A Schering inundou as estações de metro e o aeroporto de Congonhas com anúncios favoráveis à reposição hormonal masculina. Não contente, Veja dessa semana publicou reportagem dentro da mesma linha. O texto contém erros e citações indevidas e, alguns médicos falando do que não conhecem. Mas, o pior foi citar Brown-Sequard, de fato o introdutor moderno da hormonioterapia, mas não lembrar que provou-se que seu experimento que tanto estupor trouxe a ele, nada mais era do que efeito placebo. Já postei alguns comentários a respeito do tema, um deles citando a Fonte da Juventude que secou. Como 75% dos internautas dizem que aprovam a reposição hormonal fica novamente o registro que o homem deseja-se imortal tal como a lenda de Sísifo.
Aos médicos que recomendam intervenções cujo efeito é desconhecido a longo prazo, a lembrança da responsabilidade ética e legal futura. À Schering, boa sorte nos negócios.
Abaixo, dois post sobre o tema com referência:
Mais um fonte da juventude que secou (18/10/06)
Na segunda-feira (16/10/06), o Diário de S. Paulo foi o único órgão de imprensa a valorizar o Dia da Menopausa. No artigo, um propagandista da indústria farmacêutica alega que ensaios clínicos , como o Women´s Health Iniative eram "polêmicos". Pior, o artigo induz a erro de prescrição da hormonioterapia feminina, que nem a bula do principal remédio utilizado, o Premarin, indica, ao contrário, não recomenda e , adverte contra o uso da estrogênioterapia para prevenir doença cardiovascular. Hoje, quarta-feira o The New England Journal of Medicine divulga um ensaio clínico sobre outra proposta de reposição hormonal: testosterona, hormônio masculino tanto para homens ou mulheres idosos com níveis baixos de deepihidroandrosterona (DHEA) e de testosterona. Não precisamos gastar tempo para contar que após de dois anos de reposição não houve qualquer ganho na qualidade de vida na população testada. Como já citamos aqui, Brown-Sequard foi pioneiro há cem anos na hormonioterapia utilizando extratos de glândula de cães. Há poucos anos, pesquisadores australianos mostraram que a quantidade no experimento de Brown-Sequard era menor do que o fisiológico. O resumo do estudo acima pode ser lido em http://www.nejm.org. Em tempo, o DHEA é vendido nas lojas de vitaminas dos Estados Unidos há décadas.
A reposição hormonal masculina e o efeito placebo: o experimento de Brown-Sequard 100 anos depois.(12/08/06)
Quem entrar em um avião da TAM receberá um jornal de bordo com uma propaganda interessante de um laboratório farmacêutico incentivando o diagnóstico de deficiência hormonal em homens. O propósito da propaganda é óbvio e, dispensa comentários. Interessante é lembrar o início da história da reposição hormonal, que tudo indica começou com homens no final do século XIX com Brown-Sequard. Charles-Edouard Brown-Sequard (1817-1894) foi um médico eminente e professor consagrado que viveu e praticou a medicina e a docência nos Estados Unidos, Reino Unido e França. Uma síndrome que afeta o sistema nervoso (a hemi-secção da medula) recebe o seu nome. Brown-Sequard ficou famoso quando com 72 anos injetou-se com extrato retirado de testículos de animais (cães, cabritos) e, relatou a melhoria do estado geral. Começou então a fase moderna da reposição hormonal que perdurou durante décadas e, foi conhecida como a “organoterapia”. A sua descrição ficou famosa: The day after the first subcutaneous injection, and still more after the two succeeding ones, a radical change took place in me . . . I had regained at least all the strength I possessed a good many years ago . . . My limbs, tested with a dynamometer, for a week before my trial and during the month following the first injection, showed a decided gain of strength . . . I have had a greater improvement with regard to the expulsion of fecal matters than in any other function . . . With regard to the facility of intellectual labour, which had diminished within the last few years, a return to my previous ordinary condition became quite manifest.( Brown-Séquard CE. Note on the effects produced on man by subcutaneous injections of a liquid obtained from the testicles of animals. Lancet 1889; 2: 105-107.) Em 2002, pesquisadores australianos repetiram o experimento de Brown-Sequard e, constataram que a quantidade de testosterona nos extratos injetadas não superou 200 microgramas/dia enquanto que a secreção diária de testosterona é de 6mg/a e, os medicamentos de reposição para aqueles como hipofunção gonadal liberam de 5 a 10 mg/dia. Ou seja, mais uma demostração da força do efeito placebo. O estudo australiano de Andrea J Cussons e colegas pode ser lido na íntegra em http://www.mja.com.au/public/issues/177_11_021202/cus10559_fm.html
Na segunda-feira (16/10/06), o Diário de S. Paulo foi o único órgão de imprensa a valorizar o Dia da Menopausa. No artigo, um propagandista da indústria farmacêutica alega que ensaios clínicos , como o Women´s Health Iniative eram "polêmicos". Pior, o artigo induz a erro de prescrição da hormonioterapia feminina, que nem a bula do principal remédio utilizado, o Premarin, indica, ao contrário, não recomenda e , adverte contra o uso da estrogênioterapia para prevenir doença cardiovascular. Hoje, quarta-feira o The New England Journal of Medicine divulga um ensaio clínico sobre outra proposta de reposição hormonal: testosterona, hormônio masculino tanto para homens ou mulheres idosos com níveis baixos de deepihidroandrosterona (DHEA) e de testosterona. Não precisamos gastar tempo para contar que após de dois anos de reposição não houve qualquer ganho na qualidade de vida na população testada. Como já citamos aqui, Brown-Sequard foi pioneiro há cem anos na hormonioterapia utilizando extratos de glândula de cães. Há poucos anos, pesquisadores australianos mostraram que a quantidade no experimento de Brown-Sequard era menor do que o fisiológico. O resumo do estudo acima pode ser lido em http://www.nejm.org. Em tempo, o DHEA é vendido nas lojas de vitaminas dos Estados Unidos há décadas.
A reposição hormonal masculina e o efeito placebo: o experimento de Brown-Sequard 100 anos depois.(12/08/06)
Quem entrar em um avião da TAM receberá um jornal de bordo com uma propaganda interessante de um laboratório farmacêutico incentivando o diagnóstico de deficiência hormonal em homens. O propósito da propaganda é óbvio e, dispensa comentários. Interessante é lembrar o início da história da reposição hormonal, que tudo indica começou com homens no final do século XIX com Brown-Sequard. Charles-Edouard Brown-Sequard (1817-1894) foi um médico eminente e professor consagrado que viveu e praticou a medicina e a docência nos Estados Unidos, Reino Unido e França. Uma síndrome que afeta o sistema nervoso (a hemi-secção da medula) recebe o seu nome. Brown-Sequard ficou famoso quando com 72 anos injetou-se com extrato retirado de testículos de animais (cães, cabritos) e, relatou a melhoria do estado geral. Começou então a fase moderna da reposição hormonal que perdurou durante décadas e, foi conhecida como a “organoterapia”. A sua descrição ficou famosa: The day after the first subcutaneous injection, and still more after the two succeeding ones, a radical change took place in me . . . I had regained at least all the strength I possessed a good many years ago . . . My limbs, tested with a dynamometer, for a week before my trial and during the month following the first injection, showed a decided gain of strength . . . I have had a greater improvement with regard to the expulsion of fecal matters than in any other function . . . With regard to the facility of intellectual labour, which had diminished within the last few years, a return to my previous ordinary condition became quite manifest.( Brown-Séquard CE. Note on the effects produced on man by subcutaneous injections of a liquid obtained from the testicles of animals. Lancet 1889; 2: 105-107.) Em 2002, pesquisadores australianos repetiram o experimento de Brown-Sequard e, constataram que a quantidade de testosterona nos extratos injetadas não superou 200 microgramas/dia enquanto que a secreção diária de testosterona é de 6mg/a e, os medicamentos de reposição para aqueles como hipofunção gonadal liberam de 5 a 10 mg/dia. Ou seja, mais uma demostração da força do efeito placebo. O estudo australiano de Andrea J Cussons e colegas pode ser lido na íntegra em http://www.mja.com.au/public/issues/177_11_021202/cus10559_fm.html
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