quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A exportação da Doença de Chagas

Transmissão silenciosa, entrevista de Pedro Albajar Viñas à Agência Fapesp
21/02/2008 Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro

Agência FAPESP – Casos de doença de Chagas têm sido registrados na Europa e na América do Norte, o que estimulou a OMS a criar a Rede Global pela Eliminação da Doença de Chagas. Essa criação se deu porque a doença deixou de afetar somente os países pobres? Viñas – Sim, mas podemos dizer que isso é positivo. Quando algo se torna de interesse de um país rico e desenvolvido, as indústrias farmacêuticas começam a se interessar e a investir, o que acaba beneficiando a todos, ricos ou pobres. Como faz parte das Américas, os Estados Unidos têm, em seu território, espécies de barbeiros. A grande questão é que muitos imigrantes das Américas do Sul e Central têm ido morar lá. Quando foram detectados no país sete casos autóctones da doença, de cidadãos norte-americanos, e 117 casos de doadores positivos em bancos de sangue, descobriu-se que o problema não era somente da América Latina. Em Barcelona, onde a população latino-americana, proveniente especialmente do Equador, Colômbia, Brasil e Argentina, representa cerca de 5% do total, foram registrados cem infectados. Se existem lá 324 mil imigrantes e aplicamos uma taxa de prevalência de infecção de 2,5% – vigente nos países de origem desses imigrantes –, teremos cerca de 8,1 mil infectados. Levando em conta que desses 30% a 40% desenvolvem doenças do coração ou do intestino, então são cerca 2,4 mil pessoas doentes só nessa região da Espanha. Se existem 147 mil mulheres latino-americanas vivendo na região e aplicamos a mesma taxa de prevalência da infecção, teremos 3,6 mil infectadas, com risco de transmissão vertical para os filhos. No caso dos Estados Unidos, se aplicarmos a taxa de prevalência de Barcelona e fizermos o mesmo cálculo, veremos que a situação é ainda pior, além de ser um país sem sistema gratuito de saúde. Atualmente, vivem nos Estados Unidos 40 milhões de latino-americanos, o que representa 14% da população total. A Austrália, por sua vez, abriga 65 mil latino-americanos, portanto deve ter mais de 100 infectados. O Canadá tem 130 mil imigrantes, por isso estimamos 1,2 mil infectados. Os resultados são diferentes porque o cálculo é sempre feito tendo em vista a taxa de prevalência da infecção nos países de origem dos imigrantes. Com isso, percebemos que há uma bomba prestes a explodir.

Um comentário:

Vieira disse...

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Vieira