domingo, 29 de março de 2009

War and Medicine

Um livro fascinante da Wellcome Collection publicado pela BlackDog Publishing: War and Medicine. A edição é primorosa.
Traz artigos sobre várias guerras começando na Criméia indo até a Guerra até o Iraque.
Uma síntese da redução da letalidade (proporção de mortes por feridos) das tropas americanas. Variou de 79% na guerra hispano-americana 1898-99 para 11% na guerra do Iraque.

Estadão: leituras de fim de semana.

O Estadão trouxe nesse fim de semana:
1. uma excelente reportagem seguida por entrevista do diretor-presidente da ANVISA sobre o programa de desconto de medicamentos patrocinado pela indústria farmacêutica. Merece destaque;
2. entrevista com o pesquisador Antonio Carlos Camargo, do Instituto Butantan mostrando a dificuldade em transformar a descoberta científica em produto.

Não publico mais comentários anônimos. É constitucional.

Esse blogue é propriedade particular, quem não gostar, não leia, nem divulgue.
Restrijo comentários indevidos e, há um tempo não publico nada anônimo. Liberdade de expressão tal como manifestada na Carta Magna implica identificação.
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO IDOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

sexta-feira, 27 de março de 2009

De novo, a confusão entre internação e incidência de doença

Folha de S.Paulo repercute hoje, mais uma matéria equivocada sobre doença cardiovascular em mulheres. Os dados publicados pelo Hospital Laranjeiras do Rio de Janeiro confunde internações com pessoas internadas. Simplesmente, uma mesma pessoa pode ser internada mais de uma vez pelo mesmo motivo. No caso, pode ser o infarto do miocárdio, depois uma complicação, cirurgia.
Além do viés óbvio que alguns diagnósticos são anotados em preferência a outros pelo fato que a remuneração é maior. Em suma, esquecer.
JULLIANE SILVEIRADA REPORTAGEM LOCAL O número de internações de mulheres por infarto agudo do miocárdio subiu 46% (de 15.672 para 22.910) entre 1997 e 2007, segundo levantamento realizado pelo INC (Instituto Nacional de Cardiologia) nos hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde em todo o país. Os dados foram retirados do Datasus (banco de dados do Ministério da Saúde).De acordo com o trabalho, o tempo de internação é de sete dias, em média, e a taxa de mortalidade em decorrência do ataque cardíaco chega a 16,8%.Segundo dados do Ministério da Saúde, o infarto é a segunda causa de morte entre as brasileiras -a primeira é o AVC (acidente vascular cerebral). (Assinante da Folha, clique aqui)

terça-feira, 24 de março de 2009

Churrasco: nada a declarar

Ontem, nos Archives of Internal Medicine e, não no JAMA foi publicado artigo original mostrando associação entre ingestão de carne vermelha e mortalidade. A associação de um determinado alimento com risco de doença cardiovascular ou câncer necessita ser vista com muito, mas muito cuidado.
Afoitos já tentam desvendar as causas possíveis com ilações sem sentido, para quem não conhece a metodologia complexa de um questionário de frequência alimentar. O Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA) está aplicando essa metodologia em 15 mil pessoas e, poderemos saber o impacto na população brasileira. Não basta considerar somente o consumo de carne, mas o tipo de carne consumida e, como é preparada. Por isso, mais cautela na leitura rápida de artigos de epidemiologia.
Abaixo, matéria da Folha de S.Paulo sobre o tema.

Reduzir carne vermelha diminui mortalidade
Pesquisa publicada no "Jama" acompanhou 500 mil pessoas durante dez anosPara pesquisadores, 11% das mortes em homens e 16% em mulheres poderiam ter sido adiadas com a redução de carne vermelha JULLIANE SILVEIRACLÁUDIA COLLUCCIDA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo divulgado hoje no "Jama" (revista da Associação Médica Americana) aponta relação entre o consumo de carne vermelha e carnes processadas e maior número de mortes por câncer e problemas cardiovasculares. A pesquisa, uma das maiores já realizadas, analisou dados de 500 mil norte-americanos de 50 a 71 anos de idade.Em dez anos de acompanhamento, morreram 47.976 homens e 23.276 mulheres. Para os pesquisadores, 11% das mortes em homens e 16% das mortes em mulheres poderiam ser adiadas se houvesse redução do consumo de carne vermelha para 9 g do produto a cada 1.000 calorias ingeridas -o grupo que mais ingeriu carne vermelha (68 g a cada 1.000 calorias) foi o que apresentou maior incidência de morte.No caso das doenças cardiovasculares, a diminuição dos riscos chegaria a 21% nas mulheres se houvesse redução. "A carne processada tem mais sal e gordura saturada, o que aumenta chances de doenças cardiovasculares", diz Daniel Magnoni, nutrólogo e cardiologista do Hospital do Coração.Para o cardiologista Marcos Knobel, coordenador da unidade coronária do hospital Albert Einstein, além da gordura da carne, o problema é o preparo e os outros alimentos que são somados à refeição. "Se a pessoa come um bife à milanesa ou um bife com ovo frito, já estourou de longe a cota de colesterol."Além disso, ele alerta para os condimentos. "O sal aumenta o risco de hipertensão arterial sistêmica. Se a carne for processada, é pior porque, além do sódio, geralmente tem óleos para a conservação

segunda-feira, 23 de março de 2009

Um comentário sobre o artigo de Ferreira Gullar

1. Ferreira Gullar não acusa o SUS de nada, somente constata má fama. Correto.
2. Descreve paciente com dor há 3 horas sem atendimento. O problema não é do plano, mas do hospital.
3. Toca no ponto mais importante: os idosos. O custo da assistência médica aumenta exponencialmente depois dos 65-70 anos. Esse é um problema que vale para o SUS e os planos de saúde privados e, encontra-se na pauta de todos os países com sistemas organizados e, desorgnizados como os Estados Unidos.
4. Que parte dos planos de saúde são verdadeiras "pirâmides", poucos duvidam. Mas, há possibilidade dos planos serem de fato suplementares ao SUS. Para isso a legislação deveria permitir planos baratos com atendimento ao nível primário e secundário, sem obrigar aos atendimentos dispendiosos em nível terciário como câncer, transplantes e cirurgia cardíaca. Com isso, muitos pacientes sairiam das portas dos pronto-socorros públicos e, o SUS poderia organizar melhor a atenção especializada concentrando-a em poucos e bons hospitais com qualidade melhor e custo menor.

domingo, 22 de março de 2009

Ferreira Gullar e os Planos de Saúde

Na Folha de S.Paulo, um desabafo de Ferreira Gullar sobre os planos de saúde. A íntegra pode ser lida aqui por assinante do jornal. Transcrevo parte abaixo, a qual intenciono discutir nos próximos posts.
Os planos de saúde estão se tornando um problema grave para quem deles depende. A má fama do SUS -que obriga os pacientes a filas intermináveis e esperas frustrantes- faz com que as pessoas todas, com algum recurso, procurem os planos de saúde. Como os planos melhores são caros, surgem planos baratos que são verdadeiras arapucas: você paga a mensalidade, mas, quando procura o médico, descobre que ele já não atende porque o plano não o pagou.Só que os problemas não ficam nisso, pois mesmo os planos mais caros têm se mostrado incapazes de atender seus clientes. É que esses planos aceitam mais clientes do que têm capacidade de atender. Entre os numerosos casos de que tenho conhecimento, o mais recente é o de uma amiga que sofreu fratura no pé, foi para uma casa de saúde e lá ficou durante três horas num corredor, gemendo de dor, sem que fosse atendida. A explicação da funcionária do hospital foi que o traumatologista estava atendendo a outro paciente. Já imaginou se mais alguém torce o pé naquele dia?A situação pior é a dos idosos. Como adoecem com frequência, têm que pagar mensalidades altíssimas. Sei do caso de um senhor que, em pouco mais de um ano, teve sua mensalidade aumentada de R$ 1.200 para R$ 1.800. Queixou-se ao corretor, que lhe disse: "Eles estão aumentando exageradamente a mensalidade dos idosos para expulsá-los do plano". Tem lógica: clientes que adoecem com frequência dão pouco lucro ou, pior, dão prejuízo, e os planos de saúde estão aí para obter lucros. O objetivo principal é ganhar dinheiro, claro. O cliente ideal é o que não adoece. O nome do troço é "plano de saúde", não "plano de doença". O capital governa o capitalista e o resto

sábado, 21 de março de 2009

Índice de massa corpórea e mortalidade

O índice de massa corpórea (IMC) que é calculado dividindo o peso em kilogramas pelo quadrado da altura em metros continua a ser o melhor preditor de mortalidade dentre os indicadores de adiposidade. Abaixo, resumo de artigo publicado no The Lancet com 56 estudos em conjunto e 900 mil participantes.
Body-mass index and cause-specific mortality in 900 000 adults: collaborative analyses of 57 prospective studies
Prospective Studies Collaboration
Background
The main associations of body-mass index (BMI) with overall and cause-specific mortality can best be assessed by long-term prospective follow-up of large numbers of people. The Prospective Studies Collaboration aimed to investigate these associations by sharing data from many studies.
Methods
Collaborative analyses were undertaken of baseline BMI versus mortality in 57 prospective studies with 894 576 participants, mostly in western Europe and North America (61% [n=541 452] male, mean recruitment age 46 [SD 11] years, median recruitment year 1979 [IQR 1975—85], mean BMI 25 [SD 4] kg/m2). The analyses were adjusted for age, sex, smoking status, and study. To limit reverse causality, the first 5 years of follow-up were excluded, leaving 66 552 deaths of known cause during a mean of 8 (SD 6) further years of follow-up (mean age at death 67 [SD 10] years): 30 416 vascular; 2070 diabetic, renal or hepatic; 22 592 neoplastic; 3770 respiratory; 7704 other.
Findings
In both sexes, mortality was lowest at about 22·5—25 kg/m2. Above this range, positive associations were recorded for several specific causes and inverse associations for none, the absolute excess risks for higher BMI and smoking were roughly additive, and each 5 kg/m2 higher BMI was on average associated with about 30% higher overall mortality (hazard ratio per 5 kg/m2 [HR] 1·29 [95% CI 1·27—1·32]): 40% for vascular mortality (HR 1·41 [1·37—1·45]); 60—120% for diabetic, renal, and hepatic mortality (HRs 2·16 [1·89—2·46], 1·59 [1·27—1·99], and 1·82 [1·59—2·09], respectively); 10% for neoplastic mortality (HR 1·10 [1·06—1·15]); and 20% for respiratory and for all other mortality (HRs 1·20 [1·07—1·34] and 1·20 [1·16—1·25], respectively). Below the range 22·5—25 kg/m2, BMI was associated inversely with overall mortality, mainly because of strong inverse associations with respiratory disease and lung cancer. These inverse associations were much stronger for smokers than for non-smokers, despite cigarette consumption per smoker varying little with BMI.
Interpretation
Although other anthropometric measures (eg, waist circumference, waist-to-hip ratio) could well add extra information to BMI, and BMI to them, BMI is in itself a strong predictor of overall mortality both above and below the apparent optimum of about 22·5—25 kg/m2. The progressive excess mortality above this range is due mainly to vascular disease and is probably largely causal. At 30—35 kg/m2, median survival is reduced by 2—4 years; at 40—45 kg/m2, it is reduced by 8—10 years (which is comparable with the effects of smoking). The definite excess mortality below 22·5 kg/m2 is due mainly to smoking-related diseases, and is not fully explained.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Homicídios em queda no Rio

Finalmente, a Secretaria de Estado do Rio de Janeiro assumiu que os homicídios estão com taxas declinantes na cidade.
Esse blogue identificou há quase dois anos essa tendência.

Prevenção do Câncer de Próstata: muitas novidades e a discussão continua.

Imperdível, dois artigos publicados no The New England Journal of Medicine sobre rastreamento para câncer de próstata. Trata-se de dois ensaios clínicos, um americano e outro europeu com delineamento de ensaio clínicos. Os resultados são aparentemriente contraditórios.
O acesso é gratuito em http://www.nejm.org.

De volta da clínica de desintoxicação da blogosfera

Meia quaresma completa, estou saindo da clínica de desintoxicação da blogosfera. Aparentemente, recuperado.