sábado, 10 de maio de 2008

Lobby cervejeiro, dos acidentes, da violência, da cirrose...

Na Folha de S. Paulo, hoje.
Levantamento na Câmara aponta que, dos 513 parlamentares, 87 (16,96%) estão ligados a empresas com interesses contrários à regulamentação da publicidade de cerveja, revela reportagem de Angela Pinho e Maria Clara Cabral publicada neste sábado na Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).
A pesquisa, realizada pela Folha a partir de dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mostra que quase um em cada cinco deputados têm concessões de rádio e televisão e/ou receberam doações de campanha da indústria de bebidas e de comunicação --que em 2006 superou os R$ 2 milhões. Nesta semana, o projeto que restringe a propaganda de bebidas com baixo teor alcoólico, inclusive a cerveja, entre as 6h e as 21h em rádio e televisão, foi retirado da pauta de votações da Câmara, a pedido do governo, após resistência de líderes partidários. Há mais de um mês, representantes da indústria de cerveja e de emissoras de rádio e TV vão ao Congresso quase diariamente para fazer lobby pela derrubada da proposta --bandeira do ministro José Gomes Temporão (Saúde). Outra reportagem publicada na Folha (
íntegra disponível para assinantes) revela que representantes das emissoras de televisão admitem ter feito lobby no Congresso para o adiamento da votação do projeto. Os deputados, por sua vez, negam ter sucumbido a interesses econômicos.

terça-feira, 6 de maio de 2008

A desgraça do pagamento diferenciado para procedimentos médicos

The Wall Street Journal aborda hoje um assunto que é de conhecimento há muito tempo dos médicos brasileiros. Especialidades que realizam procedimentos são desproporcionalmente mais bem remuneradas comparada àquelas onde não há procedimento diagnóstico ou terapêutico.
A reportagem cita redução do número de reumatologistas, pneumologistas, endocrinologistas e neurologistas.

domingo, 4 de maio de 2008

Do excelente "O Filtro", resumindo notícia da Folha de S.Paulo:

Uma epidemia de um vírus intestinal já matou 22 crianças e infectou 4.529 numa província do leste da China. As primeiras 12 vítimas do EV71, que causa a doença de febre aftosa humana – sem relação com a bovina-, morreram entre março e abril, mas o governo chinês só divulgou agora. O vírus causa febre, aftas e bolhas nas mãos e nos pés. Nos casos mais graves, causa paralisia e edema pulmonar. Atinge especialmente crianças com menos de 6 anos. Há 978 crianças internadas, 48 em estado grave. Foram registrados 500 novos casos apenas entre sexta-feira e sábado. A demora na divulgação da epidemia, repete o episódio da gripe aviária, em que o governo chinês foi muito criticado por autoridades de saúde do mundo todo.

A pesquisa Datafolha: crime e violência são diferentes

Resumo do problema apresentando pelo O Filtro:
O Datafolha, para marcar seus 25 anos de existência, repetiu sua primeira pesquisa de opinião pública. Em 1983, o principal medo dos paulistanos era o custo de vida. Hoje, não há nenhuma preocupação de ordem econômica entre os cinco primeiros lugares. O que preocupa é a violência. E, pelos números, não haveria motivo para isso. Em 1983, 12,8 pessoas em cada 100 mil eram assassinadas em São Paulo. No ano passado, foram 11,8. A resposta parece estar no passado mais recente. Esse índice cresceu até 1999, quando se registraram 28,4 homicídios/100 mil. Desde então a taxa de homicídios vem caindo.
Comento: além das sequelas da epidemia de homicídios há outro aspecto importante a ser considerado. Homicídio é parte da violência, mas a sua manifestação mais rara e, restrita a grupos sociais, como homens jovens pobres. Há inúmeros exemplos de sociedades com baixa taxa de homicídio e, altas taxas de roubos, assaltos e violência sexual. Esse fato lembra livro de impacto relativamente grande publicado há onze anos nos Estados Unidos onde os fatos eram muito semelhantes a São Paulo de 2008. O livro de Franklin Zimring e Gordon Hawkins, Crime Is Not The Problem, Lethal Violence in America (Oxford University Press, 1997) merece ser relido e, analisado com os dados brasileiros atuais.
Chamou-me a atenção de fatos interessantes como a comparação entre Nova Iorque e Londres. Apesar das taxas menores de homicídio em Londres em 1990, a capital britânica registrava 66% a mais de roubos e 57% a mais de furtos do que Nova Iorque. Há outra comparação também entre Los Angeles e Sidnei com resultados semelhantes.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Desrespeito ao médico brasileiro: ezitimiba

Duas vezes citei a grande fanfarronice da Big Pharma no estudo Enhance e, na comercialização da Ezitimiba. Hoje, estive no Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, o maior evento da especialidade abaixo do Rio Grande e, tal como vários colegas, fiquei surpreso com a cara de pau dos marqueteiros locais da Big Pharma. Estão divulgando o ezitimiba como se os resultados do Enhance não tivessem sido publicados e divulgados.

Caramba, carambola...

Divulgou-se (veja aqui) que na cidade de Jaú o suco de carambola foi proibido pela Câmara Municipal. Faz sentido considerando o conhecimento adquirido e publicado pela equipe da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto cujo artigo completo pode lido clicando aqui. Destaquei esse fato para mostrar como a cadeia: (1) observação clínica;(2) estudo epidemiológico; (3) proposta de saúde pública. Com o aumento da vida média da população, a função renal média também se reduzirá e, os riscos aumentarão.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Um belo trabalho de "los hermanos": IECS

Abaixo, trabalho original publicado no The New England Journal of Medicine realizado pelos "hermanos porteños". O conteúdo é muito bom, mas o destaque aqui no blogue vai pela trabalho do Instituto de Efectividad Clínica y Sanitaria da Argentina. Infelzmennte, não temos nada ainda definido nessa área no país.
Behavioral Intervention to Improve Obstetrical Care
Fernando Althabe, M.D., Pierre Buekens, M.D., Eduardo Bergel, Ph.D., José M. Belizán, M.D., Marci K. Campbell, Ph.D., Nancy Moss, Ph.D., Tyler Hartwell, Ph.D., Linda L. Wright, M.D., for the Guidelines Trial Group ABSTRACT Background Implementation of evidence-based obstetrical practices remains a significant challenge. Effective strategies to disseminate and implement such practices are needed.
Methods We randomly assigned 19 hospitals in Argentina and Uruguay to receive a multifaceted behavioral intervention (including selection of opinion leaders, interactive workshops, training of manual skills, one-on-one academic detailing visits with hospital birth attendants, reminders, and feedback) to develop and implement guidelines for the use of episiotomy and management of the third stage of labor or to receive no intervention. The primary outcomes were the rates of prophylactic use of oxytocin during the third stage of labor and of episiotomy. The main secondary outcomes were postpartum hemorrhage and birth attendants' readiness to change their behavior with regard to episiotomies and management of the third stage of labor. The outcomes were measured at baseline, at the end of the 18-month intervention, and 12 months after the end of the intervention.
Results The rate of use of prophylactic oxytocin increased from 2.1% at baseline to 83.6% after the end of the intervention at hospitals that received the intervention and from 2.6% to 12.3% at control hospitals (P=0.01 for the difference in changes). The rate of use of episiotomy decreased from 41.1% to 29.9% at hospitals receiving the intervention but remained stable at control hospitals, with preintervention and postintervention values of 43.5% and 44.5%, respectively (P<0.001 for the difference in changes). The intervention was also associated with reductions in the rate of postpartum hemorrhage of 500 ml or more (relative rate reduction, 45%; 95% confidence interval [CI], 9 to 71) and of 1000 ml or more (relative rate reduction, 70%; 95% CI, 16 to 78). Birth attendants' readiness to change also increased in the hospitals receiving the intervention. The effects on the use of episiotomy and prophylactic oxytocin were sustained 12 months after the end of the intervention.
Conclusions A multifaceted behavioral intervention increased the prophylactic use of oxytocin during the third stage of labor and reduced the use of episiotomy. (ClinicalTrials.gov number, NCT00070720
[ClinicalTrials.gov] ; Current Controlled Trials number, ISRCTN82417627 [controlled-trials.com] .