelas pessoas e autoridades presentes e
entrega às autoridades
Coordenação: Estela Aquino – ABRASCO/UFBA
terça-feira, 14 de agosto de 2007
Dr Google e Dr Microsoft
Esse é o título de matéria de capa do The New York Times: Dr Google and Dr Microsoft. O objetivo é criar um prontuário médico on line. A primeira vez que vi um projeto de prontuário médico informatizado foi 1983. A cada seis meses conheço "um jovem recém formado na Poli ou no ITA", ou então "o representante de uma empresa que já trabalhou com a Harvard" sempre um projeto "revolucionário": o prontuário médico eletrônico, informatizado. Todos os avanços até o momento nessa área são localizados: exames laboratoriais, unidade de terapia intensiva ou então em pesquisa clínica. Mas, nenhum projeto totalizante conseguiu ser implantado em nenhum lugar do planeta.
Nos Estados Unidos calcula-se que 20% dos pacientes tem dados em prontuário eletrônico, mas sem acesso à informação, que encontra-se restrita unicamente ao hospital. A proposta seria um prontuário do indivíduo do qual ele tivesse controle total.
Como sempre no quesito "informação" há duas possibilidades: 1. direito do indivíduo saber de tudo sobre suas condições de saúde e doença ou 2. controle por planos de saúde e governos e fim da privacidade
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
A medicina sem médicos: A Minute Clinic
Lideranças médicas, professores de medicina, dirigentes de saúde precisam se debruçar sobre o fenômeno da “medicina genérica” ou “medicina sem médicos” como estou denominando a tendência recente surgida no assim chamado “terceiro mundo” com a “medicina cubana” e , agora nos Estados Unidos com as “retail clinics” .A Minute Clinic apresentada na figura é produto da empresa CVS, a mais importante rede de farmácia dos Estados Unidos. Nesses locais há tratamento para infecção das vias aéreas superiores, bronquite e infecção urinária. Ou seja, uma substituição da atividade médica.
Aqui, temos uma discussão parecida com a consulta pública da ANVISA sobre atuação em farmácias, mas localizada em dois casos específicos: o controle da pressão arterial e a glicemia capilar.
Obviamente, a proposta vinda das lideranças médicas será aquela exposta na proposição de lei do ato médico, o que não representará nenhum passo adiante na compreensão e solução do problema. A base real que motiva a proposta do "médico genérico" é a insuficiência de oferta de atendimento de procuras motivadas por queixas mais freqüentes, justamente aquelas que os médicos não gostam de atender nos pronto-socorros.
Aqui, temos uma discussão parecida com a consulta pública da ANVISA sobre atuação em farmácias, mas localizada em dois casos específicos: o controle da pressão arterial e a glicemia capilar.
Obviamente, a proposta vinda das lideranças médicas será aquela exposta na proposição de lei do ato médico, o que não representará nenhum passo adiante na compreensão e solução do problema. A base real que motiva a proposta do "médico genérico" é a insuficiência de oferta de atendimento de procuras motivadas por queixas mais freqüentes, justamente aquelas que os médicos não gostam de atender nos pronto-socorros.
domingo, 12 de agosto de 2007
A expectativa de vida nos Estados Unidos.
Por que os Estados Unidos tão ricos e gastando tanto em saúde não tem a maior expectativa de vida do planeta? No texto US Slipping in Life Expectancy Rankings publicado hoje no The Washington Post há tentativas de explicação como
(1) A major one is that 45 million Americans lack health insurance, while anada and many European countries have universal health care, they say. But "it's not as simple as saying we don't have national health insurance," said Sam Harper, an epidemiologist at McGill University in Montreal. "It's not that easy."
(2) Adults in the United States have one of the highest obesity rates in the world. Nearly a third of U.S. adults 20 years and older are obese, while about two-thirds are overweight, according to the National Center for Health Statistics. "The U.S. has the resources that allow people to get fat and lazy," said Paul Terry, an assistant professor of epidemiology at Emory University in Atlanta. "We have the luxury of choosing a bad lifestyle as opposed to having one imposed on us by hard times."
(3) Racial disparities. Black Americans have an average life expectancy of 73.3 years, five years shorter than white Americans.
Black American males have a life expectancy of 69.8 years, slightly longer than the averages for Iran and Syria and slightly shorter than in Nicaragua and Morocco.Forty countries, including Cuba, Taiwan and most of Europe had lower infant mortality rates than the U.S. in 2004. The U.S. rate was 6.8 deaths for every 1,000 live births. It was 13.7 for Black Americans, the same as Saudi Arabia. "It really reflects the social conditions in which African American women grow up and have children," said Dr. Marie C. McCormick, professor of maternal and child health at the Harvard School of Public Health. "We haven't done anything to eliminate those disparities."
(1) A major one is that 45 million Americans lack health insurance, while anada and many European countries have universal health care, they say. But "it's not as simple as saying we don't have national health insurance," said Sam Harper, an epidemiologist at McGill University in Montreal. "It's not that easy."
(2) Adults in the United States have one of the highest obesity rates in the world. Nearly a third of U.S. adults 20 years and older are obese, while about two-thirds are overweight, according to the National Center for Health Statistics. "The U.S. has the resources that allow people to get fat and lazy," said Paul Terry, an assistant professor of epidemiology at Emory University in Atlanta. "We have the luxury of choosing a bad lifestyle as opposed to having one imposed on us by hard times."
(3) Racial disparities. Black Americans have an average life expectancy of 73.3 years, five years shorter than white Americans.
Black American males have a life expectancy of 69.8 years, slightly longer than the averages for Iran and Syria and slightly shorter than in Nicaragua and Morocco.Forty countries, including Cuba, Taiwan and most of Europe had lower infant mortality rates than the U.S. in 2004. The U.S. rate was 6.8 deaths for every 1,000 live births. It was 13.7 for Black Americans, the same as Saudi Arabia. "It really reflects the social conditions in which African American women grow up and have children," said Dr. Marie C. McCormick, professor of maternal and child health at the Harvard School of Public Health. "We haven't done anything to eliminate those disparities."
Quem quiser avaliar indicadores demográficos de todos dos países do globo, o contribuinte americano nos fornece acessem dois sites: http://www.census.gov/ipc/www/idb/ e
http://www.cdc.gov/nchs/fastats/lifexpec.htm
http://www.cdc.gov/nchs/fastats/lifexpec.htm
sábado, 11 de agosto de 2007
Venezuela: dois sistemas e a dependência cubana.
The Lancet nessa semana traz reportagem no estilo "dois lados" sobre o sistema de saúde venezuelano. (acesso livre, clique aqui). Destaco e comento alguns trechos da reportagem.
President Hugo Chavez's popular social missions have brought free primary health care directly to low-income communities in Venezuela. But critics say that these new health services have grown at the expense of the country's existing hospitals. (.....)
Parabéns!
This contrast illustrates perfectly the reality of the current state of the country's public-health system. Instead of re-equipping and improving existing hospitals, the government has poured millions of dollars into creating a parallel social health-care system, which still is not growing fast enough to meet people's needs.
Esse é o grande equívoco da escola sanitarista. Ao desprezar os hospitais criam um gargalo imenso para a atenção básica. Já assistimos a esse filme e, vários municípios brasileiros. No Brasil, a crítica ao modelo hospitalocêntrico surge pela esquerda, mas rapidamente foi apropriado pelo que existe de pior: "universidades" com "faculdades de medicina" sem hospital-escola e, "governadores e governadoras" que desviaram recursos de hospital para sopão a um real.
The major advances under Chavez's government in health revolve around the social development programmes known as missions. These programmes are funded principally by the state oil company Petroleos de Venezuela, which, by riding the wave of an oil boom, has fuelled the government's political projects and kept the economy afloat.The mission Barrio Adentro (inside the neighbourhood), the banner social programme of the Chavez government in 2003, has brought primary health care directly to the poorest Venezuelans. The programme has been tremendously popular with citizens who are unable to pay private health insurance and has boosted the president's ratings
Muitos criticam o fato de uma empresa PDSA estar envolvida nesse processo. Ao contrário, eu considero um avanço. Pudera ter sido feito antes na Venezuela e ocorrido em outros países. Melhor do que financiar times de futebol corruptos até a medula.....e, que estão a beira do descenso.
The patients are attended to in their own neighbourhoods by Cuban doctors, who are on loan in exchange for oil shipments. The mission began with just 54 Cuban doctors in 2003 and has expanded throughout the country. According to figures from the health ministry, some 26 819 doctors are now practising in Venezuela.
Aí, está o ponto nevrálgico desse processo. Argumenta-se que os médicos venezuelanos não querem trabalhar nos lugares pobres. Bobagem, basta pagar adequadamente. Esse também é um discurso recorrente no país, incluindo um ex-ministro bem longe ideologicamente da esquerda. Lembro que em bairros pobres de qualquer país faltam supermercados baratos, delegados, investigadores, professores, não somente médicos. Hoje, em "O Estado de S.Paulo" há informação que o auxílio da Venezuela em petróleo a Cuba já suplantou o apoio da ex-União Soviética nos anos 80. A compensação cubana seriam os médicos. Em outras palavras, a utilização de médicos cubanos pouco tem a com os correspondentes profissionais venezuelanos, mas sim é conseqüência da geopolítica do governo Chaves. Quanto a "empresa cubana de médicos genéricos" já manifestei anteriormente minha opinião em Médicos Cubanos na Venezuela: seu nome é escravidão.
The original Barrio Adentro I programme was initially characterised by two-storey, octagonal brick clinics located in poor urban areas which serve both as offices and residences for doctors. That model has been giving way to well equipped clinics capable of providing advanced health care to Venezuelans. The second phase of the programme, Barrio Adentro II, was inaugurated in 2005 with the opening of 30 diagnostic centres, 30 rehabilitation centres, and several high technology centres. The high-tech centres provide nuclear magnetic resonance tests, three dimensional ultrasound, mammography, video endoscopy, and electrocardiography, among other services.
Muito bom, mas somente médicos venezuelanos estão capacitados a utilizar esses equipamentos. Mesmo assim, com hospitais sucateados não haverá como tratar quem foi diagnosticado nesses centros.
“One of the problems in the country is the presence of supposed Cuban doctors. We have determined through studies that only one in every ten of these doctors is really qualified to be practising in medicine while the others are simple technicians”,
“One of the problems in the country is the presence of supposed Cuban doctors. We have determined through studies that only one in every ten of these doctors is really qualified to be practising in medicine while the others are simple technicians”,
Esse fato que há "médicos" cubanos também recebi de duas pessoas diferentes, brasileiro e português que conheceram o trabalho dos cubanos em Angola.
Há um outro dado na apresentado no artigo, mas já citado nesse blogue, que foi a censura aos dados de homicídio em 2004 em diante. Por isso, os indicadores vindos da Venezuela sempre serão positivos..
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
O mundo mais triste: morreu Kurt Kloetzel
Tristeza. Morreu Kurt Kloetzel nesse domingo, 05 de agosto de 2007. Para quem não sabe, ele foi o mentor desse blogueiro e, como idéias não morrem, sempre o será. Kurt foi uma figura especial, sempre questionador, incomodado com aquilo que para os demais seria normal e corriqueiro. Como editor de "Diagnóstico & Tratamento" abri a ele, aquilo que tristemente, descobri foram os seus últimos escritos publicados. Espero que haja mais. A todos, que conviveram com Kurt, a lembrança daquele, que um dia escreveu o seguinte epitáfio: AQUI JAZ QUEM SEMPRE PROCUROU SARNAS PARA SE COÇAR ! E, AS ENCONTROU!
Kurt nasceu em Hamburgo, na Alemanha, no dia 22 de março de 1923, formou-se pela Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo em 1955, trabalhou no Departamento de Parasitologia e no Instituto de Medicina Tropical da mesma Faculdade. Ele foi um dos iniciadores da Universidade Estadual de Londirna e do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal de Pelotas . Publicou vários livros, como o ABC do Charlatão, para mim, um clássico, bem antes dos modismos de medicina baseada em evidência. Aos familiares, o pesar que dirijo ao meu querido amigo Daniel, seu filho.
quarta-feira, 8 de agosto de 2007
Avandia, o voto vencido na reunião do FDA.
Clifford Rosen, endocrinologista que dirigiu a comissão do FDA que manteve a comercialização do Avandia nos Estados Unidos foi voto vencido na reunião de 30 de julho. Hoje, no The New England Journal of Medicine ele apresenta as razões do seu voto. (clique aqui, acesso livre) O artigo é simples e de fácil compreensão por não médicos ou epidemiologistas. Em suma, o FDA considera que o importante é reduzir a glicemia, mesmo que o diabético tenha um infarto do miocárdio.
Meu mestre, Virgílio Gonçalves Pereira, um clínico fantástico, adorava afirmar que alguns médicos preferiam assinar atestado de óbito de um paciente com exames normalizados, a dar alta com exames alterados.
terça-feira, 7 de agosto de 2007
Nonpharmaceutical Interventions Implemented by US Cities During the 1918-1919 Influenza Pandemic
Howard Markel, MD, PhD; Harvey B. Lipman, PhD; J. Alexander Navarro, PhD; Alexandra Sloan, AB; Joseph R. Michalsen, BS; Alexandra Minna Stern, PhD; Martin S. Cetron, MD
JAMA. 2007;298:644-654.
Context A critical question in pandemic influenza planning is the role nonpharmaceutical interventions might play in delaying the temporal effects of a pandemic, reducing the overall and peak attack rate, and reducing the number of cumulative deaths. Such measures could potentially provide valuable time for pandemic-strain vaccine and antiviral medication production and distribution. Optimally, appropriate implementation of nonpharmaceutical interventions would decrease the burden on health care services and critical infrastructure.
Objectives To examine the implementation of nonpharmaceutical interventions for epidemic mitigation in 43 cities in the continental United States from September 8, 1918, through February 22, 1919, and to determine whether city-to-city variation in mortality was associated with the timing, duration, and combination of nonpharmaceutical interventions; altered population susceptibility associated with prior pandemic waves; age and sex distribution; and population size and density.
Design and Setting Historical archival research, and statistical and epidemiological analyses. Nonpharmaceutical interventions were grouped into 3 major categories: school closure; cancellation of public gatherings; and isolation and quarantine.
Main Outcome Measures Weekly excess death rate (EDR); time from the activation of nonpharmaceutical interventions to the first peak EDR; the first peak weekly EDR; and cumulative EDR during the entire 24-week study period.
Results There were 115 340 excess pneumonia and influenza deaths (EDR, 500/100 000 population) in the 43 cities during the 24 weeks analyzed. Every city adopted at least 1 of the 3 major categories of nonpharmaceutical interventions. School closure and public gathering bans activated concurrently represented the most common combination implemented in 34 cities (79%); this combination had a median duration of 4 weeks (range, 1-10 weeks) and was significantly associated with reductions in weekly EDR. The cities that implemented nonpharmaceutical interventions earlier had greater delays in reaching peak mortality (Spearman r = –0.74, P < .001), lower peak mortality rates (Spearman r = 0.31, P = .02), and lower total mortality (Spearman r = 0.37, P = .008). There was a statistically significant association between increased duration of nonpharmaceutical interventions and a reduced total mortality burden (Spearman r = –0.39, P = .005).
Conclusions These findings demonstrate a strong association between early, sustained, and layered application of nonpharmaceutical interventions and mitigating the consequences of the 1918-1919 influenza pandemic in the United States. In planning for future severe influenza pandemics, nonpharmaceutical interventions should be considered for inclusion as companion measures to developing effective vaccines and medications for prophylaxis and treatment.
Howard Markel, MD, PhD; Harvey B. Lipman, PhD; J. Alexander Navarro, PhD; Alexandra Sloan, AB; Joseph R. Michalsen, BS; Alexandra Minna Stern, PhD; Martin S. Cetron, MD
JAMA. 2007;298:644-654.
Context A critical question in pandemic influenza planning is the role nonpharmaceutical interventions might play in delaying the temporal effects of a pandemic, reducing the overall and peak attack rate, and reducing the number of cumulative deaths. Such measures could potentially provide valuable time for pandemic-strain vaccine and antiviral medication production and distribution. Optimally, appropriate implementation of nonpharmaceutical interventions would decrease the burden on health care services and critical infrastructure.
Objectives To examine the implementation of nonpharmaceutical interventions for epidemic mitigation in 43 cities in the continental United States from September 8, 1918, through February 22, 1919, and to determine whether city-to-city variation in mortality was associated with the timing, duration, and combination of nonpharmaceutical interventions; altered population susceptibility associated with prior pandemic waves; age and sex distribution; and population size and density.
Design and Setting Historical archival research, and statistical and epidemiological analyses. Nonpharmaceutical interventions were grouped into 3 major categories: school closure; cancellation of public gatherings; and isolation and quarantine.
Main Outcome Measures Weekly excess death rate (EDR); time from the activation of nonpharmaceutical interventions to the first peak EDR; the first peak weekly EDR; and cumulative EDR during the entire 24-week study period.
Results There were 115 340 excess pneumonia and influenza deaths (EDR, 500/100 000 population) in the 43 cities during the 24 weeks analyzed. Every city adopted at least 1 of the 3 major categories of nonpharmaceutical interventions. School closure and public gathering bans activated concurrently represented the most common combination implemented in 34 cities (79%); this combination had a median duration of 4 weeks (range, 1-10 weeks) and was significantly associated with reductions in weekly EDR. The cities that implemented nonpharmaceutical interventions earlier had greater delays in reaching peak mortality (Spearman r = –0.74, P < .001), lower peak mortality rates (Spearman r = 0.31, P = .02), and lower total mortality (Spearman r = 0.37, P = .008). There was a statistically significant association between increased duration of nonpharmaceutical interventions and a reduced total mortality burden (Spearman r = –0.39, P = .005).
Conclusions These findings demonstrate a strong association between early, sustained, and layered application of nonpharmaceutical interventions and mitigating the consequences of the 1918-1919 influenza pandemic in the United States. In planning for future severe influenza pandemics, nonpharmaceutical interventions should be considered for inclusion as companion measures to developing effective vaccines and medications for prophylaxis and treatment.
Redução de homicídios não é resolução da criminalidade?
Na Folha de S.Paulo de hoje há mais um artigo daqueles que negam que houve melhora em indicadores de violência, como a taxa de homicídios.
Vejam, parte do texto de Marcos Nobre
Entre 1995 e 2007, em valores aproximados, o número de presos subiu de 68 mil para 320 mil. Nesse mesmo período, o número de encarcerados por 100 mil habitantes saltou de 74 para 183. Isso mostra que a resposta habitual -penas mais severas e mais longas-não conseguiu até agora resolver o problema.
Ele omitiu que ocorreram 12.320 homicídios em 1996 no Estado que foram reduzidos a 8.732 em 2005. Em números relativos (por 100 mil), a queda foi de 35 para 22. Uma queda de 37%.
Gostaria de comentar mais sobre o texto publicado, mas prefiro ficar por aqui, afinal sou um positivista que considero que o combate à criminalidade passa pelo combate ao criminoso. Uma heresia na ciência social brasileira, onde combater a criminalidade implica financiar ONGs que discutem e analisam a violência.
Ao amigo de infância de Dercy Gonçalves: quero ver a foto com 100 velinhas!
O artigo do Diário de S.Paulo (06/08/07) afirma que Dercy Gonçalves (102) está usando o seu prestígio para que o conterrâneo e amigo de infância Manoel Teixeira Bastos (99) seja submetido a cirurgia de fratura de fêmur. Apesar do pitoresco que sempre envolve a veteraníssima atriz, a sua ação é legítima e, em nada a desabona. Ao seu Manoel, o desejo que possa assoprar as cem velas em novembro. E, a Sérgio Cortes -secretário de saúde do Rio de Janeiro e a todos os demais gestores do sistema único de saúde (e, da saúde suplementar) o dilema que sempre cerca esses casos.
Hoje, JAMA publica analise de custo-benefício da detecção de osteoporose e tratamento em homens. O acesso é gratuito, clique aqui.
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
A covardia ao alcance de todos: médico agredido.
Minha solidariedade ao colega Ildemar, o querido Zuzu dos tempos de Faculdade. Para quem não o conhece, Ildemar de tão franzino era o "patrão" da equipe de canoagem. Vejam a situação: um senhor de 82 anos já internado na UTI morre, mas um genro e neto resolvem agredir a um médico que nem tinha relação com o atendimento. Alguém, talvez poderia justificar uma agressão por impulsão, se um filho de 3 anos morresse por não atendimento. Mas, trata-se de mais um caso de prepotência apoiada na impunidade vigente. A Prefeitura de São José dos Campos deve ser responsabilizada, caso contrário não haverá médico que queira trabalhar nas suas unidades. Pergunto se haverá a mesma grita que ocorrida quando da covarde agressão à empregada doméstica no Rio de Janeiro por outros cinco cafajestes?
06/08/2007 - 22h03 "Me sinto humilhado", diz médico agredido no interior de SP da Folha Online
O médico Ildemar Cavalcante Guedes, 55, foi agredido por dois familiares de um paciente que morreu no plantão do Hospital de Clínicas Sul, em São José dos Campos, na madrugada deste sábado (4).
Segundo o médico, o paciente, com 82 anos, sofreu falência múltipla de órgãos e morreu às 0h45. Os parentes foram avisados por um enfermeiro e ficaram revoltados. "O genro do paciente veio para cima de mim e me deu um murro. Foi uma agressão gratuita. Eu nem havia atendido o sogro dele. Ele bateu na primeira pessoa que viu com estetoscópio pendurado no pescoço", contou Guedes à Folha Online.
Neste momento, um neto do paciente saltou sobre o balcão e juntou-se ao pai para espancar o médico. "Levei a pior, porque eram duas pessoas me socando ao mesmo tempo. Depois que outros funcionários apartaram a briga, os parentes fugiram", afirma.
"Me sinto humilhado" Guedes reconhece os motivos que levam às agressões. "As pessoas estão revoltadas com o sistema. É avião caindo, é senador corrupto, é educação ruim, é falta de segurança... Tudo isso faz as pessoas guardarem uma insatisfação crescente. Quando encontram um representante do poder público, vão para cima, mesmo que seja alguém que está na mesma situação dele. Eu não tenho poder de mando, sou só um soldado raso", conta. A compreensão, contudo, não o fez esquecer da violência. "Nada justifica uma agressão gratuita, até porque o paciente havia sido bem atendido", conta o médico, que registrou boletim de ocorrência por agressão no 2º DP e pretende processar os agressores na área cível, por danos morais. "Até agora eu me sinto humilhado, com raiva", desabafa. Trabalhando há 26 anos na prefeitura, Guedes afirma nunca ter passado por agressão semelhante, mas diz que as agressões contra colegas tornaram-se comuns nos hospitais públicos. "Já houve um parente quebrou a mandíbula de um enfermeiro", relembra. De acordo com o médico, o problema piorou nos últimos meses, depois que a prefeitura passou a tirar os guardas civis municipais das unidades de saúde. "A prefeitura está negligenciando a segurança", reclama. No hospital onde foi agredido, segundo o médico, três guardas faziam a segurança, mas hoje há apenas um, que fica a maior parte do tempo no estacionamento, para evitar furtos nos carros.
A secretária de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal, Elizabeth Carlos da Motta, diz que médicos e enfermeiros sofrem com ameaças e agressões cada vez mais comuns. A sindicalista conta que, na semana passada, um médico da UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) Campo dos Alemães foi ameaçado de morte por ter se recusado a passar um atestado de médico para um paciente que queria faltar ao trabalho. "Os médicos estão sem segurança", diz Motta, que também culpa a falta de GCMs nas unidades de saúde pelo problema.
O médico Ildemar Cavalcante Guedes, 55, foi agredido por dois familiares de um paciente que morreu no plantão do Hospital de Clínicas Sul, em São José dos Campos, na madrugada deste sábado (4).
Segundo o médico, o paciente, com 82 anos, sofreu falência múltipla de órgãos e morreu às 0h45. Os parentes foram avisados por um enfermeiro e ficaram revoltados. "O genro do paciente veio para cima de mim e me deu um murro. Foi uma agressão gratuita. Eu nem havia atendido o sogro dele. Ele bateu na primeira pessoa que viu com estetoscópio pendurado no pescoço", contou Guedes à Folha Online.
Neste momento, um neto do paciente saltou sobre o balcão e juntou-se ao pai para espancar o médico. "Levei a pior, porque eram duas pessoas me socando ao mesmo tempo. Depois que outros funcionários apartaram a briga, os parentes fugiram", afirma.
"Me sinto humilhado" Guedes reconhece os motivos que levam às agressões. "As pessoas estão revoltadas com o sistema. É avião caindo, é senador corrupto, é educação ruim, é falta de segurança... Tudo isso faz as pessoas guardarem uma insatisfação crescente. Quando encontram um representante do poder público, vão para cima, mesmo que seja alguém que está na mesma situação dele. Eu não tenho poder de mando, sou só um soldado raso", conta. A compreensão, contudo, não o fez esquecer da violência. "Nada justifica uma agressão gratuita, até porque o paciente havia sido bem atendido", conta o médico, que registrou boletim de ocorrência por agressão no 2º DP e pretende processar os agressores na área cível, por danos morais. "Até agora eu me sinto humilhado, com raiva", desabafa. Trabalhando há 26 anos na prefeitura, Guedes afirma nunca ter passado por agressão semelhante, mas diz que as agressões contra colegas tornaram-se comuns nos hospitais públicos. "Já houve um parente quebrou a mandíbula de um enfermeiro", relembra. De acordo com o médico, o problema piorou nos últimos meses, depois que a prefeitura passou a tirar os guardas civis municipais das unidades de saúde. "A prefeitura está negligenciando a segurança", reclama. No hospital onde foi agredido, segundo o médico, três guardas faziam a segurança, mas hoje há apenas um, que fica a maior parte do tempo no estacionamento, para evitar furtos nos carros.
A secretária de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal, Elizabeth Carlos da Motta, diz que médicos e enfermeiros sofrem com ameaças e agressões cada vez mais comuns. A sindicalista conta que, na semana passada, um médico da UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) Campo dos Alemães foi ameaçado de morte por ter se recusado a passar um atestado de médico para um paciente que queria faltar ao trabalho. "Os médicos estão sem segurança", diz Motta, que também culpa a falta de GCMs nas unidades de saúde pelo problema.
Pesquisa Médica número 3
A revista Pesquisa Médica está no seu terceiro número com uma quantidade de informação grande. A qualidade do texto é muito boa. Não sei exatamente qual o público-alvo, mas a qualidade das matérias indica interesse mais para médicos e profissionais de saúde do que para o público leigo. Uma sugestão seria agregar mais todo o complexo médico-sanitário, incluindo desde aqueles que gravitam na indústria farmacêutica até os militantes sanitaristas.
domingo, 5 de agosto de 2007
O custo da visita do representante farmacêutico
A revista Medical Economics publica texto sobre o custo do médico ao receber em seu consultório representantes farmacêuticos. Isto nos Estados Unidos. Um médico contabilizou um ganho de 6300 dólares a mais no seu orçamento, ao oferecer no tempo que recebia os representantes, mais consultas à sua clientela. Esse médico recebia 15 representantes por semana. Um estudo por empresa de assessoria chegou a valores parecidos.
Algumas secretárias de consultórios médicos brasileiros há décadas já falavam o mesmo.
sexta-feira, 3 de agosto de 2007
A incompetência da metáfora ou a metáfora da incompetência?
Esse livro de Sunsan Sontag, A Doença como Metáfora foi editado no Brasil em 1984. Emprestei para alguém, que não devolveu. Comprei depois a versão original. Caso esse exemplar encontre-se com você, amigo leitor desse blogue, por favor, envie ele diretamente, a Sua Excia. o Presidente da República, Sr Luiz Inácio Lula da Silva. O primeiro mandatário na Folha de S. Paulo " admitiu, 16 dias após o acidente com o Airbus da TAM, que estava mal informado sobre a extensão da crise aérea, iniciada há dez meses com o desastre do Boeing da Gol. Em reunião com ministros e líderes partidários, Lula comparou-se a um paciente que não soubesse a gravidade da doença e descobrisse que está 'com metástase no corpo todo'.
A sinopse do livro de Suzan Sontag pela editora foi o seguinte: utilizando as fantasias forjadas em torno do câncer, e também da tuberculose em tempos passados, Sontag realiza um severo exame da irreal e muitas vezes primitiva utilização da doença em nossa sociedade. O livro revela uma forma de protesto contra todas as formas de mistificação das enfermidades. As reflexões da autora muitas vezes se voltam sua vivência pessoal como portadora de câncer.
quinta-feira, 2 de agosto de 2007
Virando a medicina de ponta cabeça
Se você tiver interesse em em entender como fatores de risco tornaram-se doenças e, como sintomas foram substituídos por números. O livro Prescribing by Numbers
Drugs and the Definition of Disease de Jeremy A Greene é obrigatório. Entenderá também a bizarra decisão do FDA no caso Avandia. Em outras palavras, o medicamento não reduz o risco de doença coronariana, aumenta o de insuficiência cardíaca, mas reduz o valor da glicemia no jejum. Entenderam?
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
JAMA: Direitos Humanos e Violência.
O Journal of the American Medical Association publicou uma edição dedicada a assuntos relacionados a violência e direitos humanos. A página inicial da revista pode ser vista clicando aqui com visualiação dos resumos. Abaixo, a relação de artigos.
Interventions for Depression Symptoms Among Adolescent Survivors of War and Displacement in Northern Uganda: A Randomized Controlled Trial
Child Maltreatment in Enlisted Soldiers' Families During Combat-Related DeploymentsDeborah
HIV Prevalence and Predictors of Infection in Sex-Trafficked Nepalese Girls and Women
Exposure to War Crimes and Implications for Peace Building in Northern Uganda
Association of Trauma and PTSD Symptoms With Openness to Reconciliation and Feelings of Revenge Among Former Ugandan and Congolese Child Soldiers
Improving Batterer Intervention Programs Through Theory-Based Research
Hunger Strikes, Force-feeding, and Physicians' Responsibilities
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